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Otan preocupada com militarização da Crimeia pela Rússia

Comandante-em-chefe da Otan denunciou envio de mísseis à Crimeia, península ucraniana anexada em março pela Rússia

Russos ortodoxos abençoam caça a ser enviado à Crimeia (YURI LASHOV/AFP)
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Da Redação

Publicado em 26 de novembro de 2014 às 13h27.

Kiev - O comandante-em-chefe da Otan , o general americano Philip Breedlove, denunciou nesta quarta-feira em Kiev o envio de mísseis russos à Crimeia , a península ucraniana anexada em março pela Rússia , considerando que se trata de uma ameaça aos países vizinhos.

A visita do general Breedlove ocorre no momento em que as autoridades pró-ocidentais de Kiev tentam relançar o projeto de adesão à Otan, após a perda humilhante da Crimeia e a divisão da região mineradora de Donbass, no leste da Ucrânia, controlada em parte por rebeldes pró-russos que combatem o Exército ucraniano.

"Estamos muito preocupados com a militarização por parte de Moscou da península da Crimeia", declarou o general durante uma coletiva de imprensa em Kiev.

"Os equipamentos militares russos instalados na Crimeia como os mísseis de cruzeiro e os mísseis antiaéreos são capazes de ter a seu alcance todo o Mar Negro", afirmou Breedlove.

Nas últimas semanas, a Rússia tem reforçado sua presença militar na Crimeia. Desta forma, o Kremlin decidiu reabrir uma base de alerta antimíssil e de investir mais de 1,75 bilhões de euros até 2020 para o desenvolvimento de sua frota no Mar Vermelho.

E durante a visita do comandante da Otan, a Rússia anunciou o envio de 14 caças para a Crimeia, dez caças Su-27 e quatro Su-30 M2, segundo a agência de notícias russa TASS.

Adesão difícil

Depois de se reunir com o presidente ucraniano Petro Poroshenko e o primeiro-ministro Arseniy Yatsenyuk, que fizeram da adesão de Kiev à Otan uma prioridade, o general Breedlove foi vago sobre esta perspectiva, dizendo que tais decisões devem ser tomadas por políticos.

Poroshenko prometeu na segunda-feira a realização de um referendo sobre esta questão, sem indicar quando os critérios necessários serão "preenchidos".

Mas até mesmo os aliados mais fieis a Kiev permanecem céticos sobre a perspectiva da adesão da Ucrânia à Aliança Atlântica.

A chefe do Departamento de Estado americano para Assuntos Europeus, Victoria Nuland, declarou nesta quarta-feira em uma entrevista ao site de notícias Meduza que seria "muito difícil" para a Ucrânia aderir à Otan.

Na semana passada, o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, declarou ao jornal Spiegel que via uma "parceria entre a Ucrânia e a Otan, mas não uma adesão".

O general Breedlove acusou repetidamente a Rússia de enviar aos rebeldes pró-russos tropas e equipamentos, o que Moscou nega categoricamente.

Sua visita ocorre no momento em que as autoridades ucranianas se preparam para abandonar o status de não-alinhados desta ex-república soviética, com vista a uma futura adesão à Aliança Atlântica.

Essa perspectiva tensiona Moscou que quer manter a Ucrânia em sua órbita e nega qualquer envolvimento no conflito no leste que já custou mais de 4.300 vidas desde o lançamento da "operação anti-terrorista" ucraniana em meados de abril.

Por sua vez, Kiev evocou nesta quarta a entrada em seu território de dezenas de caminhões transportando homens e artilharia na fronteira com a Rússia.

O porta-voz militar ucraniano, Andrii Lysenko, falou de movimentos registrados na véspera de duas colunas de equipamento militar da Rússia na direção de Lugansk, via o posto fronteiriço de Izvariné, sob o controle dos separatistas pró-russas.

"Trata-se de cerca de 40 caminhões, acompanhados por dois veículos blindados e um carro. Sete veículos transportam pessoal e mais de 20 outros artilharia", disse ele.

Solicitadas por Kiev, as autoridades dos Estados Unidos se recusam a fornecer armas letais, mas preveem o posicionamento de cerca de 150 tanques e veículos blindados em vários países membros da Otan, incluindo alguns no leste europeu, muito preocupado com sua segurança.

