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Empresas de educação são pressionadas por mudanças no Fies

No primeiro pregão da Bovespa de 2015, as ações da Estácio Participações e da Kroton figuravam entre as principais perdas do Ibovespa


	Bovespa: segundo analistas da Coinvalores, ainda é cedo para mensurar os efeitos das mudanças
 (Germano Lüders/EXAME)

Bovespa: segundo analistas da Coinvalores, ainda é cedo para mensurar os efeitos das mudanças (Germano Lüders/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 2 de janeiro de 2015 às 12h56.

São Paulo - As empresas de educação iniciaram o ano sob pressão, na esteira de mudanças divulgadas no início da semana para o Fies, programa do governo para financiar a graduação superior, apesar de a presidente reeleita Dilma Rousseff ter sinalizado prioridade para a educação na cerimônia de posse.

No primeiro pregão da Bovespa de 2015, as ações da Estácio Participações e da Kroton figuravam entre as principais perdas do Ibovespa, com queda de 6,5 por cento e 4,8 por cento, respectivamente, às 13h35, enquanto o Ibovespa, principal índice da bolsa paulista, recuava 2,25 por cento.

Já os papéis da Anima Educação caíam 4,8 por cento, ao passo que as ações da Ser Educacional perdiam 6,45 por cento.

Na segunda-feira, o Ministério da Educação mudou as regras para o Fies, importante fonte de receita para as companhias.

Segundo o analista Tales Freire, do Bradesco, o programa responde por 49 por cento das receitas totais da Ser, 44 por cento da Kroton, 40 por cento da Estácio e 38 por cento da Anima.

A partir de agora, os estudantes precisarão tirar no mínimo 450 pontos no Enem para terem acesso ao benefício, e não poderão zerar a prova de redação.

Além disso, os candidatos não poderão mais receber o benefício simultâneo do financiamento com recursos do Fies e de bolsa do Prouni.

A exceção vale para bolsa parcial, mas apenas quando ambos os benefícios se destinarem ao mesmo curso e na mesma instituição de educação superior.

Segundo os analistas Felipe Silveira e Daniel Liberato, da Coinvalores, ainda é cedo para mensurar os efeitos das mudanças, embora elas tenham possível impacto sobre a captação de novos alunos.

"Esse setor desde 2011 foi bastante estimulado, mas há algumas indicações de que alguns desses benefícios em um quadro de aperto de despesas do governo podem sofrer alterações", afirmaram.

CRÉDITOS DO FIES

Na terça-feira, o MEC também instituiu mais controles sobre o Fies, estabelecendo, entre outras regras, que as empresas com mais de 20 mil alunos usando empréstimos do Fies poderão vender seus créditos do programa em um intervalo mínimo de 45 dias, ante 30 anteriormente.

Em relatório, Freire, do Bradesco, avaliou que as exigências mínimas em relação ao Enem parecem estar mais relacionadas à padronização de critérios de financiamento que a um eventual aperto fiscal.

"No entanto, a mudança no calendário para a recompra de crédito do Fies sugere que poderemos ver o Ministério da Educação com um orçamento mais apertado e uma abordagem mais restritiva financeiramente ao longo de 2015", disse.

Procuradas pela Reuters, a Estácio, Anima e Ser não se pronunciaram imediatamente sobre possíveis impactos das mudanças em seus negócios.

A Kroton disse que ainda está analisando as novas regras. As alterações foram anunciadas antes do discurso da presidente Dilma Rousseff na cerimônia de posse de seu segundo mandato, quando lançou o novo lema de seu governo, "Brasil, pátria educadora", sinalizando que a educação será "a prioridade das prioridades".

"Ao longo deste novo mandato, a educação começará a receber volumes mais expressivos de recursos oriundos dos royalties do petróleo e do fundo social do pré-sal. Assim, à nossa determinação política se somarão mais recursos e mais investimentos", disse Dilma.

Para Liberato, da Coinvalores, o governo deverá dar um foco maior à educação básica e a creches.

"A educação superior não deve ser tão estimulada quanto nos últimos anos, por mais que benefícios e programas continuem", afirmou.

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