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ONU denuncia uso de crianças em atentados do Estado Islâmico

Jihadistas usam crianças com idades abaixo de 13 anos para levar armas, prender civis e manter lugares estratégicos

Manifestantes protestam contra EI em Londres: jihadistas usam crianças em atentados (Leon Neal/AFP)

Manifestantes protestam contra EI em Londres: jihadistas usam crianças em atentados (Leon Neal/AFP)

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Da Redação

Publicado em 8 de setembro de 2014 às 16h39.

Genebra - Cerca de 700 crianças foram mortas ou sofreram mutilações no Iraque desde o início deste ano, muitas delas usadas em atentados suicidas pelos jihadistas do Estado Islâmico (EI), informou nesta segunda-feira Leila Zerrougui, representante especial da ONU para a infância e conflitos armados.

"Os jihadistas usam crianças em idades que dificilmente chegam a 13 anos para levar armas, manter lugares estratégicos e prender civis (...) Outras crianças participam de ataques suicidas", afirmou Zerrougui em uma sessão do Conselho de Segurança para tratar do tema.

Zerrougui também citou o recrutamento de crianças-soldado pelas milícias aliadas ao governo iraquiano, acusando também o governo iraquiano de prender inúmeras crianças sem motivos claros.

"Estou consternada com o desprezo total pela vida humana demonstrado pelo Estado Islâmico durante seu rápido avanço na Síria e no Iraque", destacou ainda.

Em Genebra, o alto comissário para direitos humanos da ONU, o jordaniano Zeid Ra'ad al-Hussein, também denunciou as barbaridades cometidas pelos ultra-radicais do Estado Inslâmico. Em seu discurso inaugural, Hussein afirmou que os combatentes jihadistas querem criar um mundo sanguinário.

"Como pode funcionar no futuro um Estado takfiri? (termo que designa os extremistas sunitas). Seria um mundo violento, mal-intencionado, onde não haveria sombra nem refúgio para os que não forem takfiri", declarou Hussein na abertura da 27ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra.

O sucessor da sul-africana Navy Pillay afirmou que é uma "prioridade imediata e absoluta" acabar com os conflitos no Iraque e na Síria, onde o grupo jihadista Estado Islâmico "demonstrou sua indiferença absoluta e deliberada aos direitos humanos".

Embora o avanço do EI tenha sido contido graças a uma contra-ofensiva das forças iraquianas e curdas em coordenação com bombardeios aéreos dos Estados Unidos, os jihadistas continuam chocando o mundo com a brutalidade de seus ataques e execuções.

Uso de armamento americano

De acordo com um relatório divulgado nesta segunda-feira em Londres, o EI tem combatido com armas americanas apreendidas do Exército iraquiano ou destinadas à oposição moderada ao regime do presidente sírio, Bashar al-Assad.

O estudo "Conflict Armament Research" baseou sua análise nas armas apreendidas pelas forças curdas de combatentes do EI no Iraque e na Síria durante um período de dez dias em julho.

Entre as armas apreendidas, está uma "quantidade significativa" de fuzis M-16 que estava em poder dos jihadistas.

Foguetes antitanques usados pelo EI na Síria são "idênticos aos foguetes M79 fornecidos pela Arábia Saudita às forças que operam sob a bandeira do Exército Sírio Livre", acrescentou o relatório. Esses foguetes foram fabricados na antiga Iugoslávia na década de 80.

No Iraque, o Estado Islâmico teve acesso a armas e equipamento militar americano abandonados pelo Exército iraquiano em suas posições no norte do país.

Durante a tomada de Mossul, maior cidade do norte do Iraque, os jihadistas tomaram veículos blindados americanos chamados Humvees.

Estes veículos, agora alvos de ataques aéreos americanos, eram utilizados de acordo com vários relatórios em atentados suicidas contra soldados iraquianos.

Os Estados Unidos investiram sete bilhões de dólares para armar e treinar o Exército iraquiano e garantir a segurança do país após a saída das tropas americanas no final de 2011.

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