Mundo

ONU acusa jihadistas de executarem civis em público na Síria

Execuções públicas, amputações e chibatadas tornaram-se um espetáculo comum em regiões controladas pelo Estado Islâmico, denuncia ONU


	Combatentes do Estado Islâmico: documento detalha os horrores cometidos pelo EI
 (AFP)

Combatentes do Estado Islâmico: documento detalha os horrores cometidos pelo EI (AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 27 de agosto de 2014 às 10h47.

Genebra - As execuções públicas de civis, assim como as amputações e chibatadas, tornaram-se um "espetáculo comum" às sextas-feiras nas regiões da Síria controladas pelos jihadistas do Estado Islâmico (EI), denuncia uma comissão de investigação da ONU em um relatório divulgado nesta quarta-feira.

O documento detalha os horrores cometidos pelo EI, e também os massacres e atrocidades de outros grupos, além das próprias forças governamentais.

"Já afirmamos quatro vezes aos 15 membros do Conselho de Segurança: 'vocês são responsáveis pela impunidade que reina na Síria'", declarou à imprensa o presidente da comissão, o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro.

Ele reconheceu sua impotência para convencer o Conselho de Segurança - órgão apto para recorrer ao Tribunal Penal Internacional (CPI) - de que é necessário agir no caso da Síria.

"Há três anos recebemos provas contra os suspeitos, cada dia temos novos crimes. E a comunidade internacional não intervém", criticou Carla del Ponte, também integrante da Comissão.

Um espetáculo atroz e habitual

"As execuções em espaços públicos se transformaram em espetáculo habitual às sextas-feiras em Raqa (reduto do EI) e nas zonas da província de Aleppo controladas pelo Estado Islâmico no Iraque e Levante (EIIL)", afirma o relatório da comissão.

O EIIL é a denominação anterior do Estado Islâmico (EI), que em junho proclamou um califado nos territórios que controla no Iraque e na Síria.

Segundo a comissão, que denuncia a situação como crimes contra a humanidade, as sextas-feiras "geralmente são marcadas por execuções, amputações e chicotadas em praças públicas" nas áreas do norte e nordeste da Síria sob controle jihadista.

As execuções sumárias têm o objetivo de "instalar o terror na população" assegurar a submissão desta, segundo o relatório.

O documento afirma ainda que os jihadistas estimulam e, às vezes, obrigam a população a assistir as execuções. A maioria das vítimas é de homens adultos, mas a comissão afirma que jovens com idades entre 15 e 17 anos e mulheres também foram executadas.

A comissão que elaborou o relatório recebeu mandato do Conselho de Direitos Humanos da ONU para investigar e revelar as violações ao direito internacional no campo dos direitos humanos na Síria.

No texto, os investigadores acusam novamente o governo de Damasco de cometer crimes contra a humanidade e crimes de guerra.

A comissão suspeita que o governo lançou barris de explosivos com cloro em Kafr Zeita, Al-Tamana e Tal Minnis, oeste do país.

"Há motivos razoáveis para pensar que utilizaram armas químicas, provavelmente cloro, oito vezes em um período de 10 dez dias no mês de abril", afirma a comissão.

O regime do presidente sírio Bashar al-Assad e os rebeldes trocam acusações de uso de agentes químicos, entre eles o cloro, desde o início do violento conflito, em março de 2011.

Acompanhe tudo sobre:Estado IslâmicoIslamismoONUSíria

Mais de Mundo

Ônibus cai em abismo no sudoeste da Colômbia e deixa 12 mortos e 30 feridos

Índia protesta contra novos condados chineses em região disputada no Himalaia

Falha em avião do mesmo modelo de tragédia na Coreia do Sul assusta passageiros

Tribunal da Coreia do Sul realizará 1ª audiência para julgar presidente em 14 de janeiro