ONU pede à Colômbia garantias para eleição de procurador-geral
Suprema Corte do país deveria ter nomeado um promotor em dezembro, mas fracassou por falta de acordo
Agência de notícias
Publicado em 14 de fevereiro de 2024 às 15h43.
As Nações Unidas pediram nesta quarta-feira, 14, ao governo colombiano que garanta as condições para a eleição de um novo procurador-geral "sem interferência", após um cerco de partidários do presidente Gustavo Petro contra os magistrados que elegeram o novo chefe do Ministério Público.
A Suprema Corte de Justiça (CSJ) deveria ter nomeado um promotor em dezembro para substituir Francisco Barbosa, um forte crítico do presidente esquerdista, mas, por falta de um acordo, o órgão judicial ficou sob o comando interino de sua vice-procuradora e aliada, Martha Mancera.
As manifestações convocadas por Petro levaram, na tarde de quinta-feira, a um bloqueio de acesso ao prédio onde os juízes estavam deliberando sobre a nomeação, que a mais alta corte do país descreveu como um "bloqueio violento e ilegal".
O escritório de direitos humanos da ONU "pede ao Estado, particularmente ao governo, que forneça garantias para que a Suprema Corte de Justiça possa concluir a seleção de um novo promotor, sem interferência de qualquer tipo", pediu a organização em um comunicado.
A ONU também pediu que a Suprema Corte "conclua o processo de seleção de um novo promotor no menor tempo possível".
Na segunda-feira, chegou ao fim o mandato de procurador-geral de Barbosa, a quem Petro acusou de tentar derrubá-lo ao manipular uma investigação sobre doações para sua campanha eleitoral que o levou ao poder.
O Gabinete do Procurador-Geral tem um "papel transcendental" na garantia do "acesso à justiça, consolidação democrática e Estado de Direito", disse a ONU.
Para a ONU, a seleção do promotor "deve obedecer aos critérios de transparência, publicidade, não discriminação, acesso à informação, treinamento, mérito e não interferência".
O tribunal superior votará novamente sobre a lista de candidatos, todos eles mulheres, em 22 de fevereiro.
"A ONU pede a eleição de um novo promotor. Não é mais apenas o povo da Colômbia que é o verdadeiro soberano, mas agora é o mundo. É uma questão de cumprir a Constituição e a decência", reagiu Petro, que criticou o atraso na eleição em várias ocasiões.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) também pediu no dia anterior a escolha do procurador-geral "o mais rápido possível" para evitar "o enfraquecimento do sistema judiciário" na Colômbia.