O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon: ele denunciou hoje a devastação em Gaza causada por Israel (Gali Tibbon/AFP)
Da Redação
Publicado em 28 de julho de 2014 às 17h13.
Nações Unidas - O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, renovou nesta segunda-feira o pedido de um cessar-fogo em Gaza e denunciou a devastação causada pela intervenção militar de Israel na faixa, onde disse estar uma situação "crítica".
"As pessoas de Gaza não tem para onde fugir. Estão presas e sitiadas", disse Ban na sede das Nações Unidas, após retornar de uma longa viagem pelo Oriente Médio para promover o fim da violência entre israelenses e palestinos.
Segundo o diplomata coreano, a trégua humanitária observada no fim de semana deu fôlego à população, mas também revelou "o quanto o ataque em massa israelense devastou a vida do povo de Gaza".
"Vimos cenas de destruição indiscriminada. Alguns as descreveram como um "furacão causado pelo homem", com bairros inteiros reduzidos a escombros, cascalhos, prédios residenciais esmagados, corpos ainda enterrados sob montanhas de destroços retorcidos", denunciou.
"Os números de vítimas e de danos colocam sérias dúvidas sobre a proporcionalidade" da atuação armada de Israel, acrescentou.
Ban reconheceu que o país tem direito de se defender dos ataques que sofre, mas lembrou que também é sua responsabilidade proteger a população palestina por sua condição de "potência ocupante".
Nesse sentido, ele lembrou que mais de 173 mil cidadãos de Gaza buscaram refúgio em instalações da missão da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA), o que representa 10% da população de Gaza coberta pela bandeira da ONU.
"Repito meu pedido a Israel e a todas as partes para garantirem a segurança destes lugares", frisou, cobrando que seja assumida responsabilidade pelo ataque a uma escola da UNRWA em Beit Hanoun, no norte de Gaza, e que quem cometeu esse "degradante crime" responda por isso.
Ban, que também condenou os ataques do Hamas contra o território israelense, pediu às duas partes um novo cessar-fogo por mais 24 horas, iniciativa na qual os dois lados mostraram interesse, mas ainda sem acordo.
"Israelenses e palestinos têm responsabilidade de parar os combates agora, de iniciar já um diálogo e de tratar as raízes (do conflito) para que finalmente se rompa o interminável ciclo de sofrimento sem sentido", declarou.
Segundo o secretário-geral da ONU, tudo depende da "vontade política" das duas partes, a cujos líderes pediu "humanidade" para terminar com o sofrimento da população civil.
Ban contou que esteve nas últimas horas em contato com o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, e com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que hoje se mostrou crítico com a declaração aprovada à noite pelo Conselho de Segurança que exigia um cessar-fogo.
Segundo Netanyahu, o documento estipulado pelos 15 membros do principal órgão de decisão das Nações Unidas não aborda "as necessidades de segurança de Israel", que também criticou que o texto não mencione o Hamas em nenhum momento.
A representação palestina na ONU também se mostrou insatisfeita com a declaração, especialmente por não se tratar de uma resolução e, portanto, não ter caráter vinculativo.
O Conselho, habitualmente dividido sobre o conflito palestino-israelense, se colocou de acordo em uma sessão de emergência na meia-noite do domingo da segunda-feira para exigir um "cessar-fogo humanitário imediato e incondicional".