O presidente americano, Barack Obama, durante partida de golfe (Kevin Lamarque/Reuters)
Da Redação
Publicado em 12 de agosto de 2014 às 11h23.
Washington - Com várias crises abertas no plano internacional, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, se viu obrigado a misturar a praia e o golfe com tarefas próprias da Casa Branca em suas férias, as mais longas que tirou desde que chegou ao poder e que lhe mereceram críticas republicanas.
Apenas um dia após iniciar os bombardeios sobre posições do grupo jihadista Estado Islâmico (EI) no norte do Iraque, Obama partiu no sábado para a exclusiva ilha de Martha"s Vineyard, em Massachusetts, reticente a atrasar suas férias apesar da instabilidade tanto nesse país como em Israel ou Ucrânia.
Essa decisão o obrigou a levar o trabalho consigo, como mostram os telefonemas que fez nesta segunda-feira para o presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, para o primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, e a declaração à imprensa na qual comemorou a designação de Haidar al Abadi como novo primeiro-ministro do Iraque.
O líder combinou essa agenda mais típica de um dia no Salão Oval com seu primeiro dia de praia junto a sua esposa, Michelle, e sua filha mais velha, Malia, na pequena ilha onde veraneia todo ano desde que chegou ao poder.
No sábado e no domingo, Obama se entregou a seu hobbie favorito, o golfe, e nesta segunda passou a tarde em um ato de arrecadação de fundos para o Comitê Democrata de Candidatos ao Senado, um compromisso incomum durante suas férias, mas inevitável diante da proximidade das eleições legislativas de novembro.
Obama deve fazer uma pausa em suas férias no próximo domingo para retornar a Washington e para reuniões com assessores e membros de seu gabinete sobre temas que a Casa Branca não detalhou.
No entanto, o presidente voltará a Martha"s Vineyard na terça-feira, dia 19, para permanecer lá até domingo 24, nas férias de verão mais longas que tira desde que chegou ao poder.
Seus críticos não evitaram esse detalhe, e o Comitê Nacional Republicano (RNC) apressou-se a publicar na sexta-feira um resumo de notícias sobre a decisão de Obama de manter suas férias, apesar das crises internacionais e do "novo ponto baixo" em sua popularidade.
"Obama sai da cidade enquanto derrapam suas políticas e seu índice de aprovação", defendeu o "RCN", que cita uma pesquisa publicada na semana passada pela rede "NBC" News e pelo jornal "The Wall Street Journal" e que atribui ao líder uma popularidade de 40%.
Embora Obama tenha saído de Washington com menos frequência que seu antecessor, George W. Bush, as críticas republicanas acompanham cada uma de suas férias, e a Casa Branca repete a mesma coisa: o presidente viaja acompanhado de seus assessores de segurança nacional e de todo tipo de equipamentos de comunicação.
"Se há uma necessidade que de o presidente retornar para a Casa Branca, o voo de Martha"s Vineyard a Washington não é longo", lembrou na sexta-feira o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest.
No entanto, Obama não costuma modificar seus planos de viagem por causa de crises domésticas ou internacionais, com a exceção de férias natalinas no Havaí que fez uma pausa em 2012 para resolver negociações fiscais urgentes com o Congresso.
Em 2010, Obama permaneceu em Martha"s Vineyard no ponto crítico da rebelião contra o líder líbio Muammar Kadafi, e também não interrompeu suas férias no ano passado quando o Exército do Egito derrubou o chefe do governo, Mohammed Mursi.
Para suas férias deste ano, a família Obama escolheu uma mansão de sete quartos, situada em um sítio de 750 metros quadrados com piscina, quadra de tênis e de basquete e pertencente a um doador democrata, Joanne Hubschman.
As atividades de Obama durante as férias na ilha, a favorita da dinastia Kennedy e de ricos doadores democratas, costumam se reduzir a visitas a lojas locais, partidas de golfe e escapadas para comprar um sorvete com suas filhas.
Obama passa vários meses se comparando com um urso de circo com o desejo de se livrar de suas grades, atarefado pela rotina calculada da Casa Branca e que precisava com urgência de umas longas férias.