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Da Redação
Publicado em 8 de agosto de 2014 às 17h38.
O Conselho de Segurança da ONU pediu nesta sexta-feira às partes em conflito no Sudão do Sul que avancem nas conversas de paz e avisou que está disposto a impor sanções se não forem dados passos para acabar com a violência no país.
Em declaração não-vinculativa, o principal órgão de decisão das Nações Unidas condenou as repetidas violações do acordo de cessar-fogo assinado em janeiro e qualificou de "inaceitáveis" as ações empreendidas pelo presidente, Salva Kiir, e pelo líder rebelde, Riek Machar, de tentarem se impor pela via militar.
O Conselho cobrou um avanço nas negociações, que acontecem em Adis-Abeba, para pôr fim ao conflito e para pactuar um governo transitório de união nacional antes de 10 de agosto.
O Conselho avisou que está pronto para considerar, em coordenação com órgãos como a União Africana, sanções "contra aqueles que deem passos que minem a paz, a estabilidade e a segurança do Sudão do Sul".
A advertência chegou depois de esta semana os rebeldes sul-sudaneses faltarem à rodada de negociações de paz com o governo, retomada em meio aos avisos da ONU sobre uma iminente crise de fome no país, que já tem 1,3 milhão de pessoas em níveis de insegurança alimentícia severa por causa do conflito armado.
O conflito político iniciado em dezembro no Sudão do Sul entre Kiir, de etnia dinka, e Machar, dos nueres, deposto um ano antes, derivou rapidamente para um conflito étnico entre comunidades.
Kiir acusa Machar de ter liderado uma tentativa golpista, e a disputa desencadeou choques que deixaram milhares de mortos e deixaram o jovem país, independente em 2011, à beira da guerra civil.
Na declaração de hoje, o Conselho de Segurança condenou as "violações dos direitos humanos" cometidas pelas duas partes, e mencionou execuções sumárias, estupros, sequestros, ataques contra escolas e contra a equipe humanitária e uso de crianças-soldado.
"O Conselho de Segurança alertou que estes atos podem ser considerados crimes de guerra e contra a humanidade sob a lei internacional", ressaltou.
E expressou a grave preocupação com a "catastrófica situação de insegurança alimentar" e lembrou que em consequência do conflito ela pode se transformar em breve em "crise de fome".