São Paulo – Depois de um polêmico referendo, a região da Crimeia é, para todos os efeitos, parte da Rússia . Assim, saem as leis ucranianas e entram as leis russas. Não são apenas bandeiras e simbolismos que irão mudar na vida das 2,5 milhões de pessoas que ali vivem. Algumas leis mudarão pequenas coisas. Outras, trarão para a Crimeia grandes mudanças – a mentalidade radical e conservadora na Rússia de Vladimir Putin . Conheça a seguir 11 dessas leis:
  • 2. 1. A lei contra a "propaganda gay" passará a valer

    2 /13(REUTERS/Neil Hall)

  • Veja também

    O povo da Crimeia se submeterá a uma recente - e polêmica - lei russa, que proíbe a "propaganda gay". Um casal gay se beijando em público se encaixaria na lista de práticas ilegais, por exemplo. A Ucrânia já tinha uma lei similar, mas ainda estava em análise no Parlamento.
  • 3. 2. Novo fuso horário

    3 /13(Artur Bainozarov/Reuters)

  • A Crimeia passará a adotar os fusos horários de Moscou.  Assim, colocará a Crimeia duas horas na frente da Ucrânia em boa parte do ano; e três horas na frente em alguns meses do ano.
  • 4. 3. Visto será obrigatório para estrangeiros

    4 /13(Vasily Fedosenko/Reuters)

    Nos últimos anos, a Ucrânia não pedia vistos de turistas internacionais da maioria das nações desenvolvidas. Isso deu um impulso para a economia local. Já a Rússia faz questão de exigir o visto e os obriga a passar por um burocrático e longo processo de requerimento. A nova política linha-dura deve afastar muitos turistas europeus da região.
  • 5. 4. Sem bebida depois das 23h

    5 /13(David Mdzinarishvili/AFP)

    Desde 2013, os russos não podem comprar bebidas alcoolicas nas lojas depois das 23h, em uma tentativa de diminuir os casos de alcoolismo e abuso de bebida. Na Ucrânia, não havia restrições do tipo.
  • 6. 5. Exames universitários? Só se falar russo

    6 /13(Andrey Smirnov/AFP)

    Na Ucrânia, onde várias línguas são faladas - ucraniano, língua tártara, russo - os exames para entrar nas universidades permitem diferentes expressões. Na Rússia, onde também há diversas línguas, as universidades aceitam apenas o russo. É o que deve acontecer na Crimeia (onde se fala russo, principalmente, mas também ucraniano e língua tártara)
  • 7. 6. O serviço militar será obrigatório

    7 /13(Baz Ratner/Reuters)

    Desde 2013, a Ucrânia não exigia mais o serviço militar de seus cidadãos. Na Rússia, ele continua obrigatório. Para os jovens da Crimeia que não esperavam servir, o futuro agora é certo: alistamento. E para defender a Rússia, não a Ucrânia.
  • 8. 7. Para comprar um chip de celular, mostre o passaporte

    8 /13(Photobucket / meme_168)

    Para comprar um simples chip SIM de celular na Rússia, exige-se o passaporte. Assim será na nova Crimeia. Antes de cair, o presidente ucraniano Viktor Yanukovych tentou criar a mesma lei no país - uma maneira de controlar e vigiar mais facilmente a população e os manifestante.
  • 9. 8. Problemas para combater a Aids

    9 /13(Marcelo Camargo/ABr)

    Desde o fim da União Soviética, russos e ucranianos viveram um rápido crescimento de casos de Aids - principalmente, por conta do uso de drogas injetáveis. Na Ucrânia, medidas do governo ajudaram a controlar a epidemia. Na Rússia, os esforços contra a doença nunca foram tão intensos. O combate à doença na Crimeia pode piorar se as medidas e campanhas de saúde russas passarem a vigorar.
  • 10. 9. Nova moeda

    10 /13(REUTERS/Vasily Fedosenko)

    A Crimeia usava a moeda ucraniana, o hryvnia. Agora, usará o rublo, a moeda russa. Líderes da Crimeia estão planejando um período de transição, com as duas moedas sendo aceitas.
  • 11. 10. ONGs locais perderão força

    11 /13(AFP/Getty Images)

    Em 2012, a Rússia fechou a torneira de fundos das ONGs locais. Putin aprovou uma lei que submetia as organizações a um rigoroso processo de investigação para liberar verbas. Na realidade, era uma maneira de descobrir o que Putin chamada de "agentes estrangeiros" - espiões. O ex-presidente ucraniano Yanukovych tentou criar lei semelhante, sem sucesso. Agora, as ONGs da Crimeia passarão pelo pente fino russo.
  • 12. 11. A internet será censurada

    12 /13(Getty Images)

    Na Rússia, há uma lista de sites proibidos desde 2012. Sites que não podem ser acessados de dentro do país. Segundo o governo, estão bloqueados sites de pornografia infantil, drogas e suicídio. Na realidade, a medida serve para bloquear sites de oposição ao governo. Agora o povo da Crimeia também não poderá acessar determinados sites.
  • 13. Agora veja quem poderia entrar em uma briga com a Rússia

    13 /13(REUTERS/Baz Ratner)

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