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ONU denuncia crimes de guerra na Síria após ataque

O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu uma "investigação clara" sobre o suposto ataque químico ocorrido em Khan Sheikhun

António Guterres: a oposição síria foi a primeira a acusar o "regime criminoso" de Bashar al-Assad de ter executado o ataque (Denis Balibouse/Reuters)

António Guterres: a oposição síria foi a primeira a acusar o "regime criminoso" de Bashar al-Assad de ter executado o ataque (Denis Balibouse/Reuters)

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AFP

Publicado em 5 de abril de 2017 às 09h31.

Última atualização em 5 de abril de 2017 às 09h32.

O suposto ataque químico que matou pelo menos 72 civis em uma cidade rebelde do noroeste da Síria mostra que "crimes de guerra" continuam ocorrendo naquele país, afirmou nesta quarta-feira o secretário-geral da ONU, António Guterres.

"Os horríveis acontecimentos de ontem (terça-feira) demonstram, infelizmente, que os crimes de guerra continuam na Síria e que o direito internacional humanitário é violado frequentemente", disse Guterres ao chegar a Bruxelas, onde acontece uma conferência sobre o conflito sírio.

A oposição síria foi a primeira a acusar o "regime criminoso" de Bashar al-Assad de ter executado o ataque com "obuses" que continham "gás tóxico", acusações negadas por Damasco.

Estados Unidos, Reino Unido e França também acusaram o regime de Assad. Mas para a Rússia, a aviação de síria bombardeou na região de Khan Sheikhun um "depósito terrorista" onde eram armazenadas "substâncias tóxicas" destinadas a combatentes no Iraque

Washington, Londres e Paris apresentaram na terça-feira um projeto de resolução ao Conselho de Segurança que condena o ataque químico na Síria e exige uma investigação completa e rápida.

Neste sentido, Guterres pediu uma "investigação clara", afirmou que a ONU deseja estabelecer responsabilidades por estes crimes e expressou confiança de que o Conselho de Segurança estará "à altura de suas responsabilidades".

"Espero que seja aprovada uma resolução que condene, peça a verdade, deduza as responsabilidades, e que o direito de veto não seja utilizado mais uma vez", afirmou o chanceler francês, Jean-Marc Ayrault.

Moscou e Pequim bloquearam em fevereiro uma resolução com sanções a Damasco.

Ao menos 72 pessoas morreram, incluindo 20 crianças, de acordo com um balanço atualizado divulgado nesta quarta-feira pelo Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

O ataque aconteceu no reduto rebelde da cidade de Khan Sheikhun, na província de Idlib.

O ministro britânico das Relações Exteriores, Boris Johnson, afirmou que "todas as provas" apontam para o regime de Bashar al-Assad como responsável pelo suposto ataque.

"Todas as provas que vi sugerem que foi o regime de Al-Assad... usando armas ilegais contra seu próprio povo", disse Johnson em Bruxelas.

"É a confirmação de que se trata de um regime bárbaro que torna impossível aos nossos olhos que imaginar que possa ter a menor autoridade na Síria após o fim do conflito", completou o ministro britânico.

A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, pediu um grande esforço a favor das negociações de paz sobre a Síria em Genebra, que tem a mediação da ONU.

"Temos que unir a comunidade internacional nas negociações", declarou Mogherini

Bruxelas recebe uma conferência internacional sobre o futuro da Síria após o conflito, assim como para monitorar as doações internacionais comprometidas até o momento.

O secretário-geral da ONU disse que "a maior parte d do dinheiro prometido nas sucessivas conferências de ajuda à Síria foi realmente entregue".

"O problema é que não é suficiente", completou Guterres.

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