Mundo

O que se sabe sobre o suposto ataque químico na Síria

Se comprovado que ataque foi conduzido com substâncias tóxicas, ato pode ser enquadrado como crime de guerra. Regime sírio é o maior suspeito, até o momento

Membro da Defesa Civil da Síria recebe atendimento após suposto ataque químico (Ammar Abdullah/Reuters)

Membro da Defesa Civil da Síria recebe atendimento após suposto ataque químico (Ammar Abdullah/Reuters)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 5 de abril de 2017 às 16h43.

São Paulo - A província de Idlib, na Síria, foi alvo de um ataque aéreo, supostamente realizado com gases tóxicos, nesta última-terça-feira (04). Até o momento, a natureza dessa substância, bem como o autor do bombardeio, ainda não foram identificados, embora a comunidade internacional tenha apontado em direção à Rússia e o regime do presidente Bashar Al-Assad.

Veja abaixo alguns pontos sobre o incidente e entenda o que aconteceu em mais um trágico episódio da guerra síria.

Os fatos

Um bombardeio aéreo atingiu na terça-feira por volta das 07h locais (01h de Brasília) a pequena cidade de Khan Sheikhun, controlada por rebeldes e extremistas na província de Idlib, no noroeste da Síria.

Imagens de uma correspondente da AFP mostraram corpos sem vida estendidos na calçada e pessoas sofrendo convulsões e crises de asfixia.

Segundo médicos no local, os sintomas dos pacientes eram similares aos constatados em vítimas de ataque químico: pupilas dilatadas, convulsões e espuma saindo da boca.

A natureza do gás tóxico ainda não foi determinada.

O balanço

O número de vítimas não para de aumentar desde o ataque: na quarta-feira, o último balanço era de 72 mortos, inclusive 20 crianças, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

O OSDH também afirma que há mais de 160 feridos e um número indeterminado de "pessoas desaparecidas".

Quem é o responsável?

Vários dirigentes, especialmente ocidentais, e a oposição síria acusaram o regime de Bashar Al Assad.

"Todas as provas que sugerem que foi o regime de Al Assad. Usando armas ilegais contra seu próprio povo", afirmou o secretário britânico de Relações Exteriores, Boris Johnson.

O presidente francês, François Hollande, fez alusão à "responsabilidade" de Assad no "massacre" e a Casa Branca denunciou um "ato odioso" de Damasco.

A Coalizão Nacional, grande plataforma opositora síria, questionou o "regime do criminoso Bashar" al Assad.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, lamentou nesta quarta-feira que "continuem (sendo cometidos) crimes de guerra" na Síria, sem mencionar Damasco. E o enviado especial das Nações Unidas à Síria, Staffan de Mistura, assegurou que a ONU fará os autores deste ataque "prestar contas".

Washington, Paris e Londres apresentaram na terça-feira um projeto de resolução condenando o ataque e pedindo uma investigação completa e rápida que será votada no Conselho de Segurança.

O que dizem o regime e seus aliados?

O Exército sírio desmentiu "categoricamente ter empregado qualquer substância química em Khan Sheikhun".

Na quarta-feira, a Rússia, principal aliada do regime, afirmou que a aviação síria tinha bombardeado "um depósito" nas mãos dos rebeldes, onde havia "substâncias tóxicas" destinadas a combatentes no Iraque.

Armas químicas na Síria

Em agosto de 2013, o regime foi acusado de ter empregado gás sarin em um ataque contra dois setores rebeldes na periferia de Damasco, que deixou, segundo os Estados Unidos, mais de 1.400 mortos.

O governo rechaçou as acusações e ratificou em 2013 a Convenção sobre a Proibição de Armas Químicas.

A Síria deveria ter destruído seu arsenal químico em virtude de um acordo entre Moscou e Washington, mas suspeita-se que o regime tenha voltado a utilizar este tipo de armamento em várias ocasiões.

Em outubro de 2016, o Conselho de Segurança recebeu um informe concluindo que o exército sírio tinha realizado cada um destes ataques com cloro em 2014 e 2015.

No começo de março, a Organização para a Proibição de Armas Químicas (OIAC) informou que investigava outros oito ataques com gás tóxico cometidos na Síria desde o começo de 2017.

O regime e a Rússia sempre acusaram grupos rebeldes armados ou extremistas de usar armas químicas.

*Com informações da agência de notícias AFP. 

Acompanhe tudo sobre:Bashar al-AssadCrimeGuerrasSíria

Mais de Mundo

Legisladores democratas aumentam pressão para que Biden desista da reeleição

Entenda como seria o processo para substituir Joe Biden como candidato democrata

Chefe de campanha admite que Biden perdeu apoio, mas que continuará na disputa eleitoral

Biden anuncia que retomará seus eventos de campanha na próxima semana

Mais na Exame