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Os táxis verdes estão invadindo as cidades

Londres, Lima, São Francisco e México contam suas experiências com programas de frota ecológica durante evento em SP

Táxi híbrido em São Francisco, na Califórnia. (Getty Image)

Táxi híbrido em São Francisco, na Califórnia. (Getty Image)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 2 de junho de 2011 às 21h40.

São Paulo – Táxis desempenham um papel fundamental no transporte público das cidades. Mas como qualquer veículo comum, movido a combustível fóssil, contribui para a poluição do ar e para emissão de gases efeito estufa. Cientes deste efeito negativo, um número cada vez maior de cidades têm incluído as frotas de táxis em seus programas de combate ao aquecimento global.

Durante encontro do C40, que se encerra hoje, representantes de Londres, Lima, São Francisco e México contaram um pouco de suas experiências com táxis verdes. Além de falar sobre regulamentos e incentivos, eles apontaram os benefícios e obstáculos dessa iniciativa.

Londres, sede dos Jogos Olímpicos de 2012, pretende substituir os icônicos Black cabs por modelos similares por fora, mas muito mais ecológicos sob o capô. Enquanto os atuais são movidos a diesel, fonte significativa de poluição, os novos têm emissão zero de gases nocivos à atmosfera, liberando apenas água pelo escapamento.

São Francisco, na Califórnia, lançou em 2007 um programa de incentivo para que as companhias de táxis adquirissem carros menos poluentes ou com tecnologia limpa. Na época, eram disponibilizados até dois mil dólares por proprietário de táxi. Entre outras medidas que ajudaram na renovação da frota, a principal foi adotada pelo Aeroporto Internacional da cidade que dava privilégios aos táxis verdes de passaram na frente da fila de carros para pegar passageiro. Então quem não tinha veículo “limpo” era obrigado a enfrentar fila.

Atualmente, 78% da frota de São Francisco (de 1,5 mil carros) é composta por táxis híbridos ou movidos a células combustíveis a gás natural comprimido (GNC). E não é só o meio ambiente que se deu bem aí. “Com carros verdes, os taxistas reduziram em 50% os gastos com combustível diariamente”, conta Johanna Partin, diretora do Programa de Iniciativas pelo Clima de São Francisco. A cidade também pretende lançar até o ano que vem um sistema inovador de táxis elétricos com estações de troca de baterias. Serão 61 táxis e 4 estações para troca das baterias.


No Peru, a frota da capital Lima, de 200 mil carros, é quase toda movida a gás natural. A conversão do motor a gasolina para o novo sistema conta com o financiamento da prefeitura. Os benefícios são logo sentidos no bolso, já que o preço do litro do gás é quase um terço do valor da gasolina. “Houve uma melhora significativa na qualidade de vida dos taxistas”, diz Tania Zamora, engenheira da prefeitura, que coordena o projeto.

“Antes, eles tinham que trabalhar mais para compensar os gastos com gasolina”, explica. Ciente de que o gás natural também emite GEE por sua natureza fóssil, Tania afirmou que o atual programa de frota ecológica é passageiro e que novas tecnologias mais limpas podem ser adotadas no futuro em Lima.

Os pontos negativos relacionados à expansão das frotas verdes foram apresentados pelo conselheiro da Secretaria de Meio Ambiente do México, Fernando Menendez-Garza. Segundo ele, o custo de aquisição de carros com tecnologias limpas (quase o dobro de um comum), além de um volume limitado de modelos disponíveis no mercado são fatores restritivos à expansão desta iniciativa. No México, o governo federal não oferece nenhum tipo de incentivo.

Para ilustrar as dificuldades, Fernando citou o acordo que a cidade fechou com a fabricante Nissan, em 2010, para aquisição de 500 modelos do elétrico Leaf e para a instalação das estações de recarga. “Os primeiros 50 carros chegam em dezembro deste ano, e mais 50 só chegam a partir de 2012”, disse. “Não dá pra esperar que apenas 100 carros façam diferença em uma frota com mais um milhão de táxis”, ponderou.

“De fato, os obstáculos para avançar na questão ambiental são muitos”, concordou o diretor de Meio Ambiente londrino Kulveer Ranger. “Mas é preciso começar de algum lugar”, concluiu.

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