4 gargalos eólicos que o Brasil precisa soprar para longe
Falta de planejamento claro e carência de linhas de transmissão estão entre os gargalos que causam insegurança e afastam investimentos mais robustos, segundo empresários
Vanessa Barbosa
Publicado em 28 de maio de 2013 às 09h11.
São Paulo – Ela se expandiu a velocidade de foguete nos últimos anos e hoje é a fonte que mais cresce no Brasil. Ainda assim, a energia eólica está longe, muito longe de ter um espaço robusto na matriz energética nacional.
Mesmo com a perpectiva de contabilizar, até o final do ano, um total de seis gigawatts (GW) em parques eólicos, o que deve alçar o país à décima posição do ranking mundial de capacidade instalada, o Brasil tem apenas 1% de seu consumo energético suprido pela força dos ventos.
Essa demanda - quase insignificante se comparada, por exemplo, com a da Dinamarca, que supre 28% de sua energia com fontes eólicas - foi apontada como um dos principais gargalos para a expansão do setor por empresários e representantes de entidades durante o evento Brasil Wind Energy Conference (BWEC), nesta segunda-feira, em São Paulo.
1 - Planejamento mais transparente e sem “suspense”
O bom desempenho da energia eólica nos últimos leilões de energia é um indicativo da competitividade dessa fonte. No entanto, a falta de políticas públicas claras de longo prazo para energia eólica causa insegurança e afasta investimentos mais robustos no setor, criticaram os empresários.
Para representantes da indústria, cabe ao governo, em seu planejamento energético, a garantia de mais espaço para a geração eólica. “Nos dê mercado que mostraremos do que somos capazes”, afirmou Elbia Melo, presidente executiva da Abeeólica.
Mas, mesmo tendo planejamento e demanda, a indústria vive um suspense, “de entender como o planejador vê o sistema funcionando nos próximos anos”, ressaltou Pedro Villas Boas Pileggi, CFO da Renova Energia.
“Isso é fundamental para tomarmos medidas de longo prazo, com confiança. O planejador cria muito suspense em relação à demanda, como se isso fosse bom para a competitividade. Mas pra gente, isso não funciona”, criticou.
2 - Logística dos transportes
Um aspecto importante, segundo os empresários, é que os fabricantes de equipamentos estão se concentrando nas regiões onde os parques estão sendo construídos, no Nordeste e no Sul, por questão de logística, apontado como outro gargalo.
Segundo previsões do setor, a medida que mais estados fazem seus mapas eólicos e descobrem potencial para o negócio, mais notória vai se tornar essa deficiência. “O Brasil está tendo acesso a máquinas de ponta, mas vamos esbarrar na logística do transporte”, sinalizou o diretor de Desenvolvimento de Negócios da Alstom, Roberto Miranda.
3 - Conteúdo nacional
Roberto Veiga, diretor da Abimaq, defendeu a adoção da exigência de conteúdo nacional nos leilões e concessões promovidos pelo governo. Segundo ele, tal medida seria importante para a manutenção da isonomia entre aerogeradores importados e os fabricados no Brasil.
“É uma forma de premiar a decisão de investimento daqueles fabricantes que já tem base instalada no Brasil e atrair novos investimentos e novos fabricantes tornando a cadeia de suprimentos competitiva com aumento da demanda e especialização das linhas de produção”, explicou.
4 - Construção de linhas de transmissão
Ainda que todos os gargalos listados acima sejam sanados, um quarto fator continuaria impedindo a energia que é gerada no parque eólico de chegar as casas dos brasileiros: a falta de redes de transmissão. Só na região nordeste, existem mais de 20 projetos de usinas prontas mas que não distribuem energia por estarem desconectadas do sistema.
A construção dessas redes é outra responsabilidade que foge às empresas que administram os parques, e que dependem acima de tudo do governo. Pelo menos foi assim nos últimos leilões.
No entanto, a fim de evitar que o consumidor pague por uma energia que não foi gerada, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) estuda mudar as regras para os próximos leilões do tipo A-3. A tendência é que só usinas com conexão sejam viabilizadas. Dessa forma, a Aneel estaria transferindo a reponsabilidade para as empresas de geração de energia eólica.
