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ONU adverte que o perigo da fome “é real” na Faixa de Gaza

Chefe do Gabinete dos Direitos Humanos lembrou que nenhuma ajuda humanitária consegue chegar ao norte do enclave, onde ainda há 70 mil pessoas

Palestinos deslocados correm para receber refeições quentes distribuídas por organizações de caridade em meio à piora da crise humanitária e da fome devido ao embargo israelense, enquanto os ataques do exército israelense continuam durante o frio do inverno no campo de Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza, em 26 de novembro de 2024 ( Moiz Salhi/Anadolu /Getty Images)
EFE

Agência de Notícias

Publicado em 29 de novembro de 2024 às 12h13.

Última atualização em 29 de novembro de 2024 às 12h16.

O perigo da fome em Gaza é mais real do que nunca, em um momento em que a lei e a ordem na Faixa entraram em colapso e se impôs uma luta anárquica pelos escassos abastecimentos, advertiu um representante da ONU na região após visita uma esta semana.

"É uma luta diária pela sobrevivência. Vi dezenas de mulheres e crianças a vasculharem grandes aterros", afirmou o chefe do Gabinete dos Direitos Humanos da ONU para os territórios palestinos ocupados, Ajith Sunghay, em uma entrevista coletiva para jornalistas credenciados junto às Nações Unidas em Genebra.

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“O colapso da ordem pública agrava a situação, com cada vez mais saques e lutas por recursos escassos”, disse Sunghay, que destacou que em um momento em que os preços dos poucos produtos disponíveis dispararam, “as pessoas são mortas quando simplesmente tentam comprar pão".

"Não são incidentes isolados, a anarquia que avisamos que poderia atingir Gaza há meses já está aqui", disse o representante local do escritório liderado globalmente pelo alto comissário da ONU, Volker Türk.

Sunghay lembrou que há algum tempo que as Nações Unidas não conseguem fornecer ajuda humanitária de qualquer tipo ao norte de Gaza, onde se estima que ainda vivam cerca de 70 mil pessoas (apenas a Cidade de Gaza, na metade norte e capital da Faixa, tinha mais de 700 mil habitantes antes do conflito).

O representante da ONU também denunciou numerosos casos de violência sexual e de gênero, incluindo violação, contra pessoas que procuram refúgio na área, como resultado da já mencionada falta de forças responsáveis ​​pela aplicação da lei.

Sunghay explicou que na zona milhares de deslocados de cidades como Jabaliya, Beit Lahiya ou Beit Hanoun procuram refúgio em edifícios parcialmente destruídos ou campos improvisados, em condições desumanas e com uma enorme falta de higiene.

“As mulheres que conheci lá perderam familiares, ou foram forçadas a separar-se deles, ou tiveram parentes enterrados sob os escombros, ou ficaram feridas e doentes”, descreveu.

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