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Para ONU crime organizado ameaça paz e desenvolvimento

Viena - O crime organizado se tornou globalizado e ganhou poder a ponto de representar uma ameaça mundial para a estabilidade e a paz, alertou hoje a ONU. "O crime internacional se transformou em uma ameaça à paz e ao desenvolvimento, inclusive à soberania das nações", advertiu o diretor do Escritório das Nações Unidas sobre […]

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Da Redação

Publicado em 17 de junho de 2010 às 14h47.

Viena - O crime organizado se tornou globalizado e ganhou poder a ponto de representar uma ameaça mundial para a estabilidade e a paz, alertou hoje a ONU.

"O crime internacional se transformou em uma ameaça à paz e ao desenvolvimento, inclusive à soberania das nações", advertiu o diretor do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), Antonio Maria Costa, no relatório "A Globalização do Crime: uma avaliação da ameaça do crime organizado além das fronteiras".

"Os criminosos utilizam as armas e a violência, mas também o dinheiro e os subornos para comprar eleições, políticos e poder, inclusive os militares", acrescenta.

Os números que a ONU publica são alarmantes: o tráfico de cocaína gera US$ 72 bilhões por ano, enquanto a heroína gera US$ 55 bilhões, e o contrabando de imigrantes US$ 6,6 bilhões.

As estimativas do organismo internacional cifram em US$ 38 bilhões o valor por ano da cocaína que chega à América do Norte procedente da região andina, enquanto a mesma droga enviada à Europa gera US$ 34 bilhões.

No entanto, somente uma pequena parte desse valor fica nos países de origem. No caso da heroína no Afeganistão, por exemplo, apenas US$ 2,3 bilhões - 5% do total - ficam nas mãos dos moradores do país, sejam eles camponeses, intermediários ou insurgentes.

Ainda segundo a ONU, 70% do dinheiro procedente da cocaína fica nas mãos dos traficantes intermediários nos países de consumo, enquanto o restante vai para as nações produtoras e intermediárias.

Outros crimes que geram muito dinheiro são as falsificações de produtos, que rendem às máfias US$ 9,8 bilhões ao ano. A maioria destes bens é produzida na Ásia e vendida na Europa.

As falsificações também ameaçam a saúde das pessoas: a ONU calcula que a metade dos remédios na África e no Sudeste Asiático são falsos, com a consequência de que, em vez de curar, podem piorar as doenças.

Crimes ecológicos como a poda e venda de madeira protegida e o sacrifício ilegal de milhares de elefantes por causa do marfim também enchem os bolsos das máfias, com mais de US$ 3,5 bilhões por ano.

O destino de milhares de pessoas está igualmente nas mãos do crime organizado. Somente na Europa há 140 mil pessoas privadas de liberdade, exploradas sexualmente ou submetidas a trabalhos forçados.

Para entrar de forma ilegal nos EUA e Europa, milhões de pessoas confiam sua sorte a traficantes de pessoas, que impõem preços e condições abusivas aos emigrantes.

O relatório não oferece apenas um diagnóstico da situação, mas também algumas possíveis soluções, como tentar reduzir os fundos financeiros que permitem a lavagem do dinheiro do crime organizado.

"A aplicação da lei contra os grupos mafiosos não vai acabar com as atividades ilícitas se os mercados subjacentes continuarem livres de abordagem, incluindo o Exército de criminosos de colarinho-branco, que os encobrem e 'limpam' suas rendas", ressalta o relatório.

Cumprir os Objetivos do Milênio também seria um antídoto contra o crime organizado, já que o desenvolvimento reduz o poder das máfias, que se beneficiam das necessidades das pessoas.

De qualquer maneira, a magnitude do problema impede uma resposta exclusivamente nacional, e por isso a ONU solicita uma maior cooperação internacional e a adoção de instrumentos internacionais como a Convenção contra o Crime Organizado Transnacional.

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