Reprodução de imagem de vídeo publicado em 24 de junho de 2023 no Telegram mostra Yevgeny Prigozhin (C) falando com o tenente-general Vladimir Alekseev (D0 e o vice-ministro da Defesa russo, Yunus-Bek Evkurov, no quartel-general do distrito militar russo austral na cidade de Rostov-on-Don (AFP/AFP)
Redação Exame
Publicado em 24 de junho de 2023 às 08h38.
Última atualização em 24 de junho de 2023 às 08h55.
O grupo paramilitar Wagner, que até então era aliado do Kremlin na guerra da Ucrânia, convocou uma rebelião armada para derrubar o ministro da Defesa da Rússia.
O desentendimento entre o governo russo e os mercenários ganhou grandes proporções depois que o líder do grupo, Yevgeny Prigojin, acusou o exército de bombardear suas bases próximas à linha de frente da guerra da Ucrânia.
Neste sábado, Prigojin anunciou a tomada de instalações militares na cidade de Rostov, onde está localizado o quartel-general militar da ofensiva contra Kiev. Putin reagiu e prometeu punir os traidores, e o governo russo instaurou um "regime de operação antiterrorista" na região de Moscou.
Fundado em 2014, o Wagner é um grupo paramilitar de mercenários composto por ex-soldados, prisioneiros e civis russos e estrangeiros. O líder da equipe de elite é o oligarca Yevgeny Prigozhin, com forte ligação ao Kremlin. As primeira missões do grupo ocorreram em Donbass, no leste da Ucrânia, e na península da Crimeia, quando os mercenários ajudaram as forças separatistas a tomar a região.
Durante anos, Prigojin fez trabalho clandestino para o Kremlin, enviando mercenários de seu grupo privado para lutar em conflitos no Oriente Médio e na África, sempre negando qualquer envolvimento. Com a guerra da Ucrânia, Putin utilizou os mercenários no conflito. Segundo estimativas, os paramilitares têm mais de 20 mil soldados na guerra da Ucrânia.
O líder, Yevgeny Prigozhin, afirmou que 25 mil soldados estão prontos para derrubar o ministro da defesa russo.
O líder da milícia Wagner acusou na sexta-feira, 23, o exército regular de Moscou de bombardear suas bases e convocou a população a se revoltar contra o comando militar.
O exército negou as acusações, que chamou de "provocação", enquanto os serviços de segurança russos abriram uma investigação contra Yevgeny Prigozhin, por tentativa de motim.
A tensão ocorre em meio à contraofensiva das tropas ucranianas para reconquistar territórios tomados pela Rússia desde o início da intervenção militar, em fevereiro de 2022.
Horas antes do surgimento da crise, Prigozhin afirmou que o exército russo estava "se retirando" no leste e sul da Ucrânia, contradizendo as afirmações do Kremlin, que afirma que a contraofensiva de Kiev fracassa. "As Forças Armadas ucranianas estão fazendo as tropas russas recuarem", declarou, em entrevista publicada no aplicativo Telegram por seu serviço de imprensa.
"Não há controle algum, não há vitórias militares" de Moscou, insistiu Prigozhin, acrescentando que os militares russos "se banham em seu sangue", referindo-se às grandes perdas sofridas pelas tropas regulares. Putin e seu ministro da Defesa, Sergei Shoigu, afirmam, por sua vez, que o Exército está "repelindo" todos os ataques ucranianos.