Padre indígena defensor dos Direitos Humanos é assassinado no México
Marcelo Pérez foi morto a tiros neste domingo, 20, na cidade de San Cristóbal de las Casas
Agência de notícias
Publicado em 20 de outubro de 2024 às 19h14.
O padre e renomado defensor dos direitos humanos Marcelo Pérez foi morto a tiros neste domingo, 20, na cidade de San Cristóbal de las Casas, no estado mexicano de Chiapas (sudeste), informaram as autoridades locais.
Os governos estadual e federal, a Igreja Católica e organizações de direitos humanos se manifestaram para condenar o assassinato do religioso, que havia recebido ameaças por seu ativismo.
Depois de celebrar a missa e a caminho de sua paróquia, “dois homens em uma motocicleta atiraram em seu veículo”, dentro do qual “o corpo sem vida do padre” foi deixado, disse a promotoria local em um comunicado.
"Este ato de violência (...) não apenas priva a comunidade de um pastor dedicado, mas também silencia uma voz profética que incansavelmente lutou pela paz com verdade e justiça na região de Chiapas", declarou a Conferência do Episcopado Mexicano, uma das maiores autoridades católicas do país.
A secretária de Governo, Rosa Icela Rodríguez, condenou o crime na rede social X. "Nossa solidariedade com a comunidade católica e o compromisso do governo (federal) de que não haverá impunidade", escreveu.
O bispo da diocese de San Cristóbal de las Casas, Rodrigo Aguilar Martínez, lamentou em uma mensagem o assassinato de Pérez, de origem indígena e nascido na cidade de San Andrés Larráinzar, em Chiapas.
O prelado disse que a Igreja continuará a buscar “paz com verdade e justiça” e anunciou que o funeral do padre será realizado em sua paróquia.
Contra a violência
Nas diversas paróquias onde foi designado, Pérez coordenou mobilizações da comunidade, incluindo marchas contra a venda de drogas em bares e cantinas.
"Já não se aguenta mais" a violência, afirmou em 13 de setembro, durante uma peregrinação pela paz realizada em Tuxtla Gutiérrez, capital de Chiapas.
Em 2021, ele apoiou o levante armado do grupo Autodefensas del Pueblo El Machete, no município de Pantelhó, onde atuou como mediador entre o governo e o grupo armado.
No entanto, em julho de 2021, foi acusado de estar supostamente envolvido no sequestro de 21 homens nessa comunidade, o que o padre negou.
Em 2022, diante de rumores não confirmados de que seria preso, diversas organizações internacionais de direitos humanos, como a Anistia Internacional e a ACAT-France, denunciaram uma tentativa de "criminalização" do sacerdote.
Em meio à violência que aflige o México, vários religiosos têm sido vitimados. Segundo a mídia mexicana,pelo menos nove foram mortos nos últimos cinco anos.