Mario Monti é um dos possíveis candidatos para suceder Berlusconi (Gerard Cerles/AFP)
Da Redação
Publicado em 9 de novembro de 2011 às 13h18.
Roma - Quatro nomes estão sendo citados para suceder ao chefe do governo italiano Silvio Berlusconi, que deve deixar o cargo no final do mês.
O presidente da República Giorgio Napolitano, encarregado de designar o novo candidato, parece privilegiar a formação de um governo de união nacional (dirigido por Mario Monti ou Giuliano Amato), ampliando, assim, para o centro, a coalizão de centro-direita no poder (com Gianni Letta).
Se não houver maioria, ele poderá dissolver a Assembleia e convocar novas eleições - um cenário preferido por Berlusconi que deseja apresentar o nome de Angelino Alfano.
Mario Monti
Este homem de 68 anos talhou uma reputação de competência e independência nas funções de comissário europeu que exerceu durante dez anos (1994-2004), após ter dirigido a prestigiosa Universidade Bocconi de Milão.
Diplomado em 1965, deu prosseguimento aos estudos nos Estados Unidos, na Universidade de Yale.
Em 1994, o presidente da Comissão Europeia, Jacques Santer, confiou a ele o Mercado Interior, após ter sido apresentado pelo primeiro governo de Silvio Berlusconi.
Em 1999, o governo de esquerda de Massimo D'Alema confirmou-o na Comissão, onde recebeu do então presidente, o compatriota Romano Prodi, a muito cobiçada pasta da Concorrência, reforçando sua imagem de um político suprapartidário.
No cargo, aperfeiçoou a imagem de comissário "impermeável às pressões". Mas o segundo governo Berlusconi não o indicou para um terceiro mandato.
Editorialista do Corriere della Sera, jornal de referência na Itália, é autor de publicações sobre economia monetária e finanças.
Giuliano Amato
Duas vezes presidente do Conselho (1992-1993 e 2000-2001), este homem afável de 73 anos foi apelidado de "Dottor Sottile" ("Doutor Sutil") pela imprensa transalpina por sua habilidade em conseguir consensos e o savoir-faire político.
Diplomado em direito pela Universidade de Pisa (Toscana, centro), também possui título da Universidade Columbia de Nova York. Especialista em direito constitucional, lançou-se na política nos anos 80.
Foi também um aliado de Bettino Craxi, ex-presidente do Conselho Socialista.
De 1994 a 1997, presidiu a Autoridade independente para a concorrência e o mercado. Também foi vice-presidente da Comissão Europeia de 2002 a junho de 2003.
Embora membro do Partido Democrata (esquerda), o principal partido da oposição, é politicamente respeitado e dirigiu, recentemente, o comitê de organização das celebrações do 150º aniversário da Unidade da Itália.
Gianni Letta
Gianni Letta, atual secretário de Estado da presidência do Conselho, é considerado a eminência parda de Silvio Berlusconi, o único tratado de igual para igual e a quem 'Il Cavaliere' confiou as missões mais delicadas.
Os dois homens que têm praticamente a mesma idade, 75 anos de Berlusconi, 76 de Letta, se conhecem há mais de 25 anos, desde que Gianni Letta, então diretor do jornal Il Tempo, juntou-se ao holding Fininvest de Silvio Berlusconi, proprietário do grupo de televisões Mediaset.
Além de suas ligações políticas e com os meios empresariais - Letta é conselheiro do banco americano Goldman Sachs desde junho de 2007 - o "embaixador plenipotenciário" de Berlusconi também tem vínculos no Vaticano. O Papa Bento XVI o nomeou gentil-homem, em 2008.
Antes, em 2008, já havia sido secretário da presidência do Conselho nos governos precedentes de Berlusconi (1994, 2001-2006), onde também tinha responsabilidade sobre o serviço secreto.
Impulsionado por Berlusconi, este homem discreto, com aparência impecável, foi candidato à presidência da República em maio de 2006, mas foi derrotado pelo ex-comunista Giorgio Napolitano.
Angelino Alfano
Fiel a Berlusconi, este jurista de 41 anos fez uma carreira rápida: primeiro, como ministro da Justiça e, a partir de junho, presidente do Povo da Liberdade (PDL), o partido fundado por Il Cavaliere.
Aos 41 anos, é conhecido, principalmente, por ter elaborado uma lei visando a proteger seu mentor de processos judiciais, mas rejeitada, no entanto, pela Corte Constitucional.
"Será nosso candidato ao cargo de presidente do Conselho, é muito bom", estimou Il Cavaliere numa entrevista publicada nesta quarta-feira.
Quando pegou as rédeas do PDL, declarou-se favorável à abertura ao centro da coalizão atual de seu partido com a Liga do Norte.
Os especialistas estão céticos, no entanto, sobre suas chances de ocupar a chefia do governo: "é um peso-pena", confiou à AFP James Walston, professor de Relações internacionais da American University de Roma.