Sírio ferido é levado ao hospital: número total de vítimas já supera 101,5 mil, segundo stimativa (Bulent Kilic/AFP)
Da Redação
Publicado em 25 de setembro de 2013 às 13h24.
Genebra - A Rede Síria de Direitos Humanos denunciou nesta quarta-feira que quase 11 mil crianças morreram nos 30 meses de guerra civil no país árabe, enquanto o número total de vítimas já supera 101,5 mil, uma estimativa similar à das Nações Unidas (ONU).
O fundador e diretor da organização citada, Fadel Abdul Ghani, foi um dos principais oradores de um evento realizado hoje em Genebra, o qual ocorre em paralelo à sessão do Conselho de Direitos Humanos.
Segundo as informações documentadas pela rede, do número total de mortos, 88% são civis, 12% crianças e 11% mulheres. Segundo Ghani, o número de mulheres e menores assassinados indica que os civis foram alvos de ataques deliberados e sistemáticos.
A Rede Síria de Direitos Humanos é considerada como uma das fontes mais confiáveis sobre as vítimas do conflito, já que, em cada caso, a organização possui uma identificação com data, local e circunstâncias das mortes em questão, além de uma fotografia.
Entre as vítimas, 90% correspondem às forças governamentais e o restante "a outros grupos armados", que, de acordo com Ghani, não se refere à oposição síria levantada em armas, mas aos grupos compostos por combatentes estrangeiros.
Além disso, o diretor da rede assegurou que há 9 mil menores e 6,5 mil mulheres em centros de detenção, enquanto 18 mil pessoas detidas "desapareceram completamente".
Ghani denunciou as torturas generalizadas contra detidos no contexto do conflito e disse que a rede de defesa dos direitos humanos "recebe entre quatro e cinco denúncias de pessoas mortas por torturas a cada dia".
No mesmo evento, realizado na sede da ONU em Genebra, o vice-presidente da Colisão Nacional Síria (CNS), Suhair Atasi, criticou a ONU por permitir que o regime sírio tenha uma aparência de legitimidade ao ter seu lugar conservado na organização.
Atasi também descreveu a situação da população como extremamente precária, principalmente nas áreas sitiadas pelo Exército, uma estratégia que é utilizada como forma de "castigo coletivo".
Nessas zonas, acrescentou Atasi, as forças de Assad bloqueiam o acesso à água e aos alimentos, enquanto seus habitantes "fogem" para acampamentos de deslocados internos "que carecem de tudo, de tendas de campanha, de água e remédios".
Atasi, quem também é responsável da Unidade de Assistência da CNS, apontou que zonas inteiras da Síria sofreram "a destruição total de suas infraestruturas" e que, portanto, as necessidades estão muito acima do que pode fornecer sua entidade.
Por sua parte, Radwan Ziadeh, o diretor do Centro Sírio de Estudos Políticos e Estratégicos, situado em Washington, assegurou que "nenhuma investigação contra algum membro das forças armadas" foi realizada desde o início do conflito.
"Não há nenhum oficial investigado por ter ordenado ataques contra civis, o que demonstra que a investigação dos crimes contra a humanidade perpetrados está além da capacidade das cortes nacionais", concluiu o acadêmico.