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Opositores que controlam leste da Líbia querem a capital

Enquanto regiões mais a leste estão pacíficas, tiros ainda são ouvidos na capital, Trípoli, e na parte ocidental do país

Líbia: opositores esperam a libertação da capital do controle de Kadafi (AFP/Saul Loeb)

Líbia: opositores esperam a libertação da capital do controle de Kadafi (AFP/Saul Loeb)

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Da Redação

Publicado em 24 de fevereiro de 2011 às 12h35.

Tobruk, Líbia - Os opositores que controlam o leste da Líbia, nas cidades que se tornaram famosas nas batalhas da Segunda Guerra Mundial, já pensam em avançar até Trípoli para acabar com os quase 42 anos de regime ditatorial de Muamar Kadhafi.

Depois de mais de uma semana de insurreição e violência, que deixou centenas de mortos em todo o país, os insurgentes parecem controlar toda a região leste, da fronteira com o Egito até a cidade de Ajdabiya, mais a oeste.

Tobruk, Derna e Benghazi, o epicentro da rebelião a 1.000 quilômetros de Trípoli, estão sob controle da oposição, segundo jornalistas e moradores.

Nesta região, limitada ao norte pelo Mediterrâneo e ao sul pelo deserto líbio, ficam as preciosas jazidas de petróleo que sustentam a economia do país.

Enquanto nas cidades mais a oeste, incluindo a capital Trípoli, ainda são ouvidos tiros à noite, as ruas de Al-Baida, uma localidade costeira ao leste de Benghazi, estão tranquilas.

Os muros repletos de impactos de bala são a prova da violência dos combates na cidade entre opositores e "mercenários" sob as ordens do "guia" Kadhafi.

Mas os habitantes já estão pensando em outra batalha, a de Trípoli.


Em uma sala de conferências, uma multidão aplaude 10 generais e coronéis que se negaram a seguir as ordens de abrir fogo contra o povo e desertaram das forças de segurança.

"Estamos falando de seguir até Trípoli, se Trípoli precisar de ajuda. Nosso objetivo é Trípoli, caso não se liberte sozinha", afirmou um participante.

"Não podemos mais recuar, mas mesmo se todos morrermos, pelo menos nossos filhos não terão que viver com ele", destacou outro insurgente a respeito de Muamar Kadhafi, que governa a Líbia com mão de ferro desde 1969.

"Pedi demissão e depois vim a Al-Baida por solidariedade ao meu povo. Estarei na primeira linha para nos defender de qualquer ataque que vier do exterior", afirmou o general Salah Mathek, comandante da polícia judicial.

"Eles (os partidários de Kadhafi) dizem que sou um traidor. Mas não, eu tenho princípios", completou.

"Nos deram ordens para atacar o povo e me recusei. Não podemos utilizar as armas contra os jovens", explica outro general, Abdel Aziz al-Busta.

"No leste nunca fizeram nada por nós. Tudo o que podem ver o foi feito pelo rei Idris, derrubado por Kadhafi em 1969", declarou o sargento da polícia Khaled Abdul Aziz.

"Nos unimos à revolução quando vimos os mercenários que atiravam contra a juventude. Foi o momento decisivo, uma violação de nosso código de honra", completou.

No hospital, várias pessoas feridas nas pernas e no peito recebem tratamento.

"Eles atiravam em todas as direções no centro da cidade. Disparavam até mesmo contra os que estavam fornecendo os primeiros socorros", afirmou uma vítima de 27 anos.

Mohammed Ebreke, do Crescente Vermelho (Cruz Vermelha nos países islâmicos), foi ferido nas costas quando transportava um ferido.

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