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Número divulgado de vítimas da ditadura argentina gera polêmica

Segundo os números divulgados pelo governo da Argentina, pelo menos 8.571 pessoas foram assinadas ou desapareceram

Argentina: a quantidade de vítimas do regime militar é um assunto polêmico no país (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)

Argentina: a quantidade de vítimas do regime militar é um assunto polêmico no país (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)

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EFE

Publicado em 8 de novembro de 2016 às 14h32.

Buenos Aires - A presidente das Avós da Praça de Maio, Estela de Carlotto, questionou nesta terça-feira os dados divulgados pelo governo da Argentina sobre o número de vítimas durante a ditadura do país, medida que classificou de uma "provocação" e considerou como "vergonhosa".

"Quero esclarecer que não sei de onde saíram esses números, como eles foram obtidos. Nunca se divulgou um número assim, exceto no início", disse a líder da emblemática organização de direitos humanos do país, que tem como objetivo localizar e devolver às legítimas famílias todas as crianças desaparecidas durante o regime.

Segundo os números divulgados pelo governo da Argentina, pelo menos 8.571 pessoas foram assinadas ou desapareceram pela ação de agentes do Estado durante a ditadura (1976-1983).

A quantidade de vítimas do regime militar é um assunto polêmico no país, já que nem todos corroboram os dados dos órgãos de direitos humanos, como as Avós das Praças de Maio, que indicam que 30 mil pessoas desapareceram ao longo dos anos de chumbo na Argentina.

O governo argentino divulgou ontem, através da Secretaria de Direitos Humanos, os casos incluídos no Registro Unificado de Vítimas de Terrorismo de Estado, criado em 2013, sobre os desaparecidos ou assassinados durante o último governo de Juan Domingo Perón e Isabel Martínez (1973-1976) e a ditadura.

A divulgação foi realizada depois de a organização Livres pela Qualidade Institucional fizesse um pedido para que as informações fossem tornadas públicas.

De Carlotto, de 86 anos, classificou o anúncio dos dados de "provocação" e de uma "perseguição realmente desagradável". Para ela, o grupo, formado por "desconhecidos advogados", não merecia receber os dados sem uma "reivindicação justa".

"Por que estão remoendo algo tão delicado, duro e difícil para a sociedade inteira? Porque o governo respondeu tão rapidamente e urgentemente essa organização? Demoram anos para nos dar uma respostas satisfatórias", criticou em declarações à "Rádio Província".

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