Mundo

Odebrecht pediu mais apoio à campanha de Keiko Fujimori

Uma revista publicou trechos da "tradução oficial do Ministério Público do Brasil" das declarações dadas por Marcelo Odebrecht em Curitiba

Keiko Fujimori: na transcrição, Marcelo deu detalhes do apoio dado em 2011 a Humala (Janine Costa/Reuters)

Keiko Fujimori: na transcrição, Marcelo deu detalhes do apoio dado em 2011 a Humala (Janine Costa/Reuters)

E

EFE

Publicado em 13 de julho de 2017 às 19h07.

Lima - O empresário brasileiro Marcelo Odebrecht teria pedido a seu representante no Peru, Jorge Barata, que aumentasse o apoio à campanha de Keiko Fujimori nas eleições presidenciais de 2011, segundo a imprensa peruana.

A revista "Caretas" publicou nesta quinta-feira trechos da "tradução oficial completa do Ministério Público do Brasil" das declarações dadas por Marcelo Odebrecht em Curitiba a uma equipe de três promotores peruanos e aos advogados do ex-presidente do país Ollanta Humala e sua esposa, Nadine Herédia.

Na transcrição dos fragmentos do depoimento, Marcelo deu detalhes do apoio dado em 2011 a Humala, a quem disse ter entregado US$ 3 milhões a pedido do Partido dos Trabalhadores (PT).

"O pedido foi justificado nessa época por uma questão geopolítica, ou seja, uma proximidade ideológica entre o presidente Lula e o presidente Ollanta Humala", indicou o trecho transcrito.

Humala e sua esposa estão sendo investigados pelas declarações de Marcelo Odebrecht. Hoje, um juiz decidirá se eles serão presos preventivamente pelas acusações.

O empresário brasileiro afirmou que Barata ficou "incomodado" com o pedido de apoiar Humala porque considerava que Keiko Fujimori ganharia as eleições de 2011.

"Nessa época, ele acreditava que quem ia ganhar, se não estou equivocado, era Keiko Fujimori. Então disse a ele: decide você, se você acredita que há risco de represálias, dê mais a apoio a ela. Inclusive fiz uma anotação, naquela época, apoie mais Keiko se você pensa que há perigo de represálias", afirmou Marcelo Odebrecht nos trechos revelados pela revista.

Odebrecht disse que apenas Barata pode dizer como a contribuição aos candidatos no Peru foi feita, mas admitiu que era um "hábito" apoiar os principais concorrentes nas eleições dos países nos quais a empreiteira brasileira trabalhava.

"Na realidade, não posso dizer quanto foi, para quem foi, mas digo com segurança que, sim, apoiávamos os principais candidatos em todas as eleições. E, com toda segurança, apesar de não poder dizer os números e tudo, nessas eleições de 2011, devemos ter apoiado Keiko e provavelmente o candidato Alan García também" indicou.

Na matéria, a revista "Caretas" lembra que o site investigativo IDL-Reporteros publicou em junho uma nota da agenda de Odebrecht obtida em 2015 que indica: "Aumentar Keiko para 500".

Em maio do ano passado, segundo a imprensa peruana, Odebrecht já tinha citado uma contribuição para a campanha de Humala, que também tinha apoiado Keiko Fujimori e a candidata do Partido Aprista, Mercedes Aráoz, atual vice-presidente do país.

A revista "Caretas" diz que, apesar das declarações de Odebrecht, a Promotoria do Peru só usou as informações sobre Humala, mas "não fez nada a respeito sobre Keiko nem sobre Apra".

Quando as anotações de Marcelo Odebrecht foram reveladas, Keiko Fujimori negou ter vínculos ou recebido dinheiro do empresário, apesar de ter reconhecido que conheceu Barata.

"Desconheço as intenções que teve o senhor Marcelo Odebrecht, mas comigo ele JAMAIS teve uma reunião", afirmou Keiko em mensagem publicada no Twitter.

Acompanhe tudo sobre:CorrupçãoDelação premiadaMarcelo OdebrechtOperação Lava JatoPeru

Mais de Mundo

Venezuela restabelece eletricidade após apagão de 12 horas

Eleições nos EUA: o que dizem eleitores da Carolina do Norte

Japão registra 40 mil pessoas mortas sozinhas em casa — 10% delas descobertas um mês após a morte

Zelensky destitui chefe da Força Aérea ucraniana após queda de caça F-16

Mais na Exame