Protesto na Ucrânia por causa de acordo com a União Europeia: centenas de partidários da integração da Ucrânia na União Europeia passaram a noite em praça (Vasily Fedosenko/Reuters)
Da Redação
Publicado em 26 de novembro de 2013 às 08h26.
Kiev - A oposição ucraniana continua nesta terça-feira, pelo terceiro dia consecutivo, com a concentração indefinida que começou neste domingo na praça Europa de Kiev em protesto pela decisão do Governo da Ucrânia de renunciar à assinatura do Acordo de Associação com a União Europeia.
Ontem à noite, os soldados antidistúrbios empregaram gás lacrimogênico contra um grupo de manifestantes que atacou um microônibus dos serviços de segurança.
A ação foi reivindicada pelo líder do partido nacionalista Sovoboda (Liberdade), Oleg Tiagnibok, que denunciou que desde o veículo, que estava estacionado junto à praça da Europa, eram realizadas escutas ilegais.
"Conseguimos tirar do microônibus várias malas e alguns computadores. Quando as abrimos, encontramos equipes de escuta, antenas para interceptar sinais de rádio", disse Tiagnibok em declarações ao canal de televisão "ICTV".
O líder nacionalista antecipou que sua formação apresentará à imprensa as equipes que utilizam os serviços de segurança para realizar escutas ilegais aos opositores.
"Tinham camuflado muito bem o veículo: estava enfeitado com fitas com as cores da Ucrânia e uma bandeira da União Europeia", acrescentou.
Após o incidente, as forças especiais da polícia se retiraram das imediações de praça da Europa, onde centenas de partidários da integração da Ucrânia na União Europeia passaram a noite.
A presa ex-primeira-ministra e líder opositora, Yulia Tymoshenko, desde o hospital onde se encontra reclusa, uniu-se ontem à noite aos protestos e se declarou em greve de fome indefinida.
"Em sinal de unidade com vós, me declaro em greve de fome indefinida para exigir que (o presidente Víctor) Yanukovich firme o Acordo de Associação com a União Europeia", manifestou Tymoshenko em mensagem aos participantes do protestos.
A líder opositora encorajou os manifestantes que não retrocedam em seus protestos e "que apaguem da face da terra Yanukovich" se não assinar o acordo com a UE na cúpula da Associação Oriental que será inaugurada nesta quinta-feira em Vilnius.
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Leonid Kozhar, declarou que Yanukovich deve comparecer à reunião da capital lituana, apesar de não assinar nessa reunião o Acordo de Associação com a União Europeia.
Segundo o chanceler, "A Ucrânia não renuncia à assinatura do Acordo de Associação", mas se trata de uma suspensão provisória do processo de assinatura, já que, "no dia de hoje, nem Ucrânia nem a UE estão preparados para isso".
O primeiro-ministro ucraniano, Nikolai Azárov, insistiu em que a suspensão da assinatura do acordo obedece motivos exclusivamente econômicos.
Azárov admitiu que Kiev pediu a Bruxelas compensações pela perda do mercado russo que suporia para a Ucrânia a associação com os vinte E oito.