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Oposição venezuelana pressiona Maduro em mais um dia de protestos

Nas manifestações, os opositores pedem eleições gerais e rejeitam a convocação do presidente a uma Assembleia Nacional Constituinte popular

Protesto: Maduro enfrenta uma onda de protestos desde 1º de abril (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)
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AFP

Publicado em 16 de maio de 2017 às 09h38.

Milhares de opositores bloquearam avenidas e estradas nesta segunda-feira, o que provocou confrontos com as forças da ordem que deixaram um morto e ao menos doze feridos, no início da sétima semana de protestos para exigir a saída do presidente Nicolás Maduro do poder.

O jovem José Alviarez, de 18 anos, morreu "durante uma manifestação" no estado de Táchira, elevando a 39 o número de óbitos decorrentes da atual onda de protestos contra Nicolás Maduro.

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O prefeito do município de Guasimos, William Galaviz, informou que Alviarez foi morto com um tiro no tórax em Palmira, sem dar mais detalhes.

Segundo a imprensa local, após a morte de Galaviz manifestantes atearam fogo à delegacia de polícia de Palmira.

Ainda em Táchira, um líder juvenil foi baleado na cabeça, na localidade de Colón, durante choques com militares, denunciou o parlamentar opositor Henry Ramos Allup.

Dois policiais foram baleados, um na cabeça, na cidade de Valencia, revelou no Twitter o governador do estado de Carabobo, Francisco Ameliach, que atribuiu o ataque a um franco-atirador.

Em Carabobo também foi incendiado o prédio da estatal Corporación Eléctrica Nacional, em um ataque que Ameliach imputou à oposição.

Em Barinas, um jovem de 17 anos foi atingido por um disparo de arma de fogo na cabeça, segundo Ramos Allup.

Dez pessoas ficaram feridas por impactos de balas de borracha em confrontos com a Guarda Nacional em Carabobo, Táchira e Mérida.

Ao menos 79 pessoas foram detidas nos protestos desta segunda-feira, incluindo 20 em Carabobo e seis em Nova Esparta, segundo a ONG Fórum Penal.

Também ocorreram incidentes nos estados de Zulia, Aragua e Lara.

Durante a jornada, os opositores bloquearam a importante autoestrada Francisco Fajardo, no leste de Caracas, enquanto no oeste as forças de segurança utilizaram bombas de gás lacrimogêneo contra manifestantes.

Sob o nome de "grande plantão contra a ditadura", o dia protesto provocou confrontos em Caracas e nos estados de Carabobo, Nova Esparta, Zulia, Aragua, Mérida e Táchira.

Maduro enfrenta uma onda de protestos desde 1º de abril, que já deixou 39 mortos e centenas de feridos e detidos, dos quais uma centena, segundo organizações de direitos humanos, estão sendo processados por tribunais militares.

"Não há liberdade, nos reprimem, não há comida e quando há é extremamente cara, seguirei nas ruas até que ocorra uma mudança", disse o docente Miguel Martínez.

A coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) exige eleições gerais para resolver a grave crise política e econômica, que se reflete em uma forte escassez de alimentos e remédios, e na inflação mais alta do mundo, que chegaria a 720% neste ano, segundo o FMI.

"Meu pai faleceu por falta de medicamentos. Não há comida e quando encontramos, está caríssima. Aqui matam por um celular", declarou Katty Biagioni, pedagoga de 43 anos.

Reunião da OEA

A Organização de Estados Americanos (OEA) aprovou nesta segunda-feira uma reunião de chanceleres para 31 de maio, em Washington, para avaliar a crise política na Venezuela.

Após adiar a definição da data na semana passada, uma maioria de 18 países fixou a reunião de ministros durante uma sessão do Conselho Permanente da OEA, da qual Caracas voltou a se ausentar.

O único voto negativo foi o da Nicarágua, enquanto outros treze países se abstiveram.

Sem a Venezuela presente, o embaixador nicaraguense, Luis Alvarado, representou a oposição à convocação, denunciando uma ação inamistosa e hostil.

"Queremos sair disso"

Nas manifestações, os opositores também rejeitam a convocação do presidente a uma Assembleia Nacional Constituinte popular, com a qual, segundo eles, busca evitar as eleições e se agarrar no poder.

Mas Maduro, cuja gestão é rejeitada por entre 70% e 80% dos venezuelanos, de acordo com pesquisas privadas, afirmou no fim de semana que "em 2018, com chuva, trovão ou relâmpagos, a Venezuela terá eleições presidenciais", como ordena a lei.

Em dezembro, deveriam ter sido realizadas as eleições de governadores, mas o poder eleitoral as adiou e elas ainda não têm data, e neste ano estão previstas as de prefeitos.

Maduro afirma que a Constituinte é o único caminho para a paz, mas esta iniciativa aumentou a tensão política, já que ao menos a metade dos 500 assembleistas serão eleitos por setores sociais, nos quais o governo exerce forte influência, o que coloca em xeque o "voto universal".

"Não há forma de a Venezuela se calar (...) Enquanto houver ditadura, não haverá tranquilidade", disse Guevara.

A oposição realizou no sábado passado caravanas de veículos, bicicletas, motos e até de cavalos em várias regiões, e no domingo uma marcha por ocasião do Dia das Mães em Caracas.

"Queremos sair disso. Se tivermos que passar a vida inteira nas estradas, faremos isso", declarou à AFP María Fernández, de 56 anos.

Enquanto isso, Maduro, a quem as Forças Armadas declararam "lealdade incondicional", acusa seus adversários de promover "atos de terrorismo" para aplicar um "golpe de Estado".

O chefe do Parlamento, o opositor Julio Borge, pediu no domingo às Forças Armadas que iniciem um diálogo sobre a crise o país e que se coloquem "ao lado do povo".

Enquanto isso, A União Europeia pediu nesta segunda-feira uma solução pacífica na Venezuela e chamou "todas as partes" a se abster "de cometer atos violentos".

Em conclusões adotadas pelos chanceleres europeus, os 28 pedem que "todos os agentes políticos e as instituições da Venezuela trabalhem de forma construtiva em prol de uma solução para a crise", baseada no respeito aos direitos humanos e na separação de poderes.

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