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#NoMarriage: o movimento que está desafiando a Coreia do Sul

Dificuldades na carreira e também para aliviar as despesas da criação dos filhos estão afastando as coreanas do casamento e da maternidade

Mulheres e crianças na Coreia do Sul: país está enfrentando onda de mulheres que estão rejeitando o casamento e a maternidade (Bloomberg/Bloomberg)

Gabriela Ruic

Publicado em 27 de julho de 2019 às 06h00.

Última atualização em 27 de julho de 2019 às 06h00.

Baeck Ha-na trabalha com contabilidade de segunda a sexta. Nos fins de semana, ela é estrela do YouTube na Coreia do Sul , promovendo a "vida de viver sozinha".

Baeck, cujo canal do YouTube em inglês é chamado de “Solo-darity” (um trocadilho com "solidarity", ou solidariedade em inglês), é contra o termo “mi-hon” - alguém que ainda não é casado. Ela faz parte de um grupo crescente e determinado de mulheres coreanas que rejeitam o casamento e a maternidade.

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Tais decisões aumentam os desafios demográficos e econômicos do governo da Coreia do Sul, já que o país enfrenta uma das menores taxas de natalidade do mundo e um déficit da seguridade social cada vez mais difícil de fechar com menos trabalhadores entrando na força de trabalho.

"A sociedade me fez sentir um fracasso por estar na casa dos 30 anos e ainda não ser esposa ou mãe", disse Baeck. "Em vez de pertencer a alguém, agora tenho um futuro mais ambicioso para mim."

Baeck afirma que a abordagem atual do governo enfurece muitas mulheres. Ela argumenta que as recentes iniciativas para aumentar as taxas de natalidade são "abusivas" e "frustrantes", porque não conseguem resolver a falta de meios legais para garantir o desenvolvimento da carreira para quem é mãe ou aliviar as despesas financeiras na criação dos filhos.

Menos bebês

Quando se trata da taxa de natalidade, a Coreia do Sul está no piso dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) na região da Ásia-Pacífico desde 2016, e o índice deve cair ainda mais este ano.

Segundo dados compilados pelo Banco Mundial, Coreia do Sul e Porto Rico empataram com os índices globais mais baixos em 2017: 7 filhos a cada 1.000 pessoas, seguidos pelo Japão e Hong Kong.

Dados da agência nacional de estatísticas da Coreia do Sul mostram que o número de nascimentos caiu ainda mais em fevereiro, uma queda de 7% em relação ao ano anterior. Em 2019, espera-se que o número de mortes supere o de nascimentos, segundo o relatório.

Um outro relatório da agência revela que menos mulheres acreditam que o casamento é uma obrigação. Em 2010, 64,7% das mulheres na Coreia do Sul responderam que o casamento é necessário, enquanto 48,1% deram a mesma resposta em 2018.

Programa de paquera do governo

O governo coreano está oferecendo incentivos para encorajar o casamento e, especialmente, a maternidade. Em Sejong, cidade escolhida como a nova capital administrativa da Coreia do Sul, cerca de 30 homens e mulheres solteiros participaram de um evento em junho. O objetivo era incentivar homens e mulheres solteiros a participar de “atividades recreativas e conversas”.

Baeck, a YouTuber, diz que as políticas do governo “para forçar uma mulher a se casar e a engravidar representam uma percepção profundamente enraizada de uma mulher em nossa sociedade como um objeto, não um indivíduo”.

Ela até se recusa a ser chamada de “mi-hon” ou “ainda não casada”, um termo coreano comum para uma mulher solteira. Baeck prefere "bi-hon", que significa "não se casar, não ter filhos".

Baeck faz parte do EMIF (termo em inglês para elite sem casamento, estou indo para a frente), uma rede criada para que mulheres participem de discussões, assistam a exibições de filmes e realizem eventos de rede.

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