Ortega abre caminho para reeleição
"É o povo que tem que decidir", disse Ortega diante da possibilidade de participar de sua sétima candidatura presidencial em busca do quarto mandato
Da Redação
Publicado em 16 de dezembro de 2013 às 16h14.
Manágua - O presidente da Nicarágua , Daniel Ortega, abriu em 2013 o caminho para conseguir mais poderes e à possibilidade de uma reeleição indefinida com uma reforma da Constituição amplamente rejeitada pela oposição e por vários setores sociais.
A proposta de reforma é impulsionada pela maioria governista no Parlamento, por isso sua aprovação, em 2014, parece imparável.
A mesma permitirá a Ortega - de 68 anos e que por quase a metade de sua vida é líder indiscutível da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) - ser candidato a uma nova reeleição em 2016, em um processo onde haverá um vencedor em um primeiro e único turno eleitoral.
"É o povo que tem que decidir", disse Ortega diante da possibilidade de participar de sua sétima candidatura presidencial em busca do quarto mandato e terceiro consecutivo.
Ortega, que em 2011 foi reeleito pela terceira vez e segunda consecutiva para um novo mandato de cinco anos, alegou que não se pode limitar nem bloquear o direito dos nicaraguenses "quanto a escolher suas autoridades".
A proposta de reforma constitucional elimina o artigo que proíbe a reeleição contínua do presidente e limita a dois seu número de mandatos, embora segundo Edwin Castro, chefe do grupo parlamentar sandinista, esse impedimento já não exista, sob o argumento de que já foi objeto de sentença judicial.
Em uma decisão de última instância, os magistrados sandinistas da Corte Suprema de Justiça da Nicarágua, sem a presença de juízes opositores, declararam legal uma sentença que habilitou Ortega a concorrer à reeleição em 2011.
Os mesmos magistrados declararam "inaplicável" o artigo constitucional que proíbe a reeleição contínua por considerarem que violavam os direitos de Ortega.
A reforma constitucional também estabelece que o presidente será eleito com a maioria simples de votos em um só turno, ao contrário de agora, que prevê um segundo turno se o candidato não obtiver pelo menos 40% dos votos ou 35% e superar em pelo menos 5 pontos o segundo mais votado.
Para a Conferência Episcopal da Nicarágua, a proposta de reforma "está orientada a favorecer o estabelecimento e perpetuação de um poder absoluto a longo prazo, exercido por uma pessoa ou um partido de forma dinástica ou por meio de uma oligarquia política e econômica", em alusão a Ortega e os sandinistas.
Em comunicado, o Episcopado nicaraguense assinalou que o mais urgente na Nicarágua não é realizar mudanças à Carta Magna, "mas purificar e retificar a mentalidade e a prática em relação com o exercício da política".
A reforma também outorgaria maiores faculdades ao exército, que controlaria o espectro radioelétrico e de telecomunicações, e seus generais poderiam ocupar cargos públicos sem renunciar à vida militar.
Para o escritor e ex-vice-presidente da Nicarágua Sergio Ramírez, a emenda abre um cenário "sem defesa" para os nicaraguenses e dirigido a favorecer o partido no poder, não a Nicarágua.
"O autoritarismo, com cartas marcadas, põe a democracia para entrar em um jogo comprado, e certamente perdido. A Nicarágua será regida pela Constituição de um partido, não de um país", advertiu em seu blog Ramírez, que foi vice-presidente do país no período 1984-1990 com os sandinistas.
Os opositores de Ortega retomaram uma frase dita pelo falecido comandante da revolução Tomás Borge após o retorno dos sandinistas ao poder em 2007: "Podemos pagar qualquer preço, o único que não podemos é perder o poder, façamos o que tivermos que fazer".
Ortega e os sandinistas contam com maioria absoluta no Congresso, o controle de mais de três quartos dos governos municipais e o respaldo do Exército e da Polícia Nacional, que o transformou no líder com maior poder na história política do país, assim como o tido pela família Somoza no século passado.
O ex-presidente Anastasio Somoza García deteve absoluto poder político e militar que lhe permitiu substituir o presidente eleito e assassinado Juan Bautista Sacasa.
A partir de 1937, Somoza García dirigiu a Nicarágua com mão de ferro, reformou a Constituição para se reeleger na presidência, se aliou aos Estados Unidos, que apoiaram seu regime, e deu cotas de poder à oposição tradicional conservadora.
Além da polêmica política, 2013 também foi marcado na Nicarágua pela concessão outorgada por até 100 anos à companhia chinesa HKND Group para a construção e administração de um canal que permitirá a passagem de grandes navios entre o Atlântico e o Pacífico.
