ONG sugere "ficha limpa" para cargos de confiança
A presidente do Conselho de Administração Internacional da Transparência Internacional, Huguette Labelle, classificou a iniciativa popular como "um exemplo maravilhoso"
Da Redação
Publicado em 15 de março de 2012 às 08h28.
Brasília - Depois de aprovar um projeto como o Ficha Limpa , que trata da inelegibilidade em eleições, o Brasil precisa avançar em uma lei semelhante para os mais de 20 mil ocupantes de cargos de confiança do governo, sugere a presidente do Conselho de Administração Internacional da Transparência Internacional, Huguette Labelle.
Em entrevista exclusiva à Reuters, Labelle classificou o projeto de iniciativa popular como "um exemplo maravilhoso de mobilização da sociedade civil".
"(O Ficha Limpa) é uma ideia interessante para outros países olharem e de se acompanhar", afirmou ela, acrescentando ser uma proposta "simples" que mostra uma sociedade civil "vibrante".
Labelle, que se reuniu nesta quarta-feira com a presidente Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto, sugeriu que seria bom ampliar o escopo da medida.
"Estender as mesmas provisões aos 20 mil funcionários de confiança do governo é mais razoável", disse ela.
A executiva sugeriu ainda que, como o Brasil está investindo muito em obras de infraestrutura para a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016, valeria a pena "gastar algum dinheiro" com ferramentas de monitoramento e controle.
"Porque não é apenas uma empresa, são várias e vários níveis... E você precisa ter certeza que os responsáveis pelo controle não estão apenas olhando para papéis", afirmou.
Segundo ela, um dos setores mais delicados e que mais exigem controle contra corrupção é o da construção civil. "Há muito dinheiro, os perigos são mais altos", disse.
Ela disse ser essencial que se introduza um sistema de transparência total, mas elogiou as medidas tomadas pela CGU (Controladoria Geral da União).
"Quem passa dinheiro por baixo da mesa acaba cobrando a conta. Não há filantropia nesta área", afirmou ela.
Perguntada sobre a imagem de Dilma como uma presidente que "faxina" ministros envolvidos em denúncias de irregularidades, Labelle disse que o que importa são as "ações" e que, neste aspecto, Dilma demonstrou até agora ter "coragem".
"O que é importante para qualquer líder não é apenas dizer que se compromete em combater a corrupção e com a transparência antes, nas eleições, ou mesmo durante o tempo no cargo. São as ações que se seguem. Por meio de suas ações, (Dilma) mostrou que seus comprometimentos se transformaram em ações."
A conversa foi também um convite da organização para que a presidente brasileira participe da 15a Conferência Internacional Anticorrupção, que ocorrerá em Brasília em novembro.
Labelle disse ainda que outro passo adicional a ser dado pelo Brasil é garantir que os governos municipais e estaduais tenham as ferramentas e os incentivos necessários para serem mais transparentes e deterem corrupção.
Em ranking da própria organização que mediu a percepção da corrupção em 2011 entre 183 nações, o Brasil ficou em 73o lugar, com nota 3,8. Em primeiro lugar está a Nova Zelândia, com nota 9,5. Na América Latina, o melhor colocado em 2011 foi o Chile, com nota 7,2.
Brasília - Depois de aprovar um projeto como o Ficha Limpa , que trata da inelegibilidade em eleições, o Brasil precisa avançar em uma lei semelhante para os mais de 20 mil ocupantes de cargos de confiança do governo, sugere a presidente do Conselho de Administração Internacional da Transparência Internacional, Huguette Labelle.
Em entrevista exclusiva à Reuters, Labelle classificou o projeto de iniciativa popular como "um exemplo maravilhoso de mobilização da sociedade civil".
"(O Ficha Limpa) é uma ideia interessante para outros países olharem e de se acompanhar", afirmou ela, acrescentando ser uma proposta "simples" que mostra uma sociedade civil "vibrante".
Labelle, que se reuniu nesta quarta-feira com a presidente Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto, sugeriu que seria bom ampliar o escopo da medida.
"Estender as mesmas provisões aos 20 mil funcionários de confiança do governo é mais razoável", disse ela.
A executiva sugeriu ainda que, como o Brasil está investindo muito em obras de infraestrutura para a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016, valeria a pena "gastar algum dinheiro" com ferramentas de monitoramento e controle.
"Porque não é apenas uma empresa, são várias e vários níveis... E você precisa ter certeza que os responsáveis pelo controle não estão apenas olhando para papéis", afirmou.
Segundo ela, um dos setores mais delicados e que mais exigem controle contra corrupção é o da construção civil. "Há muito dinheiro, os perigos são mais altos", disse.
Ela disse ser essencial que se introduza um sistema de transparência total, mas elogiou as medidas tomadas pela CGU (Controladoria Geral da União).
"Quem passa dinheiro por baixo da mesa acaba cobrando a conta. Não há filantropia nesta área", afirmou ela.
Perguntada sobre a imagem de Dilma como uma presidente que "faxina" ministros envolvidos em denúncias de irregularidades, Labelle disse que o que importa são as "ações" e que, neste aspecto, Dilma demonstrou até agora ter "coragem".
"O que é importante para qualquer líder não é apenas dizer que se compromete em combater a corrupção e com a transparência antes, nas eleições, ou mesmo durante o tempo no cargo. São as ações que se seguem. Por meio de suas ações, (Dilma) mostrou que seus comprometimentos se transformaram em ações."
A conversa foi também um convite da organização para que a presidente brasileira participe da 15a Conferência Internacional Anticorrupção, que ocorrerá em Brasília em novembro.
Labelle disse ainda que outro passo adicional a ser dado pelo Brasil é garantir que os governos municipais e estaduais tenham as ferramentas e os incentivos necessários para serem mais transparentes e deterem corrupção.
Em ranking da própria organização que mediu a percepção da corrupção em 2011 entre 183 nações, o Brasil ficou em 73o lugar, com nota 3,8. Em primeiro lugar está a Nova Zelândia, com nota 9,5. Na América Latina, o melhor colocado em 2011 foi o Chile, com nota 7,2.