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ONU quer criar canal de comunicação com Coreia do Norte

Relator disse que a comunicação com as autoridades locais é fundamental na hora de conhecer a situação dos direitos humanos no país

Kim Jong-un: Assembleia Geral da ONU condenou no último dia 15 as "sistemáticas, generalizadas e graves violações dos direitos humanos" na Coreia do Norte (KCNA/Reuters)
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EFE

Publicado em 22 de novembro de 2016 às 10h02.

Seul - O novo relator especial sobre direitos humanos na Coreia do Norte , o argentino Tomás Ojea Quintana, disse nesta terça-feira em Seul que tratará de estabelecer um "canal de comunicação" com o regime de Kim Jong-un para ter acesso à informação sobre os abusos à população.

"É necessário criar um canal de comunicação com as autoridades da DPRK (República Democrática de Coreia, nome oficial da Coreia do Norte). É minha obrigação como relator", afirmou Ojea em entrevista coletiva que pôs fim à sua primeira visita à Coreia do Sul, que se prolongou durante uma semana.

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Designado pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU em agosto, Ojea partirá na quinta-feira ao Japão, onde permanecerá até 26 de novembro, na sua segunda escala de uma visita de 10 dias ao Nordeste da Ásia para obter informação de primeira mão sobre a situação na Coreia do Norte.

O enviado garantiu que, dada sua experiência anterior como relator em Mianmar (Mianmar), a comunicação com as autoridades locais é fundamental na hora de conhecer de primeira mão a situação dos direitos humanos no país, embora especificou que no caso da Coreia do Norte vai ser mais complicado.

"A prestação de contas (do líder Kim Jong-un e seu governo pelas violações de direitos humanos) é muito importante e permanece em nossa agenda", expressou Ojea, que reconheceu a dificuldade de abrir qualquer tipo de comunicação com o regime ao mesmo tempo que pede que o líder seja julgado no Tribunal Penal Internacional (TPI).

A Assembleia Geral da ONU condenou no último dia 15 as "sistemáticas, generalizadas e graves violações dos direitos humanos" na Coreia do Norte e chamou o Conselho de Segurança a remeter o país ao TPI, algo que Pyongyang rejeitou com contundência ao considerar uma manobra dos Estados Unidos.

Em sua primeira viagem a Seul, o relator especial se reuniu com autoridades locais, com ONGs e com refugiados da Coreia do Norte, entre eles alguns que deixaram seu país recentemente na busca de liberdade ou prosperidade no Sul.

Sobre estes últimos, Ojea destacou que, cada vez mais, os desertores norte-coreanos "são conscientes de seus direitos e seu desejo de liberdade" inclusive antes de escapar, apesar do bloqueio midiático imposto por Pyongyang a seus cidadãos.

Desde a criação do mandato do relator especial em 2004, os sucessivos titulares da pasta solicitaram visitar a Coreia do Norte, mas até agora ninguém teve o acesso concedido.

Apesar disto, a proximidade geográfica, o idioma comum e o acesso às vítimas e testemunhas de todo tipo de abusos perpetrados supostamente pelo regime comunista permitirão ao especialista fazer um completo relatório que apresentará ao Conselho de Direitos Humanos em março de 2017.

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