Os litígios fronteiriços com a Colômbia e a Costa Rica na Corte Internacional de Justiça (CIJ) e os movimentos sociais a favor dos aposentados também se destacaram neste ano.
Manágua - O presidente da Nicarágua , Daniel Ortega, abriu em 2013 o caminho para conseguir mais poderes e à possibilidade de uma reeleição indefinida com uma reforma da Constituição amplamente rejeitada pela oposição e por vários setores sociais.
A proposta de reforma é impulsionada pela maioria governista no Parlamento, por isso sua aprovação, em 2014, parece imparável.
A mesma permitirá a Ortega - de 68 anos e que por quase a metade de sua vida é líder indiscutível da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) - ser candidato a uma nova reeleição em 2016, em um processo onde haverá um vencedor em um primeiro e único turno eleitoral.
"É o povo que tem que decidir", disse Ortega diante da possibilidade de participar de sua sétima candidatura presidencial em busca do quarto mandato e terceiro consecutivo.
Ortega, que em 2011 foi reeleito pela terceira vez e segunda consecutiva para um novo mandato de cinco anos, alegou que não se pode limitar nem bloquear o direito dos nicaraguenses "quanto a escolher suas autoridades".
A proposta de reforma constitucional elimina o artigo que proíbe a reeleição contínua do presidente e limita a dois seu número de mandatos, embora segundo Edwin Castro, chefe do grupo parlamentar sandinista, esse impedimento já não exista, sob o argumento de que já foi objeto de sentença judicial.
Em uma decisão de última instância, os magistrados sandinistas da Corte Suprema de Justiça da Nicarágua, sem a presença de juízes opositores, declararam legal uma sentença que habilitou Ortega a concorrer à reeleição em 2011.
Os mesmos magistrados declararam "inaplicável" o artigo constitucional que proíbe a reeleição contínua por considerarem que violavam os direitos de Ortega.
A reforma constitucional também estabelece que o presidente será eleito com a maioria simples de votos em um só turno, ao contrário de agora, que prevê um segundo turno se o candidato não obtiver pelo menos 40% dos votos ou 35% e superar em pelo menos 5 pontos o segundo mais votado.
Para a Conferência Episcopal da Nicarágua, a proposta de reforma "está orientada a favorecer o estabelecimento e perpetuação de um poder absoluto a longo prazo, exercido por uma pessoa ou um partido de forma dinástica ou por meio de uma oligarquia política e econômica", em alusão a Ortega e os sandinistas.
Em comunicado, o Episcopado nicaraguense assinalou que o mais urgente na Nicarágua não é realizar mudanças à Carta Magna, "mas purificar e retificar a mentalidade e a prática em relação com o exercício da política".
A reforma também outorgaria maiores faculdades ao exército, que controlaria o espectro radioelétrico e de telecomunicações, e seus generais poderiam ocupar cargos públicos sem renunciar à vida militar.
Para o escritor e ex-vice-presidente da Nicarágua Sergio Ramírez, a emenda abre um cenário "sem defesa" para os nicaraguenses e dirigido a favorecer o partido no poder, não a Nicarágua.
"O autoritarismo, com cartas marcadas, põe a democracia para entrar em um jogo comprado, e certamente perdido. A Nicarágua será regida pela Constituição de um partido, não de um país", advertiu em seu blog Ramírez, que foi vice-presidente do país no período 1984-1990 com os sandinistas.
Os opositores de Ortega retomaram uma frase dita pelo falecido comandante da revolução Tomás Borge após o retorno dos sandinistas ao poder em 2007: "Podemos pagar qualquer preço, o único que não podemos é perder o poder, façamos o que tivermos que fazer".
Ortega e os sandinistas contam com maioria absoluta no Congresso, o controle de mais de três quartos dos governos municipais e o respaldo do Exército e da Polícia Nacional, que o transformou no líder com maior poder na história política do país, assim como o tido pela família Somoza no século passado.
O ex-presidente Anastasio Somoza García deteve absoluto poder político e militar que lhe permitiu substituir o presidente eleito e assassinado Juan Bautista Sacasa.
A partir de 1937, Somoza García dirigiu a Nicarágua com mão de ferro, reformou a Constituição para se reeleger na presidência, se aliou aos Estados Unidos, que apoiaram seu regime, e deu cotas de poder à oposição tradicional conservadora.
Além da polêmica política, 2013 também foi marcado na Nicarágua pela concessão outorgada por até 100 anos à companhia chinesa HKND Group para a construção e administração de um canal que permitirá a passagem de grandes navios entre o Atlântico e o Pacífico.
Os litígios fronteiriços com a Colômbia e a Costa Rica na Corte Internacional de Justiça (CIJ) e os movimentos sociais a favor dos aposentados também se destacaram neste ano.