Monróvia - A Organização Mundial da Saúde (OMS) discutia nesta segunda-feira com especialistas em ética médica a eventual utilização de tratamentos experimentais contra o vírus ebola.
Na Libéria, o governo colocou uma terceira província em quarentena.
Este país do oeste africano já havia restringido a entrada e saída de pessoas das províncias de Bomi e Grand Cape Mount (oeste) em virtude do estado de emergência declarado em 6 de agosto por 90 dias para deter a progressão desta epidemia sem precedentes.
A presidente Ellen Johnson Sirleaf estabeleceu quarentena na província de Lofa (norte), nesta segunda-feira, para "proteger as pessoas ainda não afetadas".
O Exército foi responsabilizado pelo controle do acesso e foram adotadas medidas para o abastecimento das áreas isoladas, indicou.
A região de Lofa faz fronteira com Guiné e Serra Leoa, dois países atingidos pela atual epidemia que também afeta a Nigéria desde julho.
Também nesta segunda, foi anunciada a morte de um terceiro membro do hospital católico da capital Monróvia.
"A ordem hospitalar de São João de Deus anuncia a triste notícia da morte do irmão George Combey na noite passada" por complicações relacionadas ao ebola, declarou a ordem.
Até a semana passada, esta febre hemorrágica altamente contagiosa havia matado 961 pessoas de 1.779 casos confirmados, prováveis ou suspeitos - principalmente nos três primeiros países -, de acordo com o último relatório divulgado em 8 de agosto pela OMS. A taxa de mortalidade é de 54%.
Além da Libéria, Serra Leoa e Nigéria também declararam estado de emergência, enquanto Guiné anunciou "medidas rigorosas para controlar o movimento nas fronteiras".
Como medida de precaução, a Costa do Marfim, onde não foram reportados casos, suspendeu voos para os países afetados, dos quais dois são seus vizinhos, Libéria e Guiné.
Até nova ordem, a companhia aérea nacional não vai operar nas áreas epidêmicas. Além disso, passa a ser proibido o transporte de passageiros dessas regiões para a capital marfinense Abidjan.
Segundo o governo da Costa do Marfim, quase cem imigrantes ilegais liberianos tentaram entrar no país nos últimos dias.
A Costa do Marfim tem ido muito além das recomendações da OMS, que declarou na semana passada "emergência sanitária mundial" sobre o ebola, mas recusou-se a desaconselhar viagens para os países afetados pelo vírus.
A organização internacional se limitou a recomendar o reforço do controle nas fronteiras.
O Kuwait, rico país petrolífero do Golfo, anunciou a doação de 5 milhões de dólares à OMS para ajudar no combate à doença.
Em um comunicado, o conselho de ministros indicou que esta contribuição foi decidida pelo emir, xeque Sabah al-Ahmad Al-Sabah.
"Pânico geral"
Nos últimos dias, pacientes apresentando sintomas iguais aos do ebola - febre alta, fraqueza, dor de cabeça, vômitos, diarreia ou sangramentos - foram colocados em quarentena em alguns países da África, Europa e Ásia, mas os resultados dos testes afastaram a presença do vírus.
Em Benin, vizinha da Nigéria, testes em dois pacientes com suspeita de terem contraído o vírus deram negativo. Amostras colhidas de um alemão, mantido em isolamento em Ruanda, estão sendo analisadas.
No Togo, onde não foram reportados casos, as autoridades anunciaram reforços em seu esquema de controle da doença, mas em Lomé, a capital, muitos disseram estar preocupados, apesar dos anúncios oficiais.
"É o pânico geral. Todo mundo está com medo", declarou à AFP o estudante Paul Magnissou.
Uma reunião por teleconferência está sendo realizada nesta segunda entre especialistas e a OMS, particularmente sobre questões de ética médica, para definir uma posição diante dos apelos urgentes para utilizar medicamentos ainda não autorizados para tentar salvar os doentes.
Após o tratamento de resultados positivos de dois americanos e um espanhol - todos contaminados na Libéria e transferidos para seus países - com o uso de um desses medicamentos desenvolvido pela empresa americana Mapp Pharmaceuticals, aumentaram os apelos por seu uso, mesmo que nunca tenha sido previamente testado em seres humanos e, portanto, não seja aprovado por qualquer autoridade de saúde.
"É ético usar medicamentos não aprovados - e se isso acontecer - quais critérios devem ser utilizados, em que condições devemos administrar este tratamento e quem deve ser tratado?", são algumas das perguntas apresentadas nesta reunião, segundo Marie-Paule Kieny, assistente do diretor-geral da OMS.
Ela ressalta que este medicamento está disponível apenas em pequena quantidade, e também levanta a questão sobre um eventual uso preventivo nos trabalhadores da área da saúde.
O encontro desta segunda-feira deve ser seguido por uma reunião mais ampla na qual serão examinados os diferentes possíveis tratamentos que estão sendo estudados e os meios de acelerar o seu desenvolvimento, de acordo com Kieny.
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1. O que é ebola?
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1/13 (Tommy Trenchard/Reuters)
São Paulo -
Ebola é uma
doença viral aguda que causa febre hemorrágica. É causada por três das cinco espécies dentro do gênero. Duas espécies são capazes de infectar seres humanos, mas não parecem causar a doença. Os outros três podem causar graus variáveis de doença. O vírus Ebola Zaire é a estirpe mais mortal, e tem sido identificada como a causa do surto atual. Em epidemias anteriores, esta estirpe teve uma taxa de mortalidade de 90%.
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2. A origem
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2/13 (Frederick Murphy/CDC/Handout via Reuters)
A origem do vírus é incerta. Mas alguns especialistas acreditam que os morcegos podem abrigar o vírus em seu trato intestinal. Os primeiros seres humanos infectados e que espalharam a doença provavelmente caçaram e comeram um animal infectado.
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3. A epidemia atual
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3/13 (Tommy Trenchard/Reuters)
Este já é considerado o maior surto desde que o vírus ebola foi descoberto há quase 40 anos. O surto foi declarado em março, na Guiné. Desde então, a doença se espalhou para a Libéria, Serra Leoa e Nigéria e matou 60% dos infectados. São 1323 pessoas infectadas e 887 mortes, segundo o último balanço da Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca de 60 mortes foram de trabalhadores de saúde que procuravam controlar a doença.
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4. Os sintomas
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4/13 (AFP)
Após o contágio, o paciente pode demorar até 21 dias antes de manifestar a doença. Os sinais são semelhantes aos da gripe, incluindo dores abdominais, febre, vômitos e diarreia. O quadro se agrava com a desidratação, insuficiência do fígado e dos rins, e hemorragia.
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5. Transmissão
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5/13 (Ahmed Jallanzo/Agência Lusa/Agência Brasil)
O vírus é transmitido diretamente pelo contato direto com sangue ou fluidos corporais dos infectados, inclusive dos mortos. O contágio é maior quando os pacientes já estão em estágios terminais, com hemorragia interna e externa, vômitos e diarreia, que contêm altas concentrações do vírus.
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6. O tratamento
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6/13 (Cellou Binani/AFP)
Não há um remédio específico para a doença. Os sintomas costumam ser tratados separadamente. Por exemplo, o soro intravenoso pode evitar a desidratação, enquanto um antitérmico diminui a febre. Já os analgésicos podem diminuir as dores. Aqueles que têm a doença identificada e recebem tratamento mais cedo têm mais chances de sobreviver à infecção. Infelizmente, como os sintomas são genéricos e parecidos com de outras doenças, o diagnóstico pode demorar.
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7. Como se proteger
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7/13 (AFP)
A melhor forma de se proteger da doença é evitar os locais onde há surto de ebola. Entre as recomendações do ministro da Saúde, Arthur Chioro, para quem tiver de viajar para estes países estão, por exemplo, seguir recomendações que serão dadas pelas autoridades sanitárias locais. Chioro aconselha os viajantes a não entrar em contato com secreções, vômitos e sangue das pessoas que são vítimas das doenças, que devem estar em isolamento e tratamento médico.
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8. Epidemia global
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8/13 (Tommy Trenchard / Reuters)
O risco de o vírus ser disseminado da África para a Europa, Ásia ou para as Américas é extremamente baixo, de acordo com especialistas em doenças infecciosas. O professor belga Peter Piot, um dos descobridores do vírus ebola, descartou uma epidemia fora do continente africano, em entrevista à AFP. Mesmo que um portador do ebola viaje até Europa, Estados Unidos ou outra região da África, o cientista não acredita que isto possa causar uma epidemia importante, pois a infecção requer um contato muito próximo. Mas Piot pediu que as vacinas e os tratamentos, promissores nos animais, sejam testados em humanos.
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9. Vacina experimental
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9/13 (sxc.hu)
Pesquisadores americanos planejam testar, em breve, uma vacina experimental contra o ebola. Se bem sucedida, poderá imunizar até 2015 trabalhadores de saúde, que estão na linha de fogo da epidemia. No próximo mês, os Institutos Nacionais da Saúde dos Estados Unidos começarão os testes em humanos da vacina, que já é promissora nas experiências em macacos.
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10. Fronteiras fechadas
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10/13 (Gary Cameron/Reuters)
Guiné, Libéria e Serra Leoa anunciaram na sexta-feira (2) que vão colocar em quarentena a região fronteiriça comum, onde surgiu o último surto do vírus ebola. O anúncio foi feito durante uma reunião de emergência para discutir a epidemia e depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertar que o ebola pode provocar uma perda catastrófica de vidas e prejuízos econômicos, caso a epidemia não seja controlada.
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11. Não há mercado para a vacina
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11/13 (AFP)
Segundo a AFP, até agora não se conseguiu convencer as companhias farmacêuticas a investir em uma vacina contra o ebola. Andrea Marzi e Heinz Feldmann, do instituto de virologia NIAID, disseram em artigo publicado em abril que, com surtos esporádicos que costumam afetar um pequeno número de pessoas na África, não existe um mercado comercial para uma vacina contra a doença.
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12. Medicação
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12/13 (Samaritans Purse/Divulgação via Reuters)
Herve Raoul, especialista em patógenos e pesquisador do Instituto Médico Francês de Saúde, disse à AFP que o ideal é desenvolver um antiviral que ajude os doentes a superar a fase mais aguda da doença. No entanto, essa medicação não existe hoje. Atualmente, os especialistas só podem aconselhar medidas preventivas, como isolar os infectados, tomar precauções para evitar o contato com fluidos corporais e enterrar os mortos com rapidez.
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13. Agora veja 10 países onde respirar faz mal à saúde
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13/13 (Reuters)