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Novo apagão atinge parte do país e governo muda o tom

No momento da interrupção, a perda de carga de energia no Nordeste foi de 9.500 megawatts


	Apagão é tema delicado para o governo de Dilma Rousseff
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Apagão é tema delicado para o governo de Dilma Rousseff (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 26 de outubro de 2012 às 13h14.

O novo apagão registrado entre o fim da quinta-feira e a madrugada desta sexta-feira, que atingiu todo o Nordeste e parte da Região Norte do país, fez o governo federal mudar o tom ao afirmar que os recentes blecautes ocorridos no país "não são normais".

No momento da interrupção, a perda de carga de energia no Nordeste foi de 9.500 megawatts (MW). No Norte, onde Pará e Tocantins ficaram sem luz, a perda foi de 3.500 MW, segundo o Operador Nacional do Sistema (ONS). Há relatos de moradores de Brasília de que o corte no fornecimento também afetou parte da capital federal.

É o quarto blecaute de proporções importantes nos últimos dois meses, atestando os desafios para melhora na infraestrutura da maior economia da América Latina. O primeiro atingiu o Nordeste em setembro e outros dois sucessivos deixaram sem luz áreas no Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Sistema Acre-Rondônia e o Distrito Federal no início de outubro.

Até a queda no fornecimento de energia desta madrugada, representantes do governo vinham afirmando que as ocorrências não comprometiam o sistema elétrico brasileiro, e que eram falhas pontuais e isoladas.

Nesta manhã, o ministro interino de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, afirmou que blecautes com essa frequência não são normais. "Eventos como esse não são normais e a coincidência, então, é que é mais anormal ainda. Então é isso que está sendo avaliado", disse ele a jornalistas.

Como nas ocasiões anteriores, o apagão provavelmente foi resultado de um problema em uma linha de transmissão, desta vez administrada pela Taesa, controlada da estatal mineira Cemig. Segundo Zimmermann, a falha teria acontecido na linha que liga as subestações Colinas (TO) e Imperatriz (MA).

De acordo com o ONS, um incêndio em uma peça de um capacitor da linha de transmissão teria culminado no blecaute, e a parada teria sido longa, sendo que quatro horas depois 70 por cento da carga de energia tinha sido restabelecida.

Zimmermann disse que o setor elétrico brasileiro, que tem um dos maiores sistemas de transmissão do mundo, sempre trabalha "com nível de confiabilidade bom".

"Tivemos nesses últimos eventos uma diminuição dessa confiabilidade, que ainda não se tem as razões. Sempre começa com um equipamento falhando e a proteção primária não atuando, e aí levando para a proteção secundária, alternada, e aí provocando eventos de grande proporção", disse.

Procurada, a Cemig informou que não comentaria o assunto por enquanto.

Uma reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), em Brasília, foi convocada para discutir as causas do último apagão.


Em 4 de outubro, após dois blecautes seguidos, o Ministério de Minas e Energia anunciou a criação de um grupo de trabalho para avaliar o sistema de transmissão de energia do país.

Tema delicado para Dilma

A presidente Dilma Rousseff tem um carinho especial com o tema energia. No governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma foi ministra da pasta e responsável pela elaboração do novo marco regulatório do setor --ainda abalado pelo racionamento de luz em 2001, no governo de Fernando Henrique Cardoso.

Coincidência ou não, a série recente de blecautes teve início dias após a presidente ter anunciado, em meados de setembro, que a conta de luz para os consumidores no Brasil cairá, em média, em 20,2 por cento em 2013.

A redução da tarifa de energia será possível graças à diminuição ou extinção de encargos e pela renovação antecipada e condicionada das concessões do setor elétrico que venceriam entre 2015 e 2017.

Para manter os ativos cujos investimentos já foram quase ou totalmente amortizados, as concessionárias terão que aceitar redução significativa de sua receita --o que alguns analistas temem que possa comprometer a capacidade de investimentos futuros.

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