São Paulo – Ela se expandiu a velocidade de foguete nos últimos anos e hoje é a fonte que mais cresce no Brasil. Ainda assim, a energia eólica está longe, muito longe de ter um espaço robusto na matriz energética nacional.
Mesmo com a perpectiva de contabilizar, até o final do ano, um total de seis gigawatts (GW) em parques eólicos, o que deve alçar o país à décima posição do ranking mundial de capacidade instalada, o Brasil tem apenas 1% de seu consumo energético suprido pela força dos ventos.
Essa demanda - quase insignificante se comparada, por exemplo, com a da Dinamarca, que supre 28% de sua energia com fontes eólicas - foi apontada como um dos principais gargalos para a expansão do setor por empresários e representantes de entidades durante o evento Brasil Wind Energy Conference (BWEC), nesta segunda-feira, em São Paulo.
1 - Planejamento mais transparente e sem “suspense”
O bom desempenho da energia eólica nos últimos leilões de energia é um indicativo da competitividade dessa fonte. No entanto, a falta de políticas públicas claras de longo prazo para energia eólica causa insegurança e afasta investimentos mais robustos no setor, criticaram os empresários.
Para representantes da indústria, cabe ao governo, em seu planejamento energético, a garantia de mais espaço para a geração eólica. “Nos dê mercado que mostraremos do que somos capazes”, afirmou Elbia Melo, presidente executiva da Abeeólica.
Mas, mesmo tendo planejamento e demanda, a indústria vive um suspense, “de entender como o planejador vê o sistema funcionando nos próximos anos”, ressaltou Pedro Villas Boas Pileggi, CFO da Renova Energia.
“Isso é fundamental para tomarmos medidas de longo prazo, com confiança. O planejador cria muito suspense em relação à demanda, como se isso fosse bom para a competitividade. Mas pra gente, isso não funciona”, criticou.
2 - Logística dos transportes
Um aspecto importante, segundo os empresários, é que os fabricantes de equipamentos estão se concentrando nas regiões onde os parques estão sendo construídos, no Nordeste e no Sul, por questão de logística, apontado como outro gargalo.
Segundo previsões do setor, a medida que mais estados fazem seus mapas eólicos e descobrem potencial para o negócio, mais notória vai se tornar essa deficiência. “O Brasil está tendo acesso a máquinas de ponta, mas vamos esbarrar na logística do transporte”, sinalizou o diretor de Desenvolvimento de Negócios da Alstom, Roberto Miranda.
3 - Conteúdo nacional
Roberto Veiga, diretor da Abimaq, defendeu a adoção da exigência de conteúdo nacional nos leilões e concessões promovidos pelo governo. Segundo ele, tal medida seria importante para a manutenção da isonomia entre aerogeradores importados e os fabricados no Brasil.
“É uma forma de premiar a decisão de investimento daqueles fabricantes que já tem base instalada no Brasil e atrair novos investimentos e novos fabricantes tornando a cadeia de suprimentos competitiva com aumento da demanda e especialização das linhas de produção”, explicou.
4 - Construção de linhas de transmissão
Ainda que todos os gargalos listados acima sejam sanados, um quarto fator continuaria impedindo a energia que é gerada no parque eólico de chegar as casas dos brasileiros: a falta de redes de transmissão. Só na região nordeste, existem mais de 20 projetos de usinas prontas mas que não distribuem energia por estarem desconectadas do sistema.
A construção dessas redes é outra responsabilidade que foge às empresas que administram os parques, e que dependem acima de tudo do governo. Pelo menos foi assim nos últimos leilões.
No entanto, a fim de evitar que o consumidor pague por uma energia que não foi gerada, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) estuda mudar as regras para os próximos leilões do tipo A-3. A tendência é que só usinas com conexão sejam viabilizadas. Dessa forma, a Aneel estaria transferindo a reponsabilidade para as empresas de geração de energia eólica.