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Ofensiva turca em cidades curdas aviva tensões políticas

Erdogan atacou duramente o líder do Partido Democrático do Povo (HDP), Selahattin Demirtas, que falou de uma possível autonomia para a minoria curda


	Curdos: a tensão política está em seu mais alto nível entre o governo islâmico-conservador e o principal partido pró-curdo do país
 (Sertac Kayar / Reuters)

Curdos: a tensão política está em seu mais alto nível entre o governo islâmico-conservador e o principal partido pró-curdo do país (Sertac Kayar / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 29 de dezembro de 2015 às 11h53.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, tachou nesta terça-feira de "traição" a reivindicação por autonomia do principal partido pró-curdo da Turquia, enquanto o exército realiza uma ofensiva no sudeste do país, de população majoritariamente curda.

Erdogan atacou duramente o líder do Partido Democrático do Povo (HDP), Selahattin Demirtas, que falou de uma possível autonomia para a minoria curda no último final de semana.

"O que este co-presidente fez foi uma traição, uma provocação clara", declarou o presidente a repórteres em Istambul, acusando os responsáveis ​do HDP de serem "fantoches" nas mãos dos rebeldes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).

A justiça turca abriu na segunda-feira uma investigação contra Demirtas por ter exigido uma maior autonomia para os curdos em uma conferência que reuniu várias organizações.

A Constituição turca proíbe qualquer divisão do território em função de critérios étnicos, lembrou Erdogan.

"Com que direito ele fala sob a nossa estrutura unitária de estabelecer um estado no sudeste, no leste?", questionou o presidente, advertindo que "nem a vontade nacional, nem as forças armadas vão permitir tal situação".

A tensão política está em seu mais alto nível entre o governo islâmico-conservador e o principal partido pró-curdo do país devido a uma grande operação militar que ocorre há duas semanas em várias cidades do sudeste do país, onde os rebeldes do PKK iniciaram um levante.

Civil mortos

Segundo o exército, os combates causaram mais de 200 mortes nas fileiras separatistas, mas a vida de muitos civis também foram perdidas.

O balanço fornecido pelas autoridades não pôde ser confirmado por qualquer fonte independente, uma vez que as cidades afetadas estão há semanas submetidas a um toque de recolher e isolada do resto do mundo.

Cizre, Silopi, Nusaybin e Diyarkabir, a "capital" do sudeste turco, são as áreas mais atingidas pelos combates.

Os governadores dessas regiões de maioria curda impuseram mais de 50 toques de recolher desde meados de agosto, uma medida que afeta a vida de cerca de 1,3 milhão de pessoas, indicou recentemente a Fundação de Direitos Humanos da Turquia.

Dezenas de milhares de civis fugiram para áreas mais seguras, segundo a imprensa local. Aqueles que não conseguiram escapar, permanecem confinados em suas casas e têm de lidar com a escassez de água, eletricidade e redes de telefonia móvel.

Nesse estado de sítio, os hospitais, as administrações locais e as escolas interromperam seus serviços.

Muitos civis foram mortos (129, de acordo com o HDP) desde que o exército e o PKK retomaram os combates em meados deste ano, na sequência de uma trégua de dois anos que deveria conduzir a uma solução política para acabar com o conflito curdo, que começou em 1984.

Na segunda-feira, um menino de cinco anos morreu após ser baleado na cabeça quando brincava fora de sua casa em um bairro de Cizre, informou o jornal Hurriyet.

Um jornalista do jornal descreveu nesta terça-feira cenas de guerra no bairro do sul, em Diyarkabir.

Centenas de casas e lojas foram destruídas no coração turístico desta cidade histórica, onde combatentes curdos cavaram trincheiras e ergueram barricadas.

O presidente turco afirmou nesta terça-feira que a ofensiva militar continuará com "determinação" e que "3.000 terroristas" foram mortos desde o verão em operações contra as bases do PKK na Turquia e norte do Iraque.

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