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OMS estabelece unidade para coordenar ações contra zika

O anúncio foi feito nesta terça-feira em entrevista coletiva Antony Costello, especialista em microcefalia da OMS

OMS: Costello voltou a destacar o fato de que a emergência foi declarada pelos casos de microcefalia e outras más-formações (Joao Paulo Burini/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 2 de fevereiro de 2016 às 10h22.

Genebra - A Organização Mundial da Saúde ( OMS ) estabeleceu uma Unidade de Resposta Global para coordenar as ações de combate à epidemia do zika vírus e sua associação com o aumento repentino de casos de microcefalia e outras disfunções neurológicas em bebês recém-nascidos.

O anúncio foi feito nesta terça-feira em entrevista coletiva Antony Costello, especialista em microcefalia da OMS, que explicou que todos os departamentos envolvidos se reuniram na manhã de hoje para começar a trabalhar imediatamente.

A OMS declarou ontem que os dois grupos de casos de microcefalia e outras desordens neurológicas detectadas no Brasil e na Polinésia Francesa e sua possível relação com o zika vírus são uma emergência de sáude de alcance internacional.

Costello explicou que criaram rapidamente esta unidade "após as lições aprendidas durante a crise do ebola".

A OMS só estabeleceu uma emergência sanitária de alcance internacional em três ocasiões anteriores: pólio, gripe H1N1, e ebola, mas foi muito criticada por ter demorado meses a anunciá-la para esta última doença, que matou mais de 11 mil pessoas na África Ocidental.

Costello voltou a destacar hoje o fato de que a emergência foi declarada pelos casos de microcefalia e outras más-formações e não pelo vírus de zika por si só, já que se trata de uma doença assintomática em 75% dos casos e no restante com efeitos muito leves.

"Não podemos ignorar que houve um aumento repentino de microcefalia. Quatro mil casos suspeitos são muitos para uma enfermidade que normalmente se dá em 1 a cada 3 mil nascimentos".

E o que a OMS teme é a associação. "Achamos que a associação (entre o vírus e as más-formações) é culpada até que se prove inocente", sentenciou o especialista.

"Sabemos que as infecções virais podem causar microcefalia, e é por isso que temos suspeitas", acrescentou.

Até agora está comprovado que se uma gestante tiver rubeóla, toxoplasmose, citomegalovírus, algumas herpes, ou contato com toxinas e metais pesados, ou em algumas condições genéticas, seu feto pode desenvolver microcefalia.

No Brasil antes deste surto, havia uma média de 160 casos por ano.

Mas Costello também lembrou que há pouquíssimos casos em que se pôde comprovar a relação direta: segundo as estimativas da OMS, só foram detectados 12 bebês com microcefalia de mães comprovamente infectadas pelo zika.

O Brasil está investigando 4.200 casos de bebês suspeitos de sofrer microcefalia, mas só em 270 se confirmou que realmente as crianças têm essa má-formação.

O problema está essencialmente no diagnóstico, pois o vírus só está ativo no corpo por cinco dias e é indetectável depois desse prazo, o que torna muito difícil determinar se a mulher esteve exposta ou não à infecção.

"A mulher pode estar ou ter sido exposta ao vírus há meses e não temos como sabê-lo", admitiu.

É por isso que tanto Costello como a diretora geral da OMS, Margaret Chan, insistiram na importância crucial de desenvolver um teste de diagnóstico que possa determinar com certeza e em um período de tempo mais longo a presença do zika.

Costello não quis responder sobre a leis de interrupção da gravidez e se a OMS pretende fazer alguma recomendação a respeito, mas lembrou que na maioria dos casos só se pode estabelecer a enfermidade depois de o bebê nascer, porque é muito difícil de determiná-la mesmo com o uso de ultrassonografias de alta geração.

