Novos dirigentes árabes querem ser como premiê turco
Eles se autodenominaram democrata-muçulmanos e evitam qualquer semelhança com os chamados 'emires' radicais do salafismo
Da Redação
Publicado em 16 de dezembro de 2011 às 11h43.
Redação Central - Os novos líderes islâmicos moderados surgidos nas eleições da Primavera Árabe, que está prestes a completar um ano, se autodenominaram democrata-muçulmanos como o primeiro-ministro turco , Recep Tayyip Erdogan, e evitam qualquer semelhança com os chamados 'emires' radicais do salafismo.
Os novos dirigentes dos países nos quais a revolução e as reivindicações populares triunfaram, como Tunísia, Marrocos, Egito e Líbia, buscam implantar uma sociedade com valores islâmicos, mas com pensamento político ocidental.
Com a implantação de um islamismo moderado, desejam principalmente não assustar os investidores ocidentais, em países onde a renda per capita não ultrapassa US$ 7 mil.
Estas democracias incipientes ainda têm a viva lembrança dos 'mártires' de sua Primavera e das manifestações que ainda persistem nas praças árabes.
Também são conscientes de que o Ocidente olha com atenção seus discursos, diante do medo de que desistam do diálogo conciliador e surjam como verdadeiros 'lobos do fundamentalismo salafista' ou perpetuem as velhas estruturas de poder.
Muitos deles veem em Erdogan e em seu Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP) um modelo islâmico moderado que triunfou em seu país e é visto com bons olhos pela comunidade internacional.
O dirigente turco, à frente do governo desde que ganhou as eleições de 2001, é um homem com modos ocidentais e que possui contas no Facebook e Twitter.
Com certa ambiguidade, proclama a liberdade de escolha do uso do véu para as mulheres, mas sua esposa sempre aparece em público com a cabeça coberta. Tolera a venda de bebidas alcoólicas, porém elevou os impostos sobre elas.
O malabarista Erdogan modificou o papel do Exército como guarda político na Turquia, ao fazer uma reforma constitucional que permitiu fortalecer o controle civil sobre a instituição militar.
Na Tunísia, o secretário-geral do partido Al-Nahda, Hamadi Jabali disse em um comício durante a campanha eleitoral em outubro: 'Meus irmãos, hoje vivemos um momento histórico, um momento divino, uma nova etapa civilizadora no sexto califado'.
Alguns líderes ocidentais interpretaram essas palavras como uma alfinetada nos fundamentalistas, mas Jabali, já transformado em chefe do Executivo tunisiano, defendeu que uma de suas prioridades será 'garantir uma segurança mínima para que a economia e os investimentos possam aumentar'.
No Marrocos, o líder do Partido Justiça e Desenvolvimento, homônimo da legenda turca, Abdelilah Benkiran, ganhador das eleições de 25 de novembro, ressaltou logo após assumir o poder que sua missão é trabalhar pelo 'interesse geral'.
Benkiran, de 57 anos, disse que não pretende reduzir as liberdades, 'salvo os limites marcados pela lei', e que tem outras prioridades para os próximos cinco anos, como aumentar a renda per capita (US$ 2.830 em 2011) e reduzir a taxa de desemprego e a pobreza.
O Egito ainda vive um período de transição sob a junta militar, com um complexo e longo processo eleitoral que começou em 28 de novembro e termina em janeiro.
O Partido Liberdade e Justiça (PLJ), braço político da Irmandade Muçulmana, ganhador do primeiro turno, expressou sua intenção de trabalhar com o resto das formações políticas, e o salafista Al Nour, que ficou em segundo lugar, manifestou sua crença na democracia como 'alternância de poder'.
Essa alternância poderá ser efetiva assim que a junta militar ceder a parcela de poder que ocupa desde a renúncia do presidente Hosni Mubarak, em 11 de fevereiro.
Na Argélia, os manifestantes saíram às ruas para pedir a abolição do 'estado de emergência', que está em vigor desde 9 de fevereiro de 1992.
Essa situação se impôs depois que a segunda etapa das eleições legislativas foi anulada, após o primeiro turno ter sido vencido pelo fundamentalista Frente Islâmica de Salvação (FIS), partido que os militares viam como uma ameaça à democracia.
A possível chegada ao poder de fundamentalismo por meio de eleições democráticas acabou gerando um choque com a entidade militar causando uma década de guerra civil.
Um 'estado de emergência' foi instaurado e dissolvido em 24 de fevereiro deste ano, pela pressão da 'Primavera Árabe'.
Redação Central - Os novos líderes islâmicos moderados surgidos nas eleições da Primavera Árabe, que está prestes a completar um ano, se autodenominaram democrata-muçulmanos como o primeiro-ministro turco , Recep Tayyip Erdogan, e evitam qualquer semelhança com os chamados 'emires' radicais do salafismo.
Os novos dirigentes dos países nos quais a revolução e as reivindicações populares triunfaram, como Tunísia, Marrocos, Egito e Líbia, buscam implantar uma sociedade com valores islâmicos, mas com pensamento político ocidental.
Com a implantação de um islamismo moderado, desejam principalmente não assustar os investidores ocidentais, em países onde a renda per capita não ultrapassa US$ 7 mil.
Estas democracias incipientes ainda têm a viva lembrança dos 'mártires' de sua Primavera e das manifestações que ainda persistem nas praças árabes.
Também são conscientes de que o Ocidente olha com atenção seus discursos, diante do medo de que desistam do diálogo conciliador e surjam como verdadeiros 'lobos do fundamentalismo salafista' ou perpetuem as velhas estruturas de poder.
Muitos deles veem em Erdogan e em seu Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP) um modelo islâmico moderado que triunfou em seu país e é visto com bons olhos pela comunidade internacional.
O dirigente turco, à frente do governo desde que ganhou as eleições de 2001, é um homem com modos ocidentais e que possui contas no Facebook e Twitter.
Com certa ambiguidade, proclama a liberdade de escolha do uso do véu para as mulheres, mas sua esposa sempre aparece em público com a cabeça coberta. Tolera a venda de bebidas alcoólicas, porém elevou os impostos sobre elas.
O malabarista Erdogan modificou o papel do Exército como guarda político na Turquia, ao fazer uma reforma constitucional que permitiu fortalecer o controle civil sobre a instituição militar.
Na Tunísia, o secretário-geral do partido Al-Nahda, Hamadi Jabali disse em um comício durante a campanha eleitoral em outubro: 'Meus irmãos, hoje vivemos um momento histórico, um momento divino, uma nova etapa civilizadora no sexto califado'.
Alguns líderes ocidentais interpretaram essas palavras como uma alfinetada nos fundamentalistas, mas Jabali, já transformado em chefe do Executivo tunisiano, defendeu que uma de suas prioridades será 'garantir uma segurança mínima para que a economia e os investimentos possam aumentar'.
No Marrocos, o líder do Partido Justiça e Desenvolvimento, homônimo da legenda turca, Abdelilah Benkiran, ganhador das eleições de 25 de novembro, ressaltou logo após assumir o poder que sua missão é trabalhar pelo 'interesse geral'.
Benkiran, de 57 anos, disse que não pretende reduzir as liberdades, 'salvo os limites marcados pela lei', e que tem outras prioridades para os próximos cinco anos, como aumentar a renda per capita (US$ 2.830 em 2011) e reduzir a taxa de desemprego e a pobreza.
O Egito ainda vive um período de transição sob a junta militar, com um complexo e longo processo eleitoral que começou em 28 de novembro e termina em janeiro.
O Partido Liberdade e Justiça (PLJ), braço político da Irmandade Muçulmana, ganhador do primeiro turno, expressou sua intenção de trabalhar com o resto das formações políticas, e o salafista Al Nour, que ficou em segundo lugar, manifestou sua crença na democracia como 'alternância de poder'.
Essa alternância poderá ser efetiva assim que a junta militar ceder a parcela de poder que ocupa desde a renúncia do presidente Hosni Mubarak, em 11 de fevereiro.
Na Argélia, os manifestantes saíram às ruas para pedir a abolição do 'estado de emergência', que está em vigor desde 9 de fevereiro de 1992.
Essa situação se impôs depois que a segunda etapa das eleições legislativas foi anulada, após o primeiro turno ter sido vencido pelo fundamentalista Frente Islâmica de Salvação (FIS), partido que os militares viam como uma ameaça à democracia.
A possível chegada ao poder de fundamentalismo por meio de eleições democráticas acabou gerando um choque com a entidade militar causando uma década de guerra civil.
Um 'estado de emergência' foi instaurado e dissolvido em 24 de fevereiro deste ano, pela pressão da 'Primavera Árabe'.