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ONU denuncia Israel por "mortes indiscriminadas" nos protestos de Gaza

Ministério da Saúde palestino eleva o número total de mortos a 60 e o de feridos a 2,7 mil, metade deles por bala ou estilhaços

Faixa de Gaza: ONU denunciou, nesta terça-feira, que Israel mata de uma forma que "parece indiscriminada" (Ibraheem Abu Mustafa/Reuters)

Faixa de Gaza: ONU denunciou, nesta terça-feira, que Israel mata de uma forma que "parece indiscriminada" (Ibraheem Abu Mustafa/Reuters)

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EFE

Publicado em 15 de maio de 2018 às 08h38.

Genebra - O Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos denunciou, nesta terça-feira, que Israel mata de uma forma que "parece indiscriminada" e lembrou que querer pular ou danificar uma cerca de fronteira não justifica o uso de munição letal

"Parece que qualquer um pode ser assassinado ou ferido; mulheres, crianças, repórteres, pessoal de primeiros socorros. Qualquer um que se aproxime mais de 700 metros da cerca. Dispararam em uma pessoa sem as pernas, quão ameaçador por ser um amputado?", afirmou o porta-voz em Genebra do Escritório, Rupert Colville.

"Parece bastante claro que está matando de forma indiscriminada", precisou Colville.

"O uso da força letal deve ser o último recurso, não o primeiro, e deve responder a uma ameaça à vida. A tentativa de pular ou danificar uma cerca, ou lançar coquetéis molotov, não é claramente uma ameaça de morte", ressaltou o porta-voz.

Colville especificou que o fato de não haver "ameaça real de morte" contra o Exército israelense é demonstrado no número de feridos de Israel: um soldado.

"A comparação de números fala por si só", lembrou Colville, que citou que de acordo com informações verificadas pela ONU, 58 pessoas morreram, entre elas seis crianças e um trabalhador da área da saúde; e 1.360 pessoas ficaram feridas por munição letal, das quais 155 estão em condição crítica e podem morrer a qualquer momento.

O Ministério da Saúde palestino eleva o número total de mortos a 60 e o de feridos a 2,7 mil, metade deles por bala ou estilhaços.

Desde 30 de março, as diversas facções palestinas convocaram manifestações semanais para reivindicar o direito de retorno às terras das quais foram expulsos ou fugiram com a guerra e criação do Estado de Israel em 1948, que completou ontem 70 anos.

Ontem, além disso, os palestinos se manifestaram contra a inauguração da Embaixada dos EUA em Jerusalém e no marco da Grande Marcha do Retorno.

"Lembramos em inúmeras ocasiões a Israel as leis internacionais e várias vezes estás normas são ignoradas", denunciou o porta-voz.

Colville lembrou que o alto comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad al Hussein, definiu o que ocorre em Gaza como "mortes ilegais" porque a Faixa é um território ocupado por Israel, e é uma violação da quarta Convenção de Genebra, o tratado que rege a atuação em zonas de conflito.

Ao mesmo tempo, Colville definiu a situação em Gaza de "pesadelo", dada a falta de camas em hospitais e de pessoas para tratá-los e denunciou que "Israel, mais uma vez, não deixou palestinos feridos sair para obter tratamento em outro local".

O porta-voz do Escritório de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA), Jens Laerke, confirmou que Israel segue "controlando" a saída desde Gaza e que a situação sanitária é "uma tragédia" dada a falta de capacidade para atender "centenas de feridos" e que estão ficando sem materiais essenciais e ficarão sem combustível em menos de uma semana.

Tariq Jasarevic, porta-voz da Organização Mundial da Saúde (OMS), acrescentou que a capacidade de reação dos hospitais de Gaza está em mínimos há uma década por causa do bloqueio israelense à Faixa, e que um de cada cinco remédios essenciais se esgotaram e são urgentes tantos antibióticos para tratar os feridos como tratamentos para o câncer.

Segundo a apuração da ONU, desde que começaram os protestos morreram 112 pessoas, entre elas 14 crianças.

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