Oposição egípcia tem nacionalistas, esquerdistas e islamitas
Grupos opositores fizeram um comunicado exigindo a saída de Mubarak para iniciarem negociações com o governo
Da Redação
Publicado em 1 de fevereiro de 2011 às 18h43.
Cairo - A oposição ao regime do presidente egípcio, Hosni Mubarak, inclui partidos nacionalistas, nasseristas, socialistas ou islamitas, e personalidades da sociedade civil, como o ex-prêmio Nobel da Paz Mohamed ElBaradei.
Grande parte dessa oposição, incluindo ElBaradei e seus partidários ou os islamitas da Irmandade Muçulmana, faz parte de um comitê que divulgou nesta terça-feira sua negativa em negociar caso Mubarak não renuncie.
- Os partidos laicos legais de oposição são cerca de 20. A maioria deles é de grupos pequenos e têm uma representação parlamentar limitada (15 cadeiras num total de 518).
O mais conhecido é o Novo Wafd, criado em 1978, inspirado no Wafd, que foi fundado no início do século XX e foi durante muito tempo o principal partido nacionalista do país.
Também está o partido Al Ghad, do opositor Ayman Nur, que se apresentou contra Mubarak nas eleições presidenciais de 2005, assim como várias formações de esquerda socialista ou herdeiras do ex-presidente Gamal Abdel Nasser (1954-1970).
- Os islamitas estão dominados pela Irmandade Muçulmana, fundada em 1928. Esta confraria está proibida e não constitui uma formação política, já que a Constituição não autoriza os partidos baseados em crenças religiosas.
Concretamente, se tolera a Irmandade Muçulmana, que sofreu prisões em massa em mais de uma oportunidade e está muito bem implantada em instituições de caridade ou sindicais.
Considerado o principal movimento opositor, obteve 88 cadeiras nas eleições legislativas de 2005. Em 2010, perdeu sua representação parlamentar, depois de retirar-se das eleições entre o primeiro e segundo turno alegando ocorrência de fraude.
- Entre os movimentos originados na sociedade civil se encontra a Associação Nacional para a Mudança, de ElBaradei, ex-diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que se considera uma entidade integrada por personalidades ou movimentos de todo tipo que reclamam reformas democráticas.
Também está o Movimento de Jovens de 6 de Abril, cujo nome provém de um levante operário no delta do Nilo em 2008, e que está presente principalmente na internet, mais ainda no Facebook.
O movimento Kefaya (Basta!) foi fundado em 2004 por militantes antigovernamentais e multiplicou os protestos até que foram realizadas as eleições de 2005, depois do que ficou menos visível.