Novo ataque das "forças combinadas" do governo da Nicarágua deixou pelo menos três mortos na região norte do país (Jorge Cabrera/Reuters)
EFE
Publicado em 24 de julho de 2018 às 12h27.
Manágua - Um novo ataque das "forças combinadas" do governo da Nicarágua deixou pelo menos três mortos na região norte do país, segundo informaram manifestantes na cidade de Jinotega nesta terça-feira.
O ataque, que durou mais de oito horas e terminou nesta madrugada, ocorreu no bairro de Sandino, na cidade de Jinotega, 163 quilômetros ao norte de Manágua, devido à forte resistência em relação ao governo do presidente Daniel Ortega.
"Esta é a normalidade da qual o presidente fala", disse um dos denunciantes, em mensagem pública, na qual mostrou as fotografias das vítimas.
A diocese de Jinotega confirmou o ataque do governo, e o sacerdote Carlos Enrique Herrera afirmou que irá ao local para ver de perto a situação.
Este é o mais recente dos ataques cometidos pelo governo nicaraguense nos últimos três meses, ofensivas que abrangem diversas regiões do país.
Dados de organizações humanitárias nacionais e internacionais indicam que o número de mortos por causa da repressão na Nicarágua gira entre 277 e 351. Além disso, milhares de pessoas ficaram feridas e mais de 700 foram "sequestradas" por paramilitares e levadas a prisões da Polícia Nacional.
Tanto a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) como o Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (Acnudh) responsabilizaram o governo de Ortega por graves violações dos direitos humanos, entre elas "assassinatos, execuções extrajudiciais, maus tratos, possíveis atos de tortura e prisões arbitrárias". O governo da Nicarágua rejeita todas as acusações.
A Nicarágua está imersa na crise mais sangrenta da história do país em tempos de paz e a mais forte desde a década de 80, quando Ortega também foi presidente (1985-1990).
Os protestos contra Ortega e sua esposa, a vice-presidente Rosario Murillo, começaram no dia 18 de abril devido a fracassadas reformas na Previdência Social e se transformaram em um grande pedido de renúncia ao presidente, que acumula 11 anos no poder em meio a acusações de abuso e corrupção.