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Oposição venezuelana articula opções eleitorais para cenário pós-Maduro

Analistas políticos e articuladores dos partidos de oposição estimam que pode levar até um ano entre a saída do chavista e a realização de novas eleições

 (Manaure Quintero/Reuters)

(Manaure Quintero/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 17 de fevereiro de 2019 às 09h47.

São Paulo - Desde janeiro, a oposição venezuelana, sob a liderança de Juan Guaidó, vem mostrando que as ações pela saída do presidente Nicolás Maduro e realização de novas eleições não serão interrompidas como em outras ocasiões - a mais recente nos protestos de 2017. Guaidó se declarou presidente interino, obteve apoio de mais de 50 países, entre eles EUA e Brasil, e tornou-se uma boa opção para manter a oposição unida e liderar o país por um ciclo eleitoral completo.

Analistas políticos e articuladores dos partidos de oposição estimam que pode levar até um ano entre a saída do chavista e a realização de novas eleições. A questão é como se comportarão os diferentes grupos opositores com relação à eleição.

"Já existe na Venezuela um processo de transição democrática que não será detido. Está surgindo um governo de transição. Juan Guaidó é o presidente interino", afirma Lorent Saleh, ativista venezuelano que ficou preso quatro anos e hoje integra o grupo que articula a redemocratização.

Saleh foi preso em 2014, na mesma época que Leopoldo López (fundador do partido Voluntad Popular) e Daniel Ceballos. Ele explica que o movimento opositor atual surgiu em 2007 e está unido para concretizar a mudança de governo. "Somos todos da mesma geração, os mesmos que foram presos lutando, em 2007, e hoje temos o papel de liderar esse processo. Há uma unidade de ação, de objetivos e de metas a cumprir. Há uma força opositora que a cada dia está maior e mais consolidada."

Dentro do VP, se discute apoiar a candidatura de López, atualmente em prisão domiciliar. A mulher do político, Lilian Tintori, anunciou na semana passada que o marido "com certeza decidirá se apresentar candidato", quando estiver em liberdade e com seus direitos políticos recuperados.

Para isso, Guaidó deve construir o caminho da transição como presidente interino, convocar as eleições e então apoiar López, seu mentor político e articulador de sua ascensão repentina. "Ele conversa com Guaidó, que agora é o presidente, com todos os membros do Voluntad Popular e dos outros partidos - os maiores e o menores. Ele se encarregou de unir a oposição", disse Lilian ao Washington Post.

Outros partidos estão representados no governo paralelo e líderes opositores têm apoiado Guaidó. Julio Borges, do Primero Justicia, por exemplo, representa o autoproclamado governo na OEA. Entre os embaixadores que Guaidó designou está María Teresa Belandrio (Brasil), coordenadora do Vente Venezuela, e Humberto Calderón Berti, do partido Copei.

A histórica fragmentação da oposição venezuelana, porém, pode inviabilizar a candidatura de Guaidó. Outros líderes, como María Corina Machado (Vente Venezuela) e Henry Ramos Allup (Acción Democratica) já declararam que também serão candidatos.

"Talvez seja necessário articular a candidatura de Guaidó como único capaz de manter a oposição unida e liderar o país por um período um ciclo completo, o que então configuraria uma ruptura importante no processo político venezuelano", explica o jornalista Daniel Lara, que fugiu do país após perseguição do governo.

O jornalista Alek Boyd divulgou em seu site uma série de investigações sobre o envolvimento em casos de corrupção de antigos líderes opositores, como Borges, Ramos Allup, Henrique Capriles e Henry Falcón. Isso também torna o nome de Guaidó a opção mais viável à presidência, por ser visto como um opositor de nova geração e sem ligação com os esquemas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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