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Oposição bloqueia ruas para promover plebiscito contra Maduro

À margem do poder eleitoral, os opositores realizarão um plebiscito simbólico, confiantes de que a votação mostrará uma rejeição em massa à Constituinte

Protestos na Venezuela: grupos de opositores participam do "grande bloqueio", que já dura dez horas (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

Protestos na Venezuela: grupos de opositores participam do "grande bloqueio", que já dura dez horas (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

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AFP

Publicado em 10 de julho de 2017 às 18h36.

Opositores venezuelanos bloquearam nesta segunda-feira as ruas em diversas cidades do país para promover o que chamam de ofensiva final contra o presidente Nicolás Maduro: um plebiscito que realizarão no domingo contra a Assembleia Constituinte convocada pelo mandatário.

Com cordas, veículos e barricadas de árvores e de lixo, grupos de opositores participam do "grande bloqueio", que já dura dez horas, para aumentar a pressão contra o governo e impulsionar a consulta.

"Este povo está decidido a continuar a luta pela liberdade. No domingo haverá o ato de desobediência civil mais importante da história da Venezuela", declarou Freddy Guevara, vice-presidente do Parlamento, de maioria opositora, em um bloqueio no leste de Caracas.

À margem do poder eleitoral, ao qual acusam de servir ao governo, os opositores realizarão um plebiscito simbólico, confiantes de que a votação mostrará uma rejeição em massa à Constituinte convocada por Maduro para, segundo eles, perpetuar-se no poder.

Animados com a transferência de Leopoldo López da prisão, após três anos e cinco meses, para cumprir pena domiciliar, os opositores dizem que continuarão nas ruas contra a Constituinte, pela libertação plena de 431 "presos políticos" que dizem haver na Venezuela e pela saída de Maduro.

"A (soltura) de Leopoldo é um passo, temos que continuar por todos os presos e até que haja eleições gerais. Este governo quer nos matar de fome. No domingo verá que não tem apoio. Aqui não há medo", disse à AFP Miguel Vielma, universitário de 18 anos.

Liberdade plena para López

A defesa do líder opositor venezuelano Leopoldo López pediu nesta segunda-feira ao Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) o acesso à sentença que determinou sua prisão domiciliar, a fim de preparar ações legais por sua liberdade plena.

Em frente à Suprema Corte, Juan Carlos Gutiérrez, advogado de López, disse a jornalistas que não recebeu da corte o texto da sentença, motivo pelo qual desconhece o "alcance da medida" e as "restrições" dos direitos do dirigente político.

Quando tiver acesso à sentença para analisá-la, a defesa pretende apresentar recursos que "impliquem na nulidade absoluta, plena e inequívoca" do processo e de sua condenação, que leve, à "liberdade plena" de López, manifestou Gutiérrez.

O jurista assegurou que o caso "foi uma cadeia incessante e constante de violações graves ao devido processo legal".

De qualquer forma, Gutiérrez disse ter recomendado a López "absoluta prudência nas palavras", o que explica ele não ter feito qualquer declaração à imprensa ou emitido uma mensagem no Twitter.

"Não queremos uma Síria"

O governo afirma que nada atrapalhará a Constituinte, cujos 545 integrantes serão eleitos no dia 30 de julho. Em todos os estados do país, milhares de apoiadores, vestidos de vermelho, participam nesta segunda-feira de atos de campanha.

"Não queremos mais guerra, não queremos uma Síria. Podemos estar chateados com revolução por certas coisas que não estão funcionando, mas todo o povo chavista tem que votar", disse Steven Márquez, em um desses atos.

Em outra concentração, a esposa de Maduro, Cilia Flores, candidata à Constituinte, assim como o filho do presidente, criticou "os loucos" que "se empenham em fechar as ruas e falam de democracia".

"Quem não quer a paz são os loucos, os irracionais, os fascistas, um grupinho muito pequeno, mas que causa muitos danos. A Constituinte trará paz", disse a primeira-dama.

Maduro assegura que com a Constituinte, um supra poder que regirá o país por tempo indeterminado, virá a estabilidade política e econômica.

Segundo o instituto de pesquisa Datanálisis, cerca de 70% dos venezuelanos não concordam com a Constituinte, e 80% rejeita o governo do presidente socialista.

"Estamos mais perto"

A oposição garante que os resultados do plebiscito, para o qual instalarão 1.700 centros de votação, serão o "marco zero" de manifestações simultâneas e maciças em todo o país, sem descartar uma greve geral.

"Vou continuar na rua. Agora que estamos mais perto não podemos parar. Espero que no domingo o país inteiro não tenha medo e se mova contra essa Constituinte com a qual Maduro quer o poder absoluto. A Venezuela será uma Cuba", declarou Zambrano à AFP.

Chavistas críticos ao governo, incluindo vários ex-ministros do falecido presidente Hugo Chávez (1999-2013), expressaram no último domingo sua rejeição à Constituinte e consideraram "legítima" a consulta opositora.

A procuradora-geral, Luisa Ortega, figura mais forte do chavismo a se opôr à Constituinte, garante que essa iniciativa destruirá o legado de Chávez e violenta a democracia porque não se perguntou em plebiscito se os venezuelanos gostariam de mudar sua Carta Magna.

Até a terça-feira, o Tribunal Supremo de Justiça (TJS) decidirá se processará Ortega.

Uma destituição da procuradora - chamada de "traidora" por Maduro - desataria outra chuva de críticas contra o governo, após a tormenta da semana passada pela irrupção violenta de um grupo chavista no Parlamento.

"Pedido da Igreja católica"

Em carta dirigida a Maduro e divulgada nesta segunda-feira, a Igreja católica pediu que o presidente "retire" sua convocatória à Assembleia Constituinte.

A Conferência Episcopal (CEV), que na última sexta-feira considerou o governo uma "ditadura", incluiu o pedido em uma série de sugestões para resolver a crise política.

Para os bispos venezuelanos, que celebram sua assembleia anual, é "urgente" que Maduro desista da Constituinte se quiser resolver a escassez de alimentos e medicamentos, os problemas de segurança e "devolver" ao país a institucionalidade democrática.

A CEV também pediu a Maduro que "reconheça a autonomia de todos os poderes públicos".

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