São Paulo - O mundo está em alerta contra o vírus Zika , que já foi detectado em 24 países na América, África e Oceania, de acordo com a Organização Mundial da Saúde ( OMS ). A situação mais grave é a do Brasil, onde o Ministério da Saúde estima que tenham ocorrido entre 497.593 e 1.482.701 casos em 2015, incluindo 3.893 registros de microcefalia , uma malformação no cérebro que pode ocasionar comprometimento cognitivo e motor. Frente à gravidade da situação, a OMS está especialmente preocupada com a rápida disseminação do vírus, que classificou como "explosiva". De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), cerca de 4 milhões de pessoas podem ser contaminadas nas Américas ainda neste ano.  A guerra contra o Zika já começou. Veja nas imagens.
  • 2. Colômbia

    2 /12(REUTERS / John Vizcaino)

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    A Colômbia é o segundo país com mais casos registrados do vírus, cerca de 13,5 mil até o momento. Na imagem, o ministro da Saúde do país, Alejandro Gaviria, exibe gráficos dos sintomas da doença durante uma coletiva de imprensa em Bogotá, em 20 de janeiro.
  • 3. Honduras

    3 /12(REUTERS / Jorge Cabrera)

  • Mulheres grávidas esperam por um check-up geral de rotina, que inclui um teste para vírus transmitidos por mosquitos, na maternidade de um Hospital em Tegucigalpa, Honduras. País já registrou pelo menos 600 casos da doença.
  • 4. Guatemala

    4 /12(REUTERS)

    Um cartaz da campanha do governo da Guatemala informa sobre os sintomas do vírus Zika na parede de um hospital, onde uma médica realiza uma verificação geral de rotina numa grávida, que inclui triagem para detectar o Zika, na Guatemala. O país já registrou pelo menos 68 casos de zica.
  • 5. El Salvador

    5 /12(REUTERS / Jose Cabezas)

    Um trabalhador usa uma máscara para se proteger do fumigante que toma conta do ar no bairro de Centro América, como parte de medidas preventivas contra o vírus Zika e outras doenças transmitidas por mosquitos na cidade de San Salvador, em El Salvador. Com mais de 5.000 casos notificados, o governo local recomendou que as mulheres não fiquem grávidas até 2018.
  • 6. Porto Rico

    6 /12(REUTERS / Alvin Baez)

    Passantes observam uma pick-up do Departamento de Saúde de Porto Rico que realiza fumigação para impedir a propagação do mosquito Aedes aegypti, vetor do vírus zica, em bairro de San Juan. Pelo menos 18 casos foram confirmados na ilha.
  • 7. Argentina

    7 /12(REUTERS / Enrique Marcarian)

    Equipes de saúde realizam fumigação em um parque de Buenos Aires, na Argentina. Em 29 de janeiro, o país confirmou seu primeiro caso do vírus Zika transmitido pelo mosquito aedes aegypti depois de uma mulher colombiana que vive na capital apresentar teste positivo para a doença.
  • 8. Costa Rica

    8 /12(REUTERS / Juan Carlos Ulate)

    Um técnico de saúde analisa uma amostra de sangue de um paciente infectado pela picada de um mosquito Aedes aegypti, no Instituto de Pesquisa e Ensino em Nutrição e Saúde (INCIENSA), em Costa Rica. O Ministério da Saúde confirmou na terça-feira o primeiro caso do vírus no país, segundo a imprensa local.
  • 9. Nicarágua

    9 /12(REUTERS)

    Uma família aguarda do lado de fora de casa, enquanto um funcionário do Ministério da Saúde fumega os cômodos para matar os mosquitos durante uma campanha contra a dengue, chikungunya  e o  vírus Zika em Manágua, Nicarágua. Pelo menos três casos de zica foram registrados no país.
  • 10. Venezuela

    10 /12(REUTERS / Marco Bello)

    Um trabalhador de saúde venezuelano espalha fumacê numa favela do país para combater a propagação do vírus zika em Caracas. Pelo menos quatro casos da doença foram registrados na Venezuela.
  • 11. Chile

    11 /12(EUTERS / Ivan Alvarado)

    Um homem lê um panfleto informativo sobre o vírus zika distribuido pelo Ministério da Saúde do Chile na área de partidas do aeroporto internacional de Santiago, no Chile. Ainda não há notificação de casos no país, mas as autoridades temem a contaminação de viajantes.
  • 12. Violência Urbana

    12 /12(Thinckstock)

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