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Nos EUA, Justiça prende dois por operarem delegacia chinesa em Manhattan

Homens, ambos americanos e moradores de Nova York, são acusados de obstrução à Justiça e conspiração

Rua de Chinatown é vista em 21 de agosto de 2013, em Nova York (AFP/AFP)
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 17 de abril de 2023 às 17h48.

A Procuradoria do Distrito Leste de Nova York, nos Estados Unidos (EUA), informou nesta segunda, 17, que dois homens, ambos moradores da cidade, foram presos após as autoridades descobrirem a abertura e a operação de delegacia de polícia chinesa que funcionava em Manhattan, nos Estados Unidos. A delegacia, segundo a denúncia, responderia ao Ministério de Segurança Pública da China (MPS, em inglês) e funcionaria no bairro Chinatown, no Lower Manhattan.

O procurador Breon Peace, responsável pelo Distrito Leste, afirmou que a investigação revela uma "flagrante violação" do governo chinês da soberania dos EUA ao "estabelecer uma delegacia de polícia secreta no meio da cidade de Nova York".

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"Conforme alegado [na investigação], os réus foram instruídos a cumprir as ordens da RPC [República Popular da China], inclusive ajudando a localizar um dissidente chinês que vive nos Estados Unidos, e obstruíram nossa investigação ao deletar suas comunicações com um funcionário do Ministério de Segurança Pública da China. Essa delegacia de polícia não tem lugar aqui na cidade de Nova York - ou em qualquer comunidade americana", disse em nota Peace.

"O FBI está inabalável em nossa missão de proteger o povo americano e defender nossa Constituição; qualquer pessoa que trabalhe em nome de uma nação estrangeira hostil para violar nossa segurança e liberdade nacional será responsabilizada”, disse em comunicado o diretor assistente do FBI, Michael J. Driscoll.

Primeira delegacia de polícia estrangeira nos EUA

A Procuradoria denunciou Lu Jianwang and Chen Jinping -- ambos, cidadãos americanos -- por conspirarem para agir como agentes do governo chinês e obstrução de justiça ao destruir evidências de comunicações deles com o ministério chinês.

Segundo as autoridades americanas,os réus trabalharam juntos para estabelecer a "primeira delegacia de polícia estrangeira conhecida nos Estados Unidos" em nome da filial de Fuzhou, na província de Fujian, do ministério.

Em 2022, um oficial do governo chinês, diz a procuradoria americana, procurou a ajuda de Lu para localizar um indivíduo que mora na Califórnia e é ativista pró-democracia.

"Em outubro de 2022, o FBI realizou uma busca judicialmente autorizada na delegacia ilegal. Em conexão com a busca, agentes do FBI entrevistaram Lu e Chen e apreenderam seus telefones. Ao revisar o conteúdo desses telefones, os agentes do FBI observaram que as comunicações entre Lu e Chen, por um lado, e o oficial do MPS, por outro, pareciam ter sido apagadas. Em entrevistas consensuais subsequentes, Lu e Chen admitiram ao FBI que haviam excluído suas comunicações com o oficial do MPS depois de saber sobre a investigação em andamento do FBI, evitando assim que o FBI soubesse toda a extensão das instruções do MPS para a delegacia de polícia no exterior", diz a nota dos investigadores americanos.

Penas

Caso condenados por conspirar para agir como agentes chineses, os homens podem ser condenados a uma pena máxima de cinco anos de prisão. A acusação de obstrução da justiça acarreta uma pena máxima de 20 anos de prisão, segundo a procuradoria.

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