Nobel da Paz 2017 chama Trump a manter acordo nuclear iraniano
Trump anunciaria em breve que não certifica a aplicação pelo Irã dos compromissos assumidos em 2015, segundo fontes
AFP
Publicado em 9 de outubro de 2017 às 20h55.
Vencedora do prêmio Nobel da Paz 2017, a Campanha Internacional para Abolir as Armas Nucleares (ICAN) pediu nesta segunda-feira ao governo de Donald Trump que mantenha o acordo alcançado com o Irã sobre o seu programa atômico para "evitar qualquer conflito".
"Pedimos ao governo dos Estados Unidos que continue certificando que este acordo é respeitado e que continue fazendo parte dele para evitar qualquer conflito ou tensão", declarou a diretora da ICAN, Beatrice Fihn, em uma coletiva na sede da ONU.
Questionada sobre a informação de que Donald Trump tem a intenção de anunciar nos próximos dias ao Congresso dos Estados Unidos que não confirma o pleno cumprimento por parte do Irã de suas obrigações no acordo, Fihn respondeu: "realmente não é o que mundo precisa agora".
"Se isso acontecer, causará muitos impactos negativos. Não vemos nenhuma evidência de que o Irã não esteja cumprindo com este acordo. Pelo contrário, todos, a IAEA (Agência Internacional de Energia Atômica) e os demais signatários do acordo "continuam dizendo que o Irã está aplicando-o", assinalou.
Trump, que acredita que o Irã não está respeitando o "espírito" do acordo nuclear, anunciaria em breve que não certifica a aplicação pelo Irã dos compromissos assumidos em 2015, segundo fontes relacionadas ao assunto.
O acordo alcançado entre Irã, Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha em como objetivo assegurar que as atividades nucleares do Irã tenham um propósito puramente civil. Em troca de sua assinatura, o Irã obteve uma retirada gradual das sanções internacionais que lhe foram impostas durante anos.
Uma lei obriga o presidente dos Estados Unidos a reportar ao Congresso a cada 90 dias se o Irã respeita o texto e se a retirada das sanções que o acompanha continuam dentro do interesse nacional.
Em caso de não certificar, a lei outorga ao Congresso 60 dias para decidir se irão impor novamente as sanções. Se este for o caso, todo o acordo negociado por anos estaria em perigo.