Orador da "Marcha de Washington" pede fim de discriminação
O legislador democrata pela Geórgia, John Lewis, disse que atualmente há problemas de pobreza, fome e "muita gente de cor presa no sistema de justiça criminal"
Da Redação
Publicado em 20 de agosto de 2013 às 13h55.
Washington - John Lewis, o único orador vivo da marcha em favor dos direitos civis liderada há 50 anos por Martin Luther King nos Estados Unidos , lembrou em entrevista à Agência Efe aquele histórico dia e pediu o combate à "discriminação em todas as suas formas".
O legislador democrata pela Geórgia disse que os rótulos que separavam os brancos dos negros em todos os lugares públicos do país só existem em livros, museus e filmes, mas observou que agora há "muitos outros letreiros invisíveis".
Enumerou os problemas de pobreza, fome, e "muita gente de cor presa no sistema de justiça criminal".
"50 anos depois, temos que continuar combatendo a discriminação em todas as suas formas. Temos que levantar a voz e dizer que ela não será tolerada, não vai continuar acontecendo", enfatizou.
Lewis, que com 23 anos foi o mais jovem dos dez oradores da grande "Marcha por Trabalho e Liberdade" que aconteceu em Washington no dia 28 de agosto de 1963, descreveu com nostalgia sua militância com Luther King por justiça social.
"O doutor King foi para mim como um irmão mais velho. Foi meu amigo, minha inspiração; se transformou em meu herói", disse o congressista democrata pela Geórgia, em uma entrevista telefônica.
Fiel discípulo das doutrinas do famoso ativista sobre a não violência até hoje, Lewis, de 73 anos, disse que Luther King "foi um ser humano nobre" que gostava de passar tempo com os jovens.
"Ele ficou muito satisfeito de ver como os jovens começaram os protestos. Ali soube que sua mensagem e seu método transcenderiam no tempo", afirmou Lewis, um dos dez filhos de um casal de arrendatários do Alabama.
Porém, a marcha que ajudou a organizar e que reuniu cerca de 250 mil pessoas - até então um número sem precedentes - foi vista inicialmente com ceticismo pelo presidente John F. Kennedy, que temia atos de "violência e caos" que atrapalhariam na criação de uma Lei de Direitos Civis.
"Era possível ver em sua linguagem corporal que não lhe agradava a ideia de que centenas de milhares de pessoas viriam a Washington", lembrou Lewis. Ele e outros cinco ativistas garantiram a Kennedy na Casa Branca que a marcha seria "ordenada e pacífica".
Em seu discurso, ofuscado pelo de King, defendeu o direito ao voto e a eliminação dos impedimentos que exigiam dos negros o pagamento de uma taxa e um teste de alfabetização para poder exercer esse direito.
"Em alguns lugares, as pessoas faziam longas filas para os chamados 'testes de alfabetização', e era dito até mesmo para professores de escolas secundárias e universidades que eles não sabiam ler nem escrever suficientemente bem", observou.
Lewis começou seu ativismo aos 19 anos, pouco tempo depois de conhecer Rosa Parks e Luther King, dois símbolos da luta contra a segregação racial.
Como líder do Comitê Coordenador Estudantil pela Não Violência (SNCC, sigla em inglês), participou das "Freedom Rides", as viagens de ônibus no sul profundo do país contra a discriminação no transporte público.
Lewis venceu o medo e aguentou surras e dezenas de prisões porque "alguém tem que lutar, e gente como Rosa Parks e o doutor King nos deram inspiração".
Lewis ficou ferido na Ponte Edmund Pettus durante a marcha de 1965 de Selma até Montgomery, no Alabama e que, devido à brutalidade policial, ficou conhecida na história como o "Domingo Sangrento".
Para Lewis, era inaceitável que os negros "que lutaram na Segunda Guerra Mundial por nosso país, pela democracia na Europa, pela liberdade de outros, não a desfrutassem nos EUA".
Ganhador da Medalha Presidencial da Liberdade e congressista por quase 30 anos, Lewis acredita que a chegada de Barack Obama à Casa Branca é importante, mas não suficiente, e que as minorias devem seguir lutando por igualdade de oportunidades.
Lewis defendeu a legalização dos 11 milhões de imigrantes ilegais, o reforço da Lei do Direito ao Voto de 1965, e que as minorias aumentem sua participação como eleitores e como candidatos em todas as esferas do governo.
As minorias devem se unir e criar um "poderoso movimento que, tal como fez o doutor King, não liberte apenas um povo, mas liberte uma nação", continuou.
"Temos que caminhar juntos, os negros, os hispânicos, os asiáticos, os indígenas americanos e os brancos de boa vontade porque, como disse (outro líder do movimento) Asa Philip Randolph há 50 anos, "talvez, nossos antepassados chegaram neste grande país em diferentes embarcações, mas agora estamos todos em um mesmo barco"", enfatizou. EFE
Washington - John Lewis, o único orador vivo da marcha em favor dos direitos civis liderada há 50 anos por Martin Luther King nos Estados Unidos , lembrou em entrevista à Agência Efe aquele histórico dia e pediu o combate à "discriminação em todas as suas formas".
O legislador democrata pela Geórgia disse que os rótulos que separavam os brancos dos negros em todos os lugares públicos do país só existem em livros, museus e filmes, mas observou que agora há "muitos outros letreiros invisíveis".
Enumerou os problemas de pobreza, fome, e "muita gente de cor presa no sistema de justiça criminal".
"50 anos depois, temos que continuar combatendo a discriminação em todas as suas formas. Temos que levantar a voz e dizer que ela não será tolerada, não vai continuar acontecendo", enfatizou.
Lewis, que com 23 anos foi o mais jovem dos dez oradores da grande "Marcha por Trabalho e Liberdade" que aconteceu em Washington no dia 28 de agosto de 1963, descreveu com nostalgia sua militância com Luther King por justiça social.
"O doutor King foi para mim como um irmão mais velho. Foi meu amigo, minha inspiração; se transformou em meu herói", disse o congressista democrata pela Geórgia, em uma entrevista telefônica.
Fiel discípulo das doutrinas do famoso ativista sobre a não violência até hoje, Lewis, de 73 anos, disse que Luther King "foi um ser humano nobre" que gostava de passar tempo com os jovens.
"Ele ficou muito satisfeito de ver como os jovens começaram os protestos. Ali soube que sua mensagem e seu método transcenderiam no tempo", afirmou Lewis, um dos dez filhos de um casal de arrendatários do Alabama.
Porém, a marcha que ajudou a organizar e que reuniu cerca de 250 mil pessoas - até então um número sem precedentes - foi vista inicialmente com ceticismo pelo presidente John F. Kennedy, que temia atos de "violência e caos" que atrapalhariam na criação de uma Lei de Direitos Civis.
"Era possível ver em sua linguagem corporal que não lhe agradava a ideia de que centenas de milhares de pessoas viriam a Washington", lembrou Lewis. Ele e outros cinco ativistas garantiram a Kennedy na Casa Branca que a marcha seria "ordenada e pacífica".
Em seu discurso, ofuscado pelo de King, defendeu o direito ao voto e a eliminação dos impedimentos que exigiam dos negros o pagamento de uma taxa e um teste de alfabetização para poder exercer esse direito.
"Em alguns lugares, as pessoas faziam longas filas para os chamados 'testes de alfabetização', e era dito até mesmo para professores de escolas secundárias e universidades que eles não sabiam ler nem escrever suficientemente bem", observou.
Lewis começou seu ativismo aos 19 anos, pouco tempo depois de conhecer Rosa Parks e Luther King, dois símbolos da luta contra a segregação racial.
Como líder do Comitê Coordenador Estudantil pela Não Violência (SNCC, sigla em inglês), participou das "Freedom Rides", as viagens de ônibus no sul profundo do país contra a discriminação no transporte público.
Lewis venceu o medo e aguentou surras e dezenas de prisões porque "alguém tem que lutar, e gente como Rosa Parks e o doutor King nos deram inspiração".
Lewis ficou ferido na Ponte Edmund Pettus durante a marcha de 1965 de Selma até Montgomery, no Alabama e que, devido à brutalidade policial, ficou conhecida na história como o "Domingo Sangrento".
Para Lewis, era inaceitável que os negros "que lutaram na Segunda Guerra Mundial por nosso país, pela democracia na Europa, pela liberdade de outros, não a desfrutassem nos EUA".
Ganhador da Medalha Presidencial da Liberdade e congressista por quase 30 anos, Lewis acredita que a chegada de Barack Obama à Casa Branca é importante, mas não suficiente, e que as minorias devem seguir lutando por igualdade de oportunidades.
Lewis defendeu a legalização dos 11 milhões de imigrantes ilegais, o reforço da Lei do Direito ao Voto de 1965, e que as minorias aumentem sua participação como eleitores e como candidatos em todas as esferas do governo.
As minorias devem se unir e criar um "poderoso movimento que, tal como fez o doutor King, não liberte apenas um povo, mas liberte uma nação", continuou.
"Temos que caminhar juntos, os negros, os hispânicos, os asiáticos, os indígenas americanos e os brancos de boa vontade porque, como disse (outro líder do movimento) Asa Philip Randolph há 50 anos, "talvez, nossos antepassados chegaram neste grande país em diferentes embarcações, mas agora estamos todos em um mesmo barco"", enfatizou. EFE