OMS: a entidade comentou também sobre as novas variantes do vírus que podem afetar a eficácia das vacinas (Denis Balibouse/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 18 de fevereiro de 2021 às 14h22.
O comando da Organização Mundial de Saúde (OMS) pediu que o Brasil e outras nações "não baixem a guarda" na tarefa de controlar a pandemia da covid-19.
Durante entrevista coletiva nesta quinta-feira, a entidade comentou também sobre as novas variantes do vírus, que podem afetar a eficácia das vacinas, mas notou que isso não é algo dado, sobretudo em casos graves, além de insistir que as medidas já sabidas - como a lavagem de mãos e o distanciamento social -, ajudam igualmente a conter essas cepas.
Questionado sobre o quadro do Brasil, com números elevados recentes de casos e mortes pela doença, o diretor executivo da OMS, Michael Ryan, comentou que é difícil analisar o caso do País como um todo, diante de seu tamanho e das diferenças regionais, com diferentes padrões entre os Estados.
Uma questão citada por Ryan como fator que dificulta o controle da pandemia no País é que muitas zonas urbanas são densamente habitadas, o que dificulta a garantir do distanciamento físico entre as pessoas, e também o fato de que o Brasil teve grande número de transmissões, com circulação intensa do vírus, outro fator que dificulta a tarefa.
Sobre a celebração de feriados e o risco disso no quadro atual, Ryan pediu que a cautela seja mantida. "Nós temos de ser muito cuidadosos, certamente não estamos ainda fora de perigo", ressaltou.
Ryan também lembrou o papel de liderança do Brasil na ciência da região. "O que acontece no Brasil sem dúvida importa", afirmou, dizendo que o quadro no País terá impactos para a região das Américas e o mundo. Diretora-assistente da OMS, Mariangela Simão complementou: "não baixem a guarda agora, esse é um alvo móvel, temos de seguir monitorando e fazendo as coisas certas, conforme recomendado".
A diretora de vacinas da OMS Katherine O'Brien falou sobre as novas cepas da covid-19, encontradas em países como África do Sul e Reino Unido. Segundo ela, houve estudos segundo os quais haveria menos eficácia das vacinas ante a cepa encontrada no país africano, mas ela disse que não há até o momento "grande certeza" sobre o resultado, sem resultados conclusivos a partir de um conjunto ainda limitado de casos.
Além disso, O'Brien notou que não existem ainda números sobre a eficácia dessas vacinas contra casos graves da doença. "Em geral vemos que as vacinas retêm eficácia contra a doença, embora em nível menor do que nos quadros sem essas cepas", apontou ela, que pediu o máximo de pressa possível para vacinar e reduzir as transmissões, a fim de se evitar o surgimento de novas cepas potenciais.
Epidemiologista responsável pela resposta da OMS à pandemia, Maria Van Kerkhove lembrou que, mesmo que essas cepas sejam mais transmissíveis, elas continuam a ser contidas com sucesso com as medidas já sabidas para conter a disseminação do vírus, como o distanciamento social e a higiene das mãos.
Maria Van Kerkhove disse que a variante da África do Sul está sendo estudada neste momento, o que ocorrerá com todas as cepas de interesse na pandemia. E notou que o levantamento mostra de fato até agora "maior transmissibilidade" no caso da variante sul-africana, mas sem mudanças na gravidade da doença detectadas até o momento.