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Da Redação
Publicado em 7 de dezembro de 2012 às 16h38.
Cairo - A principal coalizão de oposição no Egito anunciou nesta sexta-feira que não aceitou participar do diálogo proposto pelo presidente Mohamed Mursi para pôr fim à crise desencadeada pela decisão dele de ampliar seus poderes.
Em um pronunciamento televisionado na noite de quinta-feira, Mursi convidou líderes políticos e outras lideranças para conversas no sábado, e disse que estavam mantidos os planos de realização de um referendo no dia 15 de dezembro sobre a nova Constituição, apesar de confrontos entre governistas e oposicionistas terem resultado na morte de sete pessoas.
"A Frente de Salvação Nacional não tomará parte no diálogo, essa é a posição oficial", disse à Reuters Ahmed Said, um dos líderes da coalizão e também dirigente do Partido dos Egípcios Livres, legenda de linha liberal.
O proeminente reformista Mohamed ElBaradei e o partido Wafy, também integrantes da coalizão de tendência liberal, disseram que não vão participar das conversações.
"Faço um apelo a todas as forças nacionais para que não participem do diálogo que não cumpre as bases de um diálogo verdadeiro. Nós defendemos um diálogo que não seja baseado em queda-de-braço e imposição de um fato consumado", disse ElBaradei em mensagem no Twitter.
O governo de Mursi insiste que as ações do presidente têm por objetivo acelerar a transição para a democracia, travada por um Judiciário ainda dominado por funcionários nomeados pelo ex-presidente Hosni Mubarak.
A frente opositora quer que Mursi revogue o decreto que colocou suas decisões acima de contestações judiciais e adie o referendo. Além disso, pede que a Constituição seja redigida novamente, uma vez que foi aprovada às pressas por uma assembleia dominada por islâmicos, e com a oposição dos liberais.
Said afirmou que a coalizão se posicionou contra as conversações porque Mursi declarou que iria levar adiante o referendo e predeterminou a agenda ao apontar partes de seu decreto que poderiam ser emendadas, mesmo antes do início do diálogo.
"É este um ambiente para as pessoas dizerem "sim" ou "não" a um documento que vai dividi-las em vez de unificá-las?", perguntou ele, acrescentando que a votação no referendo iria começar no sábado, o que significa que já estava em andamento.
O Ministério de Relações Exteriores anunciou em sua página oficial no Facebook que no sábado teria início a votação no exterior.