Mediador da ONU, Staffan de Mistura: "Desta vez tentarei aplicar um enfoque pragmático, reuniões mais íntimas, salas menores nas quais possamos nos olhar nos olhos" (Denis Balibouse/Reuters)
EFE
Publicado em 12 de maio de 2017 às 15h55.
Genebra - O mediador da ONU nas negociações de paz para a Síria, Staffan de Mistura, afirmou que tentará que na nova rodada de conversações, que acontecerá na próxima semana, em Genebra, o governo e a oposição ao regime de Bashar al Assad se aproximem mais uns dos outros, sem entrar em deliberações diretas.
"Desta vez tentarei aplicar um enfoque pragmático, reuniões mais íntimas, salas menores nas quais possamos nos olhar nos olhos", explicou o representante das Nações Unidas.
No entanto, ele disse que continuarão a ser realizadas reuniões de "aproximação", e não negociações diretas, porque as condições para isto ainda não estão consolidadas.
Esta nova rodada de negociações durará somente quatro dias, de 15 a 19 de maio, para tentar aproveitar circunstâncias políticas e militares, e se antecipar ao início do Ramadã.
De Mistura contou que as reuniões de alto nível de Estados Unidos com Rússia e Turquia, nas quais o conflito sírio é um tema central, assim como a próxima reunião do G7, no final de maio, na Itália, podem ter um "potencial" efeito positivo na busca da paz para o país árabe.
O mediador também deseja aproveitar a oportunidade do acordo alcançado na semana passada em Astana (Cazaquistão) para a criação de áreas de distensão, coincidentes com os lugares onde o cessar-fogo - em vigor desde dezembro de 2016 - foi violado de forma continua nos últimos meses.
"Todos sabemos que nenhum cessar-fogo ou distensão funcionará a menos que haja um horizonte político", comentou.
"O Ramadã não é uma razão para paralisar as conversas, mas certamente tem um impacto", acrescentou De Mistura, em relação ao mês de jejum muçulmano que começa em 26 de maio.
Sobre o acordo de Astana e seu impacto nas negociações entre o governo sírio e a oposição, o mediador defendeu sua importância, apesar de ainda não estar claro como será aplicado, quem assumirá a responsabilidade de supervisionar seu cumprimento e que papel terá a ONU, caso lhe seja atribuído algum.
"Houve assinaturas colocadas (pela primeira vez) em um papel por parte dos três fiadores (Rússia, Turquia e Irã), e isso simboliza mais que uma simples declaração", opinou.
De Mistura reconheceu que a oposição mostrou uma forte desconfiança em relação ao acordo, mas destacou que não é certo que todos os grupos armados sírios que foram convidados a Astana o tenham rejeitado em bloco.
"Alguns membros da oposição abandonaram a sala (no momento da assinatura), mas a maioria, e eu estava lá, permaneceram em seus assentos e participaram da cerimônia", disse.