O custo de 20 anos de catástrofes climáticas em números
O custo humano e econômico dos desastres naturais relacionados ao clima é de assustar. Já passou da hora de mudar esse quadro
Vanessa Barbosa
Publicado em 6 de dezembro de 2015 às 06h48.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 14h24.
São Paulo - Para muitos, a discussão sobre mudança climática,que domina a reunião da ONU sobre clima em Paris, a COP 21 , pode parecer um exercício de futurologia, um problema que só vai cobrar juros das gerações vindouras. Isto é um engano. A mudança do clima na Terra acontece aqui, agora e desde sempre. Mas esta variação, que leva de décadas até milhões de anos, tem se intensificado como resultado das atividades humanas, que liberam na atmosfera milhares de toneladas de gases efeito estufa, os vilões do aquecimento global . O último relatório do IPCC, o estudo de referência sobre o assunto, deixou bem claro: o homem é o maior responsável pela intensificação das mudanças climáticas atualmente. Extremos de temperatura estão mais comuns do que nunca (14 dos 15 anos mais quentes da história ocorreram desde 2000), as tempestades estão mais violentas, as secas, mais severas e os ciclones e furacões menos piedosos. E os juros já estão sendo cobrados: desde a primeira Conferência sobre Mudança Climática (COP1), em 1995, pelo menos 606.000 vidas foram perdidas em desastres relacionados ao clima, segundo o relatório " O Custo Humano dos Desastres Relacionados ao Clima " divulgado pela ONU. Em 20 anos, enchentes, secas e furacões causaram perdas e danos dolorosos. Veja nos slides um raio-x da fúria da natureza em grandes números.
Desde a primeira Conferência sobre Mudança Climática (COP1), em 1995, pelo menos 606.000 vidas foram perdidas e 4,1 bilhões de pessoas se feriram ou perderam suas casas em desastres relacionados ao clima.
Nos últimos vinte anos, 90% das grandes catástrofes naturais foram causadas por eventos relacionados ao clima: ao todo, foram 6.457 enchentes, tempestades, ondas de calor, secas, entre outros fenômenos que têm a água como força motriz.
Em média, 205 milhões de pessoas foram afetadas a cada ano entre 1995 e 2015. No Brasil, 51 milhões de pessoas sofreram com desastres naturais nos últimos 20 anos.
A ONU calcula que as perdas com os desastres naturais, incluindo terremotos e tsunamis, estejam entre US$ 250 bilhões e US$ 300 bilhões por ano.
Os cinco países mais atingidos nas duas últimas décadas por desastres relacionados ao clima foram os Estados Unidos (472), China (441), Índia (288), Filipinas (274), e Indonésia, (163).
A Ásia é o continente que mais sofreu com os desastres nos últimos 20 anos. O saldo de mortos no período chega a 332.000. Em 2008, o ciclone Nargis, um dos mais fatais, matou 138.000 pessoas em Mianmar.
No total, foram registrados uma média de 335 desastres relacionados ao clima por ano entre 2005 e 2014, um aumento de 14% em relação a 1995-2004, e quase o dobro do nível registrado durante 1985-1995.
As enchentes foram responsáveis por 47% de todos os desastres relacionados ao clima entre 1995 e 2015, afetando 2,3 mil milhões de pessoas e matando 157.000.
Tempestades, ciclones e furacões foram os tipos mais mortais de desastres relacionados com o clima, sendo responsáveis por 40% (242.000) dos óbitos relacionados com o clima global. A maior parte das mortes (89%) ocorreram em países mais pobres.
Ondas de calor foram responsáveis por 148.000 das 164.000 vidas perdidas devido a temperaturas extremas (o que inclui frios recordes). Segundo o estudo, 92% das mortes por calor ocorreram no hemisfério norte, principalmente na Europa, que responde sozinha por 90% desse total.
Já as secas severas afetam a África mais do que qualquer outro continente. Nos últimos 20 anos, o continente africano registrou nada menos do que 136 eventos do tipo, sendo 77 secas concentradas em países do leste africano.
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