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Os planos de Elon Musk para cortar custos do governo nos EUA

Iniciativa prevê cortes de até US$ 2 trilhões no orçamento federal de US$ 6,75 trilhões, algo que Musk afirma ser crucial para a sustentabilidade fiscal do país, segundo jornal

Elon Musk: bilionário entra para a política com proposta de corte de gastos (Jim WATSON/AFP)
Luiza Vilela

Repórter de POP

Publicado em 12 de janeiro de 2025 às 18h28.

Última atualização em 12 de janeiro de 2025 às 18h55.

A participação de Elon Musk no governo dos Estados Unidos chegará a um novo patamar após Donald Trump assumir a presidência. O empresário dono do X prevê que bilionários e executivos do mundo de tecnologia devem assumir posições não-oficiais para promover cortes na gestão federal norte-americana de até US$ 2 trilhões, segundo reportagem do jornal New York Times.

A iniciativa liderada por Musk, nomeada Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês), se instalará em Washington após a posse de Trump, marcada para 20 de janeiro.O NYT conversou com diversas pessoas envolvidas no programa, que falaram sob condição de anonimato, uma vez que poucas informações vieram a público.

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O DOGE não terá poder para cortar custos—o que cabe ao Congresso dos EUA—, mas trará uma série de recomendações sobre programas e potenciais economias no gasto público.

O orçamento anual dos EUA é de US$ 6,75 trilhões e o debate sobre contenção de gastos ganha força à medida que a dívida do país cresce. No ano fiscal de 2024, o déficit deve atingir 1,9 trilhão de dólares, segundo previsão do Escritório de Orçamento do Congresso.

O governo americano tem hoje uma dívida pública total de 26,2 trilhões de dólares, ou 99% do PIB do país.

DOGE: quem são e como funcionará?

Os integrantes do DOGE, liderados por Musk e o empresário Vivek Ramaswamy, incluem ex-bolsistas financiados pelo co-fundador do PayPal Peter Thiel, investidores do Vale do Silício e executivos de alto escalão.

Segundo o NYT, o grupo, não remunerado,deverá dedicar até seis meses trabalhando em agências governamentais, com jornadas estimadas em 80 horas semanais—fórmula de trabalho já reconhecida por Musk como sinônimo de sucesso.

"Alguns, incluindo possivelmente o Sr. Musk, serão chamados de funcionários governamentais especiais, uma categoria específica de trabalhadores temporários que só podem trabalhar para o governo federal por 130 dias ou menos em um período de 365 dias", diz trecho da reportagem.

Vivek Ramaswamy, durante primárias do Partido Republicano: empresário agora liderará tentativa informal de cortar custos do governo federal (Al Drago/Getty Images)

A coordenação do esforço tem como base um escritório localizado na sede da SpaceX, próximo à Casa Branca. A comunicação interna ocorre majoritariamente pelo aplicativo criptografado Signal, para manter o projeto em sigilo, informa o jornal norte-americano.

Segundo a reportagem, a iniciativa tem sido operacionalizada por Brad Smith, empresário do setor de saúde e membro da primeira administração Trump, e Steve Davis, colaborador de longa data de Trump.

O esforço, no momento, é de recrutamento: a conta oficial do DOGE no X chegou a postar nas últimas semanas pedidos de pessoas para um "pequeno número" de posições assalariadas no projeto.

Entre as metas, estão o uso da inteligência artificial para identificar áreas de cortes em agências federais e estimular a desregulamentação como uma forma de impulsionar a economia.

O que dizem os economistas?

Especialistas em orçamento ouvidos pelo NYT, porém, destacam que atingir esse número seria improvável sem afetar programas populares e de difícil alteração no Congresso, como o sistema de seguridade social norte-americano e o Medicare—Trump se comprometeu em manter ambos intactos.

Além disso, áreas como defesa e segurança, que Trump não pretende cortar, representam outra fatia significativa dos gastos. Restariam apenas programas e agências menores para sofrer cortes, segundo análise do NYT, mas isso impactaria serviços essenciais, enfrentando forte oposição política e pública.

Além disso, mesmo cortes na força de trabalho federal ou na burocracia teriam impacto limitado no déficit, já que esses custos representam uma pequena fração do orçamento total. Some-se a isso o fato de não ser nova a ideia de cortar custos. Iniciativas similares no passado enfrentaram dificuldades para implementar mudanças substanciais, devido à resistência política, entraves burocráticos e a necessidade de apoio do Congresso.

Economistas também apontam que, ainda que o foco na desregulamentação promova eficiência em algumas áreas, pode gerar impacto social significativo se cortes atingirem programas essenciais.

Em entrevista recente, Musk já disse que a meta deUS$ 2 trilhões pode ser reduzida para US$ 1 trilhão.

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