San Bernardino, Califórnia: cidade foi alvo do mais grave tiroteio em massa dos EUA desde 2012. Episódio é ainda o 355º do gênero a acontecer no país apenas nesse ano (Reuters)
Gabriela Ruic
Publicado em 4 de dezembro de 2015 às 09h34.
São Paulo – O massacre na cidade de San Bernardino (Califórnia) que deixou 14 mortos e 21 feridos na última quarta-feira é o mais grave tiroteio em massa dos Estados Unidos desde 2012, quando um jovem de 20 anos invadiu a escola Sandy Hook (Connecticut) e matou 26 pessoas. Esse é também o 355º episódio do gênero a acontecer no país apenas em 2015.
É o que mostra um levantamento o Mass Shooting Tracker, uma ferramenta online colaborativa que tem como objetivo monitorar tiroteios em massa nos EUA. De acordo com os seus desenvolvedores, para um evento ser contabilizado como tal, é preciso que quatro ou mais pessoas, incluindo os atiradores, tenham sido mortas ou feridas por armas de fogo.
As razões por trás do ocorrido ainda não foram esclarecidas pelas autoridades, mas o ataque trouxe novamente à tona o debate em torno da regulamentação para compra de armas de fogo nos EUA. Segundo a rede de notícias CNN, o casal suspeito de ter cometido o ataque, Syed Rizwan Farook e Tashfeen Malik, portavam armamentos comprados legalmente.
Em um comunicado horas após o ataque, o presidente Barack Obama não descartou que o caso tenha relação com o terrorismo e reiterou a necessidade de que seja feita uma reforma nas regras para o controle de armas no país. “Esse tipo de evento não acontece com essa frequência em outros países”, disse ele.
“Há a prevalência de tiroteios em massa nesse país e os americanos sentem que não há nada que possa ser feito”, disse Obama, “mas não podemos deixar esses casos apenas nas mãos dos nossos profissionais. Todos temos culpa”.
Os legisladores, continuou o presidente, precisam tornar mais difícil a vida de uma pessoa que decide usar armas de fogo para machucar outras .Nesse momento, isso ainda está fácil demais”, concluiu.
O que era para ter sido uma confraternização de fim de ano de colegas do departamento de saúde local no Inland Regional Center acabou em uma longa e intensa troca de tiros entre a dupla de atiradores e policiais.
Farook, 28 anos, e Tashfeen, 27 anos, eram casados há dois anos e tinham uma filha de seis meses. Americano, ele era formado em estudos do meio ambiente pela Universidade do Estado da Califórnia e trabalhava como inspetor para o departamento. Sobre sua esposa, pouco se sabe além de que seria paquistanesa.
Segundo a CNN, que ouviu sobreviventes e fontes ligadas às investigações, naquela manhã, Farook estava na festa e, de repente, deixou o local enfurecido. Voltou armado e com Tashfeen. Minutos depois, a polícia chegou e iniciou uma troca de tiros que acabou matando o casal. Mais tarde, foram ainda encontrados explosivos no prédio.
Colegas de trabalho se mostraram surpresos com a notícia de que eles teriam sido os responsáveis pelo massacre. Descrito como um sujeito religioso, quieto e educado, Farook estaria vivendo o sonho americano ao lado da esposa. “Nunca vi nada suspeito nele”, disse um colega de baia ao jornal The Los Angeles Times.
Entre familiares, o clima também é de espanto. “Eu não faço a menor ideia do porque eles fizeram isso”, contou o cunhado de Farook, “estou em choque”. Ainda de acordo com a CNN, oficiais teriam descoberto que o casal mantinha contato com suspeitos de terrorismo.