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Otan inicia transferência de poderes no Afeganistão

Bamiyan é a primeira região do país a registrar o início do processo de "transição" que deve terminar no final de 2014.

Tropas da OTAN dão início ao processo de tranferência de poder no Afeganistão (Aref Karimi/AFP)

Tropas da OTAN dão início ao processo de tranferência de poder no Afeganistão (Aref Karimi/AFP)

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Da Redação

Publicado em 17 de julho de 2011 às 12h32.

Cabul - A Otan transferiu neste domingo poderes para as autoridades locais da província de Bamiyan (centro do Afeganistão), anunciou um porta-voz do Ministério afegão do Interior, tornando-se a primeira região a registrar o início do processo de "transição" que deve terminar no final de 2014.

"Uma cerimônia foi realizada hoje (domingo) no quartel-general da Polícia para marcar a transferência oficial das responsabilidades das forças estrangeiras para as forças afegãs", declarou à AFP Sidiq Sidiqi, porta-voz do Ministério do Interior.

O processo de transição, cujo início está previsto para este mês em três províncias (entre elas Bamiyan) e quatro cidades, estipula a transferência progressiva dos poderes da Otan para as autoridades afegãs até o final de 2014, paralelamente à retirada das tropas de combate da Aliança Atlântica.

A cerimônia de domingo marca o início do processo, que durará entre 12 e 24 meses em cada uma das áreas envolvidas, segundo uma fonte da Otan.

As forças de segurança afegãs -Exército e Polícia - estarão na linha de frente e as forças da Otan - neozelandesas nesta província - devem ser mantidas como apoio.

Bamiyan, conhecida por seus antigos Budas gigantes, destruídos com explosivos pelos talibãs quando estes governavam o Afeganistão (1996-2001), é uma das regiões mais tranquilas do país e, por isso, o processo iniciado neste domingo deve ter poucas consequências visíveis.


Nesta região montanhosa, povoada pela minoria xiita hazara, vítima de abusos e massacres cometidos pelos "estudantes de religião" quando estavam no poder, seus habitantes são inimigos jurados dos talibãs e as tropas estrangeiras não são muito numerosas.

O processo de transição deve ser iniciado oficialmente nos próximos dias nas províncias de Cabul (à exceção do distrito de Surobi) e de Panchir (nordeste) e nas capitais provinciais Mazar-i-Sharif (província de Balj, norte), Herat (Herat, oeste), Lashkar Gah (Helmand, sudoeste), Mehtarlam (Laghman, leste).

A Otan conta com cerca de 130.000 soldados mobilizados no Afeganistão, dos quais dois terços são americanos.

Em meados de junho, Washington anunciou a sua intenção de retirar um terço de seu contingente até setembro de 2012. Esse efetivo representa todos os reforços americanos enviados no final de 2009 ao Afeganistão para impedir o avanço dos insurgentes talibãs.

Outros países que participam com tropas da força da Otan no Afeganistão anunciaram a retirada gradual de suas tropas até 2014.

O processo preocupa a população e alguns especialistas, que duvidam da capacidade das forças afegãs em assumir o controle no país frente ao enfraquecimento do governo do presidente Hamid Karzai, mergulhado em um mar de corrupção.

Segundo um relatório do Pentágono apresentado em abril ao Congresso americano, 80% das unidades do Exército afegão são operacionais se estiverem acompanhadas de forças internacionais. No momento, não há nenhuma capaz de operar sozinha.

O representante especial da ONU no Afeganistão, Staffan de Mistura, considerou em julho que a situação melhorava no país, o que segundo ele é um sinal positivo, levando-se em consideração o início da transição.

No entanto, esta visão otimista não é compartilhada por vários observadores que lembram que a insurreição dos talibãs ganhou terreno nos últimos anos, a ponto de atualmente estar presente em quase todo o país, e não só em seus bastiões tradicionais do sul e do leste.

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