Mundo

NY teme propagação da covid-19 durante Assembleia Geral da ONU

O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, pressionou a ONU para “nos ajudar a proteger o progresso” no combate à pandemia

Assembleia Geral da ONU deste ano não será uma tábua de salvação econômica, e a variante delta ainda oferece risco. (Lucas Jackson/Reuters)

Assembleia Geral da ONU deste ano não será uma tábua de salvação econômica, e a variante delta ainda oferece risco. (Lucas Jackson/Reuters)

B

Bloomberg

Publicado em 20 de setembro de 2021 às 20h31.

Última atualização em 21 de setembro de 2021 às 10h08.

Por David Wainer e Skylar Woodhouse, da Bloomberg

Uma Assembleia Geral das Nações Unidas mais enxuta retorna a Manhattan nesta semana depois de ser realizada virtualmente no ano passado, mas a preocupação com o possível aumento de casos de Covid-19 reduz o entusiasmo dos residentes com a reunião diplomática anual.

Os nova-iorquinos, cientes do tráfego extra e do labirinto de ruas fechadas por hospedar mais de 100 líderes mundiais e seus acompanhantes, podem agradecer o impulso econômico proporcionado pelo evento, mais de 18 meses depois de a pandemia ter paralisado a cidade.

Mas a Assembleia Geral da ONU deste ano não será uma tábua de salvação econômica, e a variante delta ainda oferece risco.

“Minha maior preocupação é o que acontece fora do complexo da ONU”, disse Mark Levine, vereador de Nova York, em entrevista. “Este encontro é famoso por todas as reuniões paralelas em hotéis, bares, cafés e restaurantes. Muitos deles acontecem sem triagens regulares, onde os nova-iorquinos serão expostos.”

Este não é exatamente o megaevento ao qual os nova-iorquinos se acostumaram. Enquanto 10 mil delegados normalmente desembarcariam em Manhattan em um ano normal pré-Covid, Vijay Dandapani, presidente da Associação de Hotéis da Cidade de Nova York, diz que cerca de mil são esperados desta vez. Os países concordaram em limitar suas delegações a sete pessoas dentro do prédio da ONU, e eventos paralelos serão em sua maioria virtuais.

O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, pressionou a ONU para “nos ajudar a proteger o progresso” no combate à pandemia. Penny Abeywardena, comissária de Assuntos Internacionais da cidade, escreveu uma carta ao presidente da Assembleia Geral da ONU observando que, de acordo com as regras de Nova York, o comprovante de vacinação deve ser exigido para a entrada na sede da ONU. O presidente da Assembleia Geral, Abdulla Shahid, respondeu que trabalharia para que isso acontecesse.

Mas alguns líderes, como o presidente Jair Bolsonaro, não estão vacinados, e a ONU não deu sinais de que pretende impedi-los de entrar. O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse à Bloomberg em entrevista que um sistema de honra será usado, significando que diplomatas que entrarem no prédio estão atestando ter sido vacinados.

“O número de pessoas não vacinadas será muito limitado”, disse. “Toda a equipe da ONU apoiando a Assembleia Geral está vacinada”, acrescentou, observando que até agora a ONU nunca foi superpropagadora do vírus devido às medidas rígidas em vigor para máscaras e distanciamento social.

De qualquer forma, a cidade oferece apoio adicional aos delegados da ONU, como testes e vacinação no local.

“Como cidade anfitriã, a cidade de Nova York está entusiasmada em fornecer testes e vacinação na Assembleia Geral da ONU”, disse Abeywardena em comentários por escrito à Bloomberg. “Como líder nacional e global na adoção das vacinas, a cidade de Nova York incentiva todos os presentes na Assembleia Geral a se vacinarem para proteger não apenas os participantes deste encontro, mas também as pessoas da cidade de Nova York.”

O governo Biden também tenta limitar eventos presenciais durante a assembleia. No mês passado, a Missão dos Estados Unidos na ONU incentivou países a enviarem vídeos pré-gravados para evitar o risco de “superpropagação”.

“Para muitos líderes, é uma oportunidade de mostrar que a cooperação internacional é importante”, disse Richard Gowan, diretor da ONU no Grupo de Crises. “Também é, simplesmente, muito divertido vir para Nova York.”

A Assembleia Geral da ONU do ano passado foi totalmente virtual, prejudicando a imagem de Nova York como sede da diplomacia internacional, o que encolheu a receita de hotéis e empresas próximas ao evento.

Na mesma rua da sede das Nações Unidas, Mirso Lekic, proprietário da Tudor City Steakhouse, diz que seu restaurante realizou alguns almoços e eventos que antecederam a assembleia e que já está recebendo muitas reservas de chefes de estado. Lekic diz que seu restaurante terá equipe completa durante o evento para atender à demanda.

Fique por dentro das principais notícias do Brasil e do mundo. Assine a EXAME

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusEstados Unidos (EUA)Nova YorkONUPandemia

Mais de Mundo

Polícia da Zâmbia prende 2 “bruxos” por complô para enfeitiçar presidente do país

Rússia lança mais de 100 drones contra Ucrânia e bombardeia Kherson

Putin promete mais 'destruição na Ucrânia após ataque contra a Rússia

Novo líder da Síria promete que país não exercerá 'interferência negativa' no Líbano