ONU diz que 30 crianças morreram em bombardeio das forças afegãs em abril
Cerca de 36 pessoas morreram, entre ela 30 crianças, no bombardeio do exército do Afeganistão no início de abril
EFE
Publicado em 7 de maio de 2018 às 11h01.
Última atualização em 7 de maio de 2018 às 11h10.
Cabul - Pelo menos 36 pessoas, entre elas 30 crianças, morreram em 2 de abril em um bombardeio da força aérea do Afeganistão na província de Kunduz, no norte do país, que também deixou 71 feridos, diz um relatório sobre o incidente apresentado nesta segunda-feira pela missão da ONU no Afeganistão (Unama).
O relatório afirma que no dia 2 de abril helicópteros da força aérea afegã lançaram uma operação contra a cidade de Laghmani, no distrito de Dasht-e-Archi, na qual utilizaram mísseis e metralhadoras pesadas durante uma cerimônia religiosa próxima de uma madraça, uma escola de ensinamentos islâmicos.
"A Unama verificou 107 vítimas (36 mortos e 71 feridos) (...) dos quais 81 eram crianças (30 mortos e 51 feridos)", afirmou a ONU em seu relatório, elaborado com base em 90 entrevistas a vítimas, testemunhas, funcionários e pessoal médico, e em uma missão de reconhecimento ao local, entre outras fontes.
Não obstante, a Unama afirmou que recebeu "informação crível" de que o bombardeio produziu pelo menos 122 vítimas (38 mortos e 84 feridos), causando a morte de 30 crianças e ferimentos em 57.
"A Unama adverte que os números apresentados neste relatório podem não ser exaustivos devido às exigentes referências de verificação e às dificuldades para conseguir informação", acrescentou o relatório.
O governo afegão informou em 2 de abril que realizou um bombardeio contra uma reunião de insurgentes em Dasht-e-Archi, que teria causado a morte de 45 insurgentes.
No entanto, as denúncias de que o bombardeio tinha sido efetuado contra uma madraça e as notícias de crianças chegando aos hospitais da capital provincial, Kunduz, levaram à abertura de investigações por parte do governo afegão e da Unama.
Posteriormente, o governo reconheceu um número indeterminado de baixas civis, mas garantiu que essas mortes foram causadas por disparos dos insurgentes e não pelo fogo dos helicópteros militares.
"A Unama não pôde confirmar o status civil de cada indivíduo morto ou ferido, nem a missão está em situação de determinar a presença ou ações de líderes ou unidades talibãs no momento do bombardeio", diz o relatório apresentado hoje.
Segundo a Unama, no ano passado 3.438 civis morreram e 7.015 ficaram feridos no Afeganistão como consequência do conflito, um número ligeiramente inferior às 11.434 vítimas de 2016 (3.510 mortos e 7.924 feridos).