Guarda em local de atentado em junho, em Cabul: escalada de violência (Photo by SAHEL ARMAN/AFP via Getty Images/Getty Images)
Carla Aranha
Publicado em 5 de setembro de 2022 às 14h26.
Última atualização em 5 de setembro de 2022 às 18h06.
Pelo menos oito pessoas morreram após a explosão de um homem-bomba em frente à embaixada russa em Cabul, no Afeganistão, nesta segunda, dia 5, em um dos piores atentados desde a tomada de poder pelo Talibã, no ano passado.
O diplomata russo Mikhail Shakh havia deixado o prédio da embaixada minutos antes do atentado para comunicar a concessão de vistos de imigração para uma multidão que aguardava no local. A Rússia é um dos poucos países que decidiram manter uma representação diplomática no Afeganistão após a tomada de poder pelo Talibã, no ano passado. A China, que vem costurando laços geopolíticos com a Rússia, é outro país que mantém relações diplomáticas com o Afeganistão, assim como o Paquistão.
O Talibã negou a autoria do atentado, embora, segundo fontes diplomáticas, nada aconteça no país sem que o grupo tenha conhecimento. De início, o grupo não confirmou o ocorrido. As informçãoes iniciadas foram enviadas pela embaixada da Rússia — até agora, não foram apontados grupos suspeitos pelo ataque. O homem-bomba foi morto por policiais.
O porta-voz do Ministério de Relações Exteriores do Afeganistão, Abdul Qahar Balkhi, condenou o ataque. "Não vamos permitir que nossos inimigos sabotem as relações entre a Rússia e o Afeganistão", afirmou.
Desde que o Talibã depôs o governo do Afeganistão, uma série de atentados têm acontecido pelo país. O grupo os atribui a uma facção do Estado Islâmico e outras milícias terroristas. O líder da Al Qaeda, Ayman Al-Zawahiri, foi morto pela CIA em Cabul, onde se protegia, em agosto deste ano, o que levantou suspeitas de que o Talibã venha dando salvo-conduto a representantes de organizações terroristas.
As tropas americanas se retiraram do Afeganistão em agosto do ano passado, após 20 anos de ocupação. Mais de 120 mil cidadãos americanos foram evacuados em duas semanas, pouco antes da conclusão do fim das atividades dos Estados Unidos no país. Diversos países ocidentais, como o Reino Unido, Alemanha e França, seguiram o mesmo caminho. Não há números oficiais sobre quantos afegãos que trabalhavam para organizações europeias e americanas ficaram para trás.
"Foi uma retirada às pressas", diz o especialista em relações internacionais e políticas públicas afegão Sher Jan Ahmadzai, diretor do Centro de Estudos Afegãos da Universidade de Nebraska, nos Estados Unidos. "O Afeganistão voltou as mãos de grupo radical, que impõe sua prórpia lei". Ahmadzai foi secretário especial de Hamid Karzai, presidente do Afeganistão entre 2001 e 2